sexta-feira, 27 de novembro de 2009

... mas eu fui um espermatozóide dinâmico!


Depois da chuva, surgiram esses piolhos de cobra por toda parte.
Vê se pode, chamar uma coisa dessa de piolho de cobra?!? Pelas dimensões do bicho, seria piolho só de anaconda. Ana Conda Drácula! (Anéim!) Foi péssimo, né?!! Cobra nem tem cabelo pra ter piolho. As cobras são carecas. Alguém conhece alguma cobra cabeluda? Ops... Esse trem ta ficando feio e ambíguo. Deixa pra lá. Mas eu sei lá de onde é que saem certos nomes. E nem de onde é que surgem esses bichos. O jardim está cheio deles, geração espontânea!! A propósito, esse jardim... Minha mãe deixou a casa com o jardim pra eu cuidar. Eu rego toda manhã, mas não tenho a mínima idéia de como é que poda, que aduba. A grama parece selva. Tem aranhas e flores. De tudo o que minha mãe me passou, jardim é o que eu menos sei fazer. Eu alimento o gerbil, cozinho, cuido da casa, incluindo banheiro, coisas que achavam improvável, mas não sei cuidar bem do jardim. Mamãe falou que o jardim era terapêutico, que eu podia aprender muito sobre mim... Mãe, eu não aprendi nada sobre mim ali, a não ser que sou preguiçosa. E eu não quero aprender coisas que eu não vou gostar (!!!). Eu não gosto de saber que sou preguiçosa pra certas coisas. Por exemplo, tenho preguiça danada de gente que acha que sabe tudo. Tenho preguiça de explicar porque eu não apareci no aniversário, no casamento, no chá de panela, tenho preguiça de dar uma resposta quando sou pressionada, e nesse calor a preguiça se intensifica tanto, que eu preferia ser líquida e esparramar no chão da praia. E a preguiça que me dá de mim?!! Li alguns textos antigos desse blog e acho que os novos parecem uma repetição requentada morna ou fria de tudo o que eu fui de melhor e mais dinâmico um dia. "So when you're near me, darling, can't you hear me SOS" Estamos sendo cozinhados no caldeirão do mundo e nessas condições, os downloads do meu cérebro costumam ser mais lentos mesmo. Do cérebro e do corpo inteiro. Ainda não penso em me adequar às novas regras ortopédicas, aliás, ortográficas. Não é por revolta nem por resistência às mudanças. (Na verdade eu não vejo tanta utilidade na mudança, além de ser incômodo e caro.) Mas minha recusa não é por nada nobre não.
É que o uso do novo português será obrigatório apenas em 2012 e caso hollywood e os maias estejam certos, o mundo também acaba em 2012 e assim eu terei evitado a fadiga!!
*
Estrelinhas pro Jaiminho do Chaves, pro ABBA (S.O.S) e logo abaixo, pro Sr. Arnaldo, pro Sr. Carlinhos e pra D. Marisa!
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Pecado é lhe deixar de molho
*
Falados os segredos calam
E as ondas devoram léguas
Vou lhe botar num altar
Na certeza de não apressar o mundo
Não vou divulgar
Só do meu coração para o seu

Pecado é lhe deixar de molho
E isso lhe deixa louco
Não, eu não vou me zangar
Eu não vou lhe xingar
Lhe mandar embora
Eu vou me curvar
Ao tamanho desse amor
Só o amor sabe os seus

Não, eu não vou me vingar
Se você fez questão
De vagar o mundo
Não vou descuidar
Vou lembrar como é bom
E ao amor me render

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A caravana da coragem e o meu sabre de luz

Em algum lugar, ficaram apenas pó de estrelas.
A vida nos aniquila e nosso trabalho é reconstruir.
Constantemente.
Com caleidoscópio, pá e cimento.
Decobrir que no final das contas, o amor era a resposta pra tudo.
O universo é infinito.
O planeta Terra e tão pequeno.
Ah...
É só mais uma tarde quente de primavera.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sem making off.

