segunda-feira, 30 de março de 2009

Pode ser que sendo não seja, mesmo assim, é o que é. Esses são dias de luta

Se sou eu ainda jovem, passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção, o que cantarei depois?
(Ira)

Ás vezes eu queria que o tempo acelerasse uns 10 anos de uma vez, pra eu rir disso tudo.
Mas tudo isso passa como tudo na vida: Não passa adiante apertando um botão
É preciso lidar com a lógica e é preciso paciência para lidar com a lógica, com a ordem cronológica.
É preciso saber sambar na cadência pra não perder o compasso pra não criar ilusão, pra não sair da ciranda.
Ás vezes eu fico nivelando com dores que considero maiores que as que sinto
E digo: eu até que to bem!
Busco alegrias nas frestas do tempo.
Coisas que eu não encontraria se fosse como eu queria: acelerando aqueles 10 anos...
Então vem a vida e surpreende com mais flores e luz que eu mereço.
Nessas horas, o que sinto não tem preço
Eu tenho pressa, a correria embarga o ócio
A fome dos meninos na tv quase me aniquila*
Mas é preciso progresso em minha vida e um pouco mais de ordem no meu quarto.
Queria um motivo pra fazer uma piada, mas a vida por si só já tem graça.
Mesmo que de graça apenas alguns sorrisos.
Se eu dormir agora, é confortante saber
Que amanhã a manhã virá.
Lá vem mais outro outono...

se meu filho não nasceu, eu ainda sou um filho...

* Reportagem do Fantástico, sobre uns meninos em Goiás que vão pra escola só pra comer uma merenda que chega como que por um impulso milagroso. Eu sei que tem isso aqui bem perto de nós, né Elga? Mas por mais que o mundo tenha suas dores, os problemas que temos são imediatos. E precisam de uma posição de ação ou inércia de nossa parte. É assim que é, cada um no seu quadrado com a cruz que lhe cabe...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Coceira

Talvez porque eu não pense em mais nada diferente.
Tudo ficou meio disperso na ordem de minha confusão.
O cubo mágico se moveu mais uma vez e eu já estou em outro quadrado.
Somos multigeométricos.
Inexatos demais para cabermos em qualquer fórmula.
Nós todos os que aqui postamos.
Eu, você, você e você também.
O que é que a gente realmente quer?
Hoje eu não sei de nada.
Os pernilongos que devoraram minha perna sugaram a inspiração que havia e infectaram algumas respostas.
Olha só, tenho uma constelação na perna!
Li que eles se guiam pelo cheiro.
Dane-se todos os pernilongos e seus olfatos.
Hoje tudo o que fez sentido foram as risadas do Ian.
As primeiras de muitas.
Menininho, você com sua risada banguelinha nem imagina o que passei, o que passo, o que tenho que consertar...
Você nem imagina como o mundo precisa ser consertado.
Mas o que importa agora?
Eu tenho as pernas firmes e você, o mundo inteiro.
Nós somos os "Sultains of swing"!!!

domingo, 1 de março de 2009

COMA

É engraçado pensar no ato de comer.
A procura pelo alimento é natural e instintiva. Todo animal racional ou não, sabe que precisa de alimento para sobreviver.
Comer, comer, é melhor para poder crescer!
O que se come, inclusive, classifica-nos biologicamente.
O ser humano come de tudo, come até gente, viva ou morta, luxuriosamente ou em tragédias como nos Andes, antropofagicamente, no meio do mato!
Dependendo do prato, você transgride e subverte. Filmes como “A Festa de Babete” (que acho excelente) ou Chocolate mostram bem isso.
Leões não ligam se sua carne está bem ou mal passada, se está temperada ou insossa. Nós, seres humanos, somos mais seletivos no paladar e ao longo do tempo rebuscamos nossos livros de receitas com a criatividade do possível e do reprovável.
Até Leonardo da Vinci foi um gourmet.
Em Nova York, existe um Clube dos Exploradores, que comem (de beca e vestidos longos) lesmas, baratas, vermes, tarântulas fritas, e confessam que é delicioso.
Devem fazer jejum antes de um banquete assim!
Em certos momentos, eu só penso em comida, em receitas. Isso acontece quando a fome aperta e estou longe de poder comer. Acontece no meio do trabalho, quando estou voltando pra casa... As receitas giram ao redor da minha cabeça e tenho ilusões de Zeta Jones, em “Sem Reservas”. Mas agora, tudo é deletado da idéia. Minhas antigas preferências são eliminadas do menu pelas borboletas cáusticas que voaram em meu estômago, e agora preciso aplaudir os cream crakers.
Nunca fui muito seletiva (lê-se : fresca) para comer. São poucas as coisas que excluo do meu garfo.
Mas foram tantas emoções que meu estômago não agüentou e apelou: aqui não entra mais suco de laranja, não entra mais massas, não entra catchup nem tomate, não entra coca cola, não entra morango, abacaxi, café, e lá se vai a lista. Todo mundo está barrado.
E é por isso que venho tendo pesadelos com batata frita e bacon.
Eu também nem queria mesmo.
Lesmas flambadas, caviar, arroz com feijão, sobremesas, pão de queijo, relacionamentos, problemas do escritório, mentiras e pipoca colorida, no fim ...
*
...TUDO VIRA BOSTA
*
(Moacyr Franco)
**
O ovo frito, o caviar e o cozido
A buchada e o cabrito
O cinzento e o colorido
A ditadura e o oprimido
O prometido e não cumprido
E o programa do partido
Tudo vira bosta...

O vinho branco, a cachaça, o chope escuro
O herói e o dedo-duro
O grafite lá no muro
Seu cartão e seu seguro
Quem cobrou ou pagou juro
Meu passado e meu futuro
Tudo vira bosta...

Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...

Filé 'minhão', 'champinhão', 'Don Perrinhão'
Salsichão, arroz, feijão
Mulçumano e cristão
A Mercedes e o Fuscão
A patroa do patrão
Meu salário e meu tesão
Tudo vira bosta...

O pão-de-ló, brevidade da vovó
O fondue, o mocotó
Pavaroti, Xororó
Minha Eguinha Pocotó
Ninguém vai escapar do pó
Sua boca e seu loló
Tudo vira bosta...

A rabada, o tutu, o frango assado
O jiló e o quiabo
Prostituta e deputado
A virtude e o pecado
Esse governo e o passado
Vai você que eu 'tô cansado'
Tudo vira bosta...

Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta...