quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Alegria, alegria


Permesso.
Todo mundo tem um dia de porre. Hoje é o meu.
Um porre, um dia que bebi inteiro no copo, misturando elementos incompatíveis, desde a vontade matinal de dormir por mais meia hora (que mais cinco minutos era na época do colégio), passando pelo combate animal para ter razão, até a dor de cabeça causada por problemas intermináveis e por pessoas más. Nossa, como tem gente mau caráter no mundo. Pessoas que querem tirar proveito de qualquer situação, procurando brechas para destilarem venenos, procurando maneiras acrobáticas para fugirem de toda responsabilidade e se possível, até transferirem a terceiros. Por outro lado, como tem gente boa também, gente fina, elegante e sincera com habilidade pra dizer mais sim do que não. Gente que consegue transformar um momento maldito numa benção, pessoas que nos fazem enxergar flores nascendo na imperfeição e que com isso engrandecem a nossa existência e perfumam tudo ao redor.
Mas eu estou longe de todas as pessoas agora. Sou um deserto cheio de palavras. Sou um universo na praia deserta e fria. Chove. Meus pés descalços na areia molhada conseguem manter o equilíbrio do resto do meu corpo e nem sabem o porquê. Agora sou apenas eu e o mar. Não há barulho da velha impressora matricial em uma sinfonia infame, não há chamadas de telefone, não há ringtones, nem carros, nem buzinas, nem ordens, reclamações ou explicações, não há choro, nem velas, não há o som dos teclados nem a campanhinha, não há carros de publicidade nem apregoamento de partes, não há o “barulhinho de aeroporto” da senha (finalmente) no visor do Banco, não há declarações de amor e nem de guerra. Apenas há ressaca. Apenas a ressaca. Capitu tinha olhos de ressaca. Olhos que tragavam.
O mar nos traga e por dento pedimos que algo nos traga a luz, mesmo que inundada.
As palavras, estas não se diluem, pelo contrário, se solidificam e criam vida e forma. Parece que romperam uma represa e voam partindo o ar, e querem me ferir e querem me curar. A frase inesperada e tão clichê... “Amo você”... Eu queria ouvir, porém, não tinha intenção de dizer, nem de sentir. Eu desejei que o amor fosse sexualmente transmissível, mas o sexo só transmite doenças... Embora se morra mais de amor do que de sífilis. O amor em formato mínimo... O grande amor que vence a morte. Amor, ramos, Roma e romã, tudo no meu copo. Orientações tributárias, desperdício, e-mails, a fome das três da tarde, o café pequeno, a saudade, tudo no meu copo. As baratas, a cidade alagada, o céu cheio de estrelas acima das nuvens que choram, seus olhos que mudam de cor como camaleões, tudo no meu copo. Minha armadilha e meus descuidos, todos os papéis sobre a mesa, contratos e tratados, o cinema cancelado, as contas pra pagar, a poesia da 3º Ponte, tudo no meu copo. Entorno. Já estou ébria. Quando a onda vem (mais quente do que eu esperava) espumante e sem fúria, a vida perde o sentido. Por um instante todas as coisas não têm sentido nenhum, nenhum, nenhum... É um instante de absoluto silêncio onde o nada existe. Então a onda retorna ao mar e tudo volta ao real, como uma coisa só, com um completo, absurdo e quase insuportável sentido que vem e sempre volta, como a náusea, como os carrosséis, como os nossos erros.Neste momento, perante o mar, eu rio.Nesse meu sorriso cabe o mundo inteiro, baby...
*
*
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não?
(Caetano Veloso - ALegria, Alegria)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Paródia!

Pense naquela musiquinha do Roberto Carlos que a Adriana Calcanhoto canta,
"Por isso Corro Demais." Então, pensou? Agora é só ler o post pensando na melodia dela!!Hehehe
*
Oferecimento: Chocolates Cacau Total!!!
Você come, não dá espinha e nem vai te fazer mal!
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POR ISSO CORRO DEMAIS, UAI!
Meu bem, a cada instante em que eu começo a pensar
aumenta a vontade que eu tenho de postar
então eu corro demais
corro demais
corro demais
só pra escrever

E você ainda me pede, fala que não é assim
Diz que o texto tá grande e que precisa de um fim
então eu sofro demais
corro demais
sofro demais
só pra escrever...

Se você de vez em quando vem aqui pra comentar
Eu fico mais disposta para um post imaginar
Esqueço até de tudo, não vejo o tempo passar
Mas se chega a hora em que começo a trabalhar
Corro pra depressa, o meu texto publicar
Então, eu corro demais,
sofro demais
Corro demais só pra escrever
Meu bem!