É uma merda.
Contudo, acontece.
Nas retrospectivas que fazemos em tudo o que ocorreu até o presente, às vezes constam cenas que gostaríamos de deletar. Ou mesmo refazer tudo e inserir falas e posturas melhores. Mas a vida não é um filme, não é mesmo? Pode até se parecer com um, principalmente quando representamos algo que não somos, no entanto não há claquetes, ensaios, maquiagens ou dublês. É tudo por nossa conta e todo momento é de ação... ou omissão!
Mas juro, juro que em algumas ocasiões eu gostaria de uma repetição melhorada, onde eu pudesse voltar e dar a resposta ágil, brilhante, vigorosa!
Quantas vezes eu já me martirizei por ser tão desbotada, tão hesitante, tão gaguejante, tão tola, quando segundos depois eu conceberia a fórmula que me tornaria “hipoteticamente” virtuosa, perspicaz, sagaz ou sarcasticamente interessante? Anéim!!!
Aprendi com meu irmão, sem ele nem saber que estava me ensinando, que é preciso ter desapego. Desapego dessas ilusões de perfeição, desapego do que é cena antiga. Não há nada que se possa fazer para modificar o que já passou. Como diz a música dos Engenheiros: É impossível repetir o que só acontece uma vez”. O que temos ao nosso alcance é tudo que se situa no presente como pedir desculpas, se retratar, fazer melhor na próxima, relaxar e aceitar o fato de que não deu dessa vez. Podemos provar em outras circunstâncias (mais para nós mesmos que para os outros) que somos melhores que “aquilo”. Na ausência de alternativas mais felizes, é necessário assumir o fato de que naquelas condições de temperatura e pressão fizemos o que nos era possível. O desapego consiste em não sofrer por causa disso, ou ficar assombrado com aquela frase “por que é que eu não pensei nisso antes?”, até ter medo de dormir.
Ora, fomos o que demos conta de ser. Auto-flagelação além de desnecessária, não vai modificar o que já passou.
O melhor é assumir o que se é e não se preocupar exageradamente com o que deveria ser. Inevitavelmente cometeremos ao longo da vida alguns erros idiotas dos quais nos arrependeremos depois, o que não quer dizer que somos um fracasso. Significa apenas que somos humanos. A culpa é o inferno. Paralisa e impede contornos e progressos. A verdade que assumimos liberta e impulsiona.
Porque nós sempre podemos ser melhores que agora. Não é?!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Notas sobre o escuro

Chegamos sozinhos no mundo.
E saímos dele da mesma forma.
Mesmo assim, nossa passagem por aqui só tem sentido quando estamos com outras pessoas, quando compartilhamos nossas vidas.
Porque quando chegamos, invariavelmente há alguém que nos acolhe.
E quando partimos, quase sempre fica aqui alguém que sentirá a nossa falta.
Isso é coisa que todos nós sabemos e que de vez em quando alguém diz por aí.
Mas eu só falo disso, porque agora estou sozinha fisicamente, e nem fui eu que escolhi exatamente assim. Gosto de momentos de solidão, mas amo gente, amo pessoas, adoro abraços e beijos de boa noite. Meus pais se mudaram, meus irmãos se casaram, o irmão solteiro mora longe, e meu casamento aconteceu e desaconteceu quase mais rápido que uma goma de mascar na boca. E foi a partir de então que eu vi que era comigo que a vida teria que seguir. Tipo, “Marvim, agora é só você...” Eu poderia ter consolo, mas ninguém sentiria minha dor. Eu poderia ter abraços reconfortantes, mas nenhum deles poderia mudar meu destino feito mágica e de repente afastar o cálice que me cabia. Mais do que nunca era a minha vida e pela primeira vez eu decidi que teria que ir pra longe da minha família. Sozinha. E eu morria de medo disso. De uma certa forma, fui criada pela D.Galinha Cuidadosa e pelo McGyver. Não havia problemas que eles não resolvessem, mesmo os meus. Quantas vezes meus irmãos já me tiraram de sérias enrascadas em qualquer hora do dia, da noite ou da madrugada?!! Mas eu tinha que provar pra mim mesma que conseguia sozinha, que eu não era mimada e nem era incapaz. Então eu fui. Pareceu fácil num mundo de celular, internet, telefone, vôos promocionais e asfalto. Mesmo assim, Deus facilitou pra mim, porque lá longe encontrei outra família pelos laços do coração, encontrei proteção e encontrei um novo amor (que infelizmente não pode estar aqui comigo). Nunca me senti só e isso acabava me deixando um pouco dependente. Agora eu volto e o panorama está diferente. A minha casa está vazia e quando a madrugada se aproxima, os únicos barulhos que ouço são os estalidos dos móveis ou ruídos de insetos lá fora. E cara, morro de medo do escuro! Durmo com o timer da TV ativado, e se preciso ir ao banheiro, acendo todas as luzes. Um barulho diferente faz minha barriga esfriar. Minha vizinha já me convidou pra dormir em sua casa, e no início eu até aceitei. Outras vezes, vou pra casa da minha irmã, onde tem gente, gato, cachorro, coelho, crianças, barulho!!! Mas aquela lá é a vida dela, e essa aqui é a minha. E então eu estou aqui pensando que sempre tive medo das coisas. Pra começar, demorei pra nascer, e fiz minha mãe sofrer em tratamentos para a gravidez ir adiante. Segundo ela, eu tive medo do mundo. Mas nasci e, droga, tinha um monte de coisas que eu precisava enfrentar por aqui. Eu tinha medo de ser chamada atenção na escola, então sempre fui aluna padrão. Nunca colei até a 8º série, juro, mais por medo que por princípio. Tinha medo de bonecas. Tinha medo delas ganharem vida, por isso nunca quis ter uma Barbie. Nunca disse ao garoto que gostava do Nirvana que eu gostava dele. O nome dele ta gravado no meu violão até hoje: Reinaldo! Ele próprio escreveu seu nome com a ponta de uma chave no meu violão novinho (na época) e eu não disse nada. Eu o ouvia tocando as músicas do Nirvana todas as noites e nem coragem pra dizer que não gostava de Nirvana eu tive! Às vezes, acordava no meio da noite com medo de meus pais morrerem e ia bater na porta do quarto deles. Adormecia na cama deles e acordava na minha! Mágica!Rs! Tive medo de notas vermelhas, por isso agüentei a pecha de CDF por vários anos e conquistei um passado todo azul. E eu tinha medo, tinha medo e tinha medo. Nem sempre eu era boa. Às vezes eu era só medrosa. Algumas vezes o medo me impulsionava, outras vezes travava a minha existência como um segurança ameaçador na porta de um lugar que eu queria muito entrar.
E agora eu estou aqui, sozinha, me apaixonando outra vez pelo Matt Damon (amor, você não precisa se preocupar com isso! O Matt Damon não existe de verdade, ta?!) e descobrindo que no silêncio, tomar coca-cola é deixar o mar entrar na sua boca e modificar toda a sua existência durante aquele instante. Tentem isso em casa e perceberão que o som da coca cola é o encontro do mar com a areia. Boca litorânea. Eu daria muitas coisas para estar no litoral agora e dormir de conchinha, mesmo nessa primavera quente. No entanto, tenho mil dragões para vencer e não quero ser covarde com minha existência, não quero mais morrer de medo. A essa altura, não acho que isso vá mudar. Eu sou cheia de medo, até escorrer nos olhos, até ressecar a ponta do cabelo. E tem gente que me acha corajosa! (...)
Mal sabem que as decisões que tomo passam por um milhão de hesitações até se concretizarem. Coragem não significa ausência de medo. Significa não fugir quando é necessário estar presente. Significa não desviar os olhos quando é necessário encarar.
Quando o filme acabar, eu vou desligar a TV e vou dormir.
Porque há sim o que temer. Por toda parte. Viver é perigoso. O mundo é repleto de perigos e ameaças.
Mas eu não sou indefesa. Ninguém é. E eu sei que existe em mim um dispositivo que me fará passar por mais uma noite sozinha, porque ele já me fez passar por muitas coisas que achei que não seria capaz antes. Essa idéia me ilumina.
Quando algo nos ilumina, o escuro não parece mais tão assustador assim...
*
*
Estrelinhas para os Titãs, pra Jesus e Chico Buarque, pro Matt Damon no filme O Bom Pastor e pro Guimarãe Rosa em Grande Sertões: Veredas.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vesúvio


