terça-feira, 30 de março de 2010

Hey, João!

As regras que criamos são às vezes tão bizarras...
E por serem reiteradas vezes tão bizarras, passam a ser normais.
Ouvi por aí que quem pergunta demais corre o risco de ouvir mentiras.
E o pior, isso é verdade.
Por outro lado, não perguntar é viver o desconfortável conforto da dúvida.
A dúvida, o preço da pureza.
A gente tenta decifrar silêncios, decodificar o que uma simples pergunta poderia resolver. Todavia, a resposta poderia nos metralhar. Quem tem estrutura para tanta verdade?
Quem é kami-kase?
Pra que tanta franqueza?
Será que isso tudo é mesmo necessário?
Dizer realmente o que sentimos, o que pensamos, o que de fato está acontecendo?
Uai, tem coisas que a gente sente, que a gente vive e que simplesmente não dá pra compartilhar com quem a gente ama, gosta, quer bem, tem apreço.
Porque ia demoronar tudo.
Será que vale mesmo a pena sacrificar as relações por uma ética, por uma moral, por princípio?
Desfazer de todas as máscaras pode ser o caminho para um exílio, uma redenção tão improvável a ponto de fazer com que queiramos retirar o que dissemos só pra não sucumbirmos na solidão.
Sozinha com meus princípios.
A gente não se preparou para tantas verdades.
A gente ainda se ilude de propósito.
A gente quer ver o luar.
A gente precisa ver o luar.
Raios dessa Lua que nem luz própria tem.
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Estrelinhas para Sartre, Engenheiros, filme The Wonders, Gilberto Gil e para os nematelmintos.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Couve, vê, ouve, cool

E ela lá...
Mais perdida do que a bala que procurava no fundo do bolso.
Seguia os compassos da música ambiente.
Tentava, mas não conseguia conter os pensamentos indecentes que se disseminavam em sua cabeça.
Eram como um vírus letal e eram tão torturantes quanto gotas pingando lentamente de uma torneira estragada.
Mas era confortável. Confortable Numb.
Chovia. Fazia sol.
Choques térmicos.
Unhas rosa choque.
Chocolate de sobremesa.
Mensagens no celular.
Decoração fora de esquadro.
Não suportava quadros tortos na parede, talvez para compensar a própria tortura que era não agir com retidão.
Na verdade, nem existe linha reta. Tudo é simples ilusão de ótica.
Ponto. Reta. Plano.
Seu plano era uma ilusão.
Será que seu plano é bom?
Será que ele se conclui?!
Seu plano era cheio de curvas e declives.
De claves de sol. The Beatles.
Ia embora.
Levantou. Quis ser provocante.
Sorriu pro garçom...
Conversou alegremente com o caixa.
Foi ao banheiro.
Mas que droga.
O espelho era uma afronta.
Estampou a verdade e foi cortante.
Aquela couve.
E ela havia tentado ser sexy lá fora.
Mas que droga de novo!
Não dá pra ser sexy com couve entre os dentes...
@
Estrelinhas para Pink Floyd, Gatas Extraordinárias, Seu Zé que vende doce, Palito - o Garçom, Paulo Mendes - o contra-regras, Avelar - maqueador, Xuxa por "Pera, Uva, Maçã, Salada Mista", Zeca Baleiro, por Bandeira, que não vem ao caso, mas enfim...



quinta-feira, 18 de março de 2010

Quinta

O dia cerrava as pálbebras de vez em quando.
No intervalo entre a vigília e o sono, a cabeça pendendo pra frente dava a impressão de que o dia se dividia em 2: um nesta, outro em outra dimensão.
Em dias assim, é melhor não correr, não decidir, não olhar pra trás.
O banco de trás cheio de balões coloridos.
A porta da frente cerrada.
O vizinho ao lado não cortou os galhos que invadem meu quintal.
Sobre mim não há nenhum corpo.
E não quero mais coca-cola.
Parece papo de bêbado ou de doido isso aqui, né?!
Eu fico uns tempos sem postar, chego aqui e escrevo frases desconexas...
Acreditem, tudo significa algo, mas às vezes é preciso saber de antemão qual figura forma esse quebra cabeça.
Se for uma tela de Dali, "ai, Jesus!", aí a coisa se complica.
Aí o pernilongo (somente a fêmea) pica.
Aí o Pernalonga e o Pica-Pau.
E aí tudo pode acontecer de novo pra você...
Palpite!!!
*
Ankh, tava com saudades de você nessa vida. Tava com saudades da Sala de Origami e da vida no universo paralelo. Nostálgica!!!

terça-feira, 2 de março de 2010

Chat noir, Chat blanc

Quase um yin/yang!

Sou um animal sentimental, me apego facilmente ao que desperta o meu desejo...

Uai...
Porque a vontade é uma coisa.
Às vezes vem como um tsunami e há pouco o que podemos fazer a respeito.
Ela é como o sentimento.
Entra, se instala, e a alternativa que nos resta é decidir o que fazer depois.
A vontade não tem um censor nem sensor que analisa ética ou moralmente o que ela é ou vai ser.
Ela tem existência autônoma, e não vai desaparecer apenas se fingirmos que ela não nos ocupa a ponto de esquentar o estômago nos impulsionando às escolhas.
É aí que está.
Não há como se debater contra a vontade, porque perderíamos todos os rounds, isso quando não formos a nocaute no primeiro assalto.
Mas a escolha sim, está completamente em nossas mãos.
O que vamos escolher já que temos a vontade?
Vou levar um Choquito ou um Diamante Negro?
Vou para a praia ou para as montanhas?
Levanto agora ou daqui a 5 minutos?
Pois é, eu sei, vocês sabem que cada escolha implica uma renúncia.
Até o Ian, meu sobrinho caçula sabe disso.
Basta saber que poderemos pagar o preço pela escolhas que faremos.
Sim, porque nenhuma escolha é tão free assim, mas podem ser sofridas.
Tudo tem seu preço!!!
E nem tudo é tão simples.
Nem sempre é possível renunciar à vontade em prol de princípios, crenças, essas coisas bonitas dos evoluídos.
Sabe, gente, vontade represada é um troço perigoso, porque a gente abre as comportas e a pressão nos arrebata para outros lugares, esferas, universos paralelos...
E depois é a água. Salve-se puder, flutue quem sabe boiar!!!
Essa água nunca lava, mas limpa de qualquer maneira, no entanto, a qualquer hora do dia ou da noite, os gatos negros, os gatos brancos e outras cores de gatos que se banham nessa água, a gosto ou contra-gosto, quando saem de lá, continuam pardos, à própria revelia. Todos.
*
*
Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?
Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo.

*Estrelinhas para Legião Urbana (Sereníssima) e Zé Ramalho (Pepitas de Fogo)