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Gente, paz pra todo mundo, muita luz para quando estiver escuro e não esqueçam de levar o casaco ao sair! E as sombrinhas e guarda-chuvas! Sopro de Eves!

sábado, 15 de novembro de 2008

Inquietude

Já não consigo conservar a mesma forma
Sou matéria em constante alteração de estado.
Meu RG é o mesmo, mas muitos números mudam.
Tantos já mudaram...
Novamente as formigas de fogo atormentam minha acomodação.
Incomodam.
Mudo de roupa, mudo o cabelo, o layout do blog...
Só não faço o que é preciso.
E seria preciso parar.
Parar para continuar seguindo.
(A gente sempre pára para ajeitar as sacolas!)
A Avenida é silenciosa em dia de feriado.
Meu coração faz barulho, pedindo para que eu pule no precipício.
Mas que tolo, eu não vou pular!
Ele tá achando que é o Rei da cocada preta?!
Rs. Ele é que não sabe que minha república já foi proclamada há muito tempo.
Antes da sístole ou da diástole.
Bem antes do lançamento do MP9 e do sorvete de açaí com calda de banana.
Eu não gosto de açaí.
Eu sou uma caneta bic antiga, daquela gordinha, azul e branca, com quatro cores.
Eu sou alguém que precisa sair daqui pra fazer algo que tenha sentido.
Pra variar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Enfim...

Eu não sei como foi acontecer.
A tentação foi maior e mesmo sabendo dos riscos eu segui em frente com ela.
Ela se apodera de mim de uma forma tão intensa, que quem me olha, enxerga quase que apenas ela.
Não foi porque eu permitisse. Na verdade eu não a queria.
Preferia que ela nunca tivesse surgido em minha vida.
Pôxa, logo agora?!
Tem até quem diz que já passou do tempo de isso acontecer comigo.
Não sei se é exagero, mas talvez precise procurar um especialista que me oriente como lidar com o antes, o durante e o depois dela.
Ela cresce a cada dia dentro de mim, à minha revelia.
Não há como oculta-la.
Não existe artifício para que ninguém saiba que ela está comigo.
Eu quis expulsa-la a força de dentro de mim, mas dói.
Tentei métodos menos ortodoxos, mas ainda sim, dói.
Não sei se o tempo pode cuidar disso melhor do que eu.
Temo que depois que ela se for, fique marcas em mim.
Confesso, no entanto, que não sentirei saudades. De nada.
Sentirei apenas, como de fato sinto, um amargo arrependimento por ter ousado tocá-la.
Bem que minha mãe dizia que quem não bole em espinha nunca vai se dar mal!!!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Um caleidoscópio

Como cada célula que compõe a pérola
Eu, você e nós
somos um no verso
Preciosos elos ligando histórias
Teceremos fios de luz
Para um colar brilhante

Como a partícula ou um por um dos átomos
Eu, você e nós,
somos universos
Preciosos selos findando capítulos
Nós seremos raios de luz
Para reinventar os inícios

Se acaso a sombra invadir
A sua casa e dividir
Cores e palavras, sonhos e sorrisos
Quando o vento espalhar
Frases sem explicação
Redes e retalhos, tardes sem sentido

Eu, você e nós
Seremos o inverso
Para iluminar o instante

Pedacinho meu
Aonde você vai?
Claros jogos de espelhos
Rotação e mutação
Esperando o tempo remover as cicatrizes
Esperando encontrar no pote o arco-íris

Fragmentos mil
Soltos pelo ar
Lâminas e cortes, cola,
Amor e sol nascente
A vida vem de formas diferentes
Com o dom que lhe é próprio
Oferecer as peças para você montar
O seu caleidoscópio
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Eu, que sou meio analfabyte, não consegui colocar a musiquinha em La menor pra tocar aqui. Foi inspirada numa frase de Maria Carla no post Fragmentos da Karen, Flor do nosso jardim.
Me fez pensar sobre a utilidade dos cacos e escombros.
Tudo está em tudo e tudo é reconstrução.
O mundo não é inerte. É sombra, luz e mutação.
Eis a beleza da vida.
Que cada um saiba montar o seu caleidoscópio!
Sopro de Eves!

Michele


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Estamos trabalhando nas frestas do tempo,
tentando mudar o mundo sem os moinhos de vento.
Deixando que as coisas fiquem
diferentes do que foram antes
Com exceção das bolinhas vermelhas
e da manada de elefantes!
Você está no sBLOGonoff!
Welcome