O expresso do oriente rasga a noite, passa rente e leva tanta gente que eu até perdi a conta. Eu nem te contei uma novidade quente. Eu nem te contei. Eu estive fora uns dias...

(Uns Dias - Paralamas)

Pobre Pompeia...




Eram como flechas.
Desvia-se por instinto de conservação.
Não exatamente por algo que valha a pena conservar, mas por uma coisa invisível que faz com que a nossa sanidade não ultrapasse a linha do aceitável.
Que coisa é essa que não nos deixa enlouquecer?
Algo que absorve a mínima vontade que temos de vez em quando de explodir o senado ou de que o Vesúvio petrificasse o mundo novamente?
A gente vê essas coisas, esse vômito todo dia e caminhamos no meio desse lodaçal fétido e viscoso tentando encontrar flores, perfume e talvez, com algum esforço e imolação, um arco íris no fundo do pote de ouro (não importa se essa seja a lógica ou não.).
Garotas e seus micro-vestidos acadêmicos, adolescentes rebeldes, a pulsão assassina e entorpecedora dos morros, das zonas e da zona sul. Primeira classe, classe média, classe anã, subúrbio aristocrata, miséria e planos de governo. Esse egoísmo que entra em erupção a cada hipótese improvável, a cada rio que precisa ser transposto para que todos tenham água.
Qual é a minha opinião sobre a pena de morte, sobre o aborto, sobre a eutanásia, sobre o funk, sobre a castração química, sobre a venda voraz de antidepressivos, sobre o apoio do governo nacional à Venezuela, sobre o vestido de celebridade na cerimônia do Oscar e na noite de autógrafos do novelista em evidência? O que acho do fato de a Suzana Vieira querer ser desejada e não amada? O que tenho a dizer sobre a homossexualidade, sobre a fidelidade, sobre a monogamia, sobre orgias, sobre política, sobre amor, sobre reencarnação, sobre criminalidade, sobre loucura?
Percebe? São milhões de informações que recebemos por dia. Algumas nos atingem como flechas, outras não.
Algumas mudam nossa forma de viver, de ver a vida, de pensar e de vestir, de andar e de consumir, de morrer e de escrever um post. E outras são simplesmente ignoradas, vão virar adubo para uma nova civilização. O que nós absorvemos é realmente o que presta? O que vale a nossa indiferença é realmente lixo?
Sei lá...
Essa noite eu e o Leo fizemos uma cabana com edredon e cabo de vassoura e são coisas assim que fazem com que meu desejo de vulcões aniquiladores seja apenas uma efemeridade.
E a Moura torta também?
E a Moura Torta também.

Leo

Oi gente, estava com saudades de vocês e de postar. Talvez essas não sejam as palavras adequadas para um retorno. Eu não quis ser pessimista agora! É o contrário. Apesar de todos os pesares, há sempre algo pelo qual vale a pena continuar acreditando no bem, na luz e no incrível...
Sopro de Eves!