quinta-feira, 24 de junho de 2010

CO(META) QUE CAI NO MAR

Eu não sei o que é...

Tenho um fascínio por noite de São João, a noite mais longa do ano.

Sinto como se forças cósmicas me fundissem ao frevo, como se o pó das estrelas se misturasse com a poeira do sertão e mamulengos fossem cair de discos voadores e dançarem ao chegarem a superfície do planeta!

Esta é a noite do meu amor.

Costumava chamar assim.

Essa noite tem um certo “quê” de mistério que me envolve e sempre me envolveu. Acho que vem do meu passado pagão.

O som das guitarras desce cortante entre os triângulos iluminados que cintilam na via láctea. O mundo é o meu caminho e eu sei que estou aqui com todos, fuçando nas frestas pra encontrar felicidade.

A felicidade é a nossa busca maior, por mais quimérica ou utópica que pareça. Estamos aqui buscando maneiras de aliviar a dor, o peso, a carga, a massa. Queremos alívio e prazer, queremos sorrir.

Não acho provável que alguém queira estar triste de propósito.

Então a gente mexe e se ajeita, erra e se arrebenta, mas se contenta com as faíscas que o encontro nos proporciona. E Deus, eles valem por uma vida inteira, e tantas vezes povoam lembranças através dos séculos.


E estes livros todos não são pra nos dizer que a felicidade é nossa meta?

O que é a realização, a paz, o amor se manifestando, senão a felicidade?!

Sim, nós sabemos que a distância que nos separa dela é longa, mas suportamos o resto das vivências, das conseqüências, dos desaventos, porque sabemos da poderosa força dos poucos momentos felizes que tivemos ao longo da vida.

E porque queremos mais.

Herança da fusão do universo. Tudo está em tudo, eu estou nos anéis de saturno, você está em meu coração. Hoje a vida se move diferente, será noite de São João!

Música pra acompanhar:

Galope Rasante do Zé Ramalho

"A sombra que me move, também me ilumina..."

terça-feira, 15 de junho de 2010

Desiderato

No mínimo um obstáculo.
Sem placa de identificação.
Alvo de cogitações variadas.
Porque aquilo brotava do chão (?), valha me Deus!
Meu clã possuía normas a seguir.
Lembretes de resignação.
Mas meu coração vulcânico queria apenas transpor.
Aquilo.
Ali.
Uai.
Então corri pelas ruas frias da cidade.
Com meu pouco fôlego.
Sob as bandeiras enfeitando as ruas, perto dos postes de luz da Cemig.
Sob as tirinhas de plástico verde e amarelo esvoaçando.
Queria tomar impulsão e saltar sobre aquilo.
Ali.
Um salto olímpico.
Ocorre que o trânsito intenso e anormal a essa hora atravanca meu intuito.
É preciso esperar para atravessar.
É preciso olhar para os lados e não morrer.
É preciso ter força, é preciso ter graça, é preciso ter gana sempre...
É preciso respirar ás vezes, deixar o ar circular, ventar por dentro.
Cara, esse frio todo e ninguém ao lado na cama de manhã.
Desperdício geográfico.
É como se alguém estocasse chocolate e não houvesse ninguém lícito para consumir.
O mundo tem dessas coisas.
Dessas dessincronias.
E eu já perdi tanta coisa pelo caminho, que se voltasse atrás para recuperar, seria uma outra espécie e não essa pessoa estranha que sequer sabe o que é aquilo. Ali.
*
Estrelinhas para Maria, a Maria.