segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Os ventos às vezes erram a direção

Quando o simples já é tão complicado, o melhor é colocar as flores numa jarra e a jarra no centro da mesa, a mesa no centro da sala e as idéias em ordem dentro da cabeça.
O importante fica no centro e o acessório em órbita.
Quando o simples já é tão complicado, o melhor é um filme ao entardecer.
Compartilhar o dia e a mesma vasilha de pipoca, comentar um poema que fala de amor de um jeito que você já viveu.
Quando o simples já é tão complicado, é melhor não inventar uma acrobacia, uma aventura de consequências previsíveis
de previsão desastrosa
de desastres sem previsão de melhora.
Quando o simples já é tão complicado, é melhor simplificar o caos e evitar os artifícios e os fogos.
Primar pela luz.
A Terra possui apenas um satélite natural e para nosso benefício é uma Lua de quatro fases que nasce nova, cresce, enche e míngua no final.
Mesmo a lua não vê seu fim após minguar.
Volta, nasce nova, cresce e se expande, expande sem explodir.
A lua sabe a dose certa de encher sem transbordar, de mostrar seu lado escuro e trabalhar as sombras de modo que tudo seja um ponto de vista diferente enquanto nada muda na verdade.
Talvez não seja tão complicado assim.
Saber as frases, viver as fases e recomeçar, enfim...

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Das coisas comuns e quase definitivas que atormentam nossa inércia e intensificam nossa pulsão de morte.


Eu digo que tenho respeito pelos seres vivos.
Menos de pernilongos que me envenenam e formigas que passeiam pela minha mesa de trabalho.Sempre tem um açúcar a recolher da xícara de café. Esmago todas elas com o dedo. Uma a uma. O que já é bom, pois em minha crueldade infantil, elas eram incineradas, antes encurraladas por um círculo de álcool. Um inceticídio justificado.
Formigas não temem a morte. Elas possuem um objetivo e muito foco.
E elas voltam todos os dias, buscando já não sei o quê, enfrentando o perigo em sua jornada irracional repleta de feromônios.
Eu sou a cigarra, mas acumulo como formigas.
Os dias estão cada vez mais velozes. Se você entrasse agora em minha cozinha, veria como é fácil acumular coisas. Acumulo pratos sujos. Acumulo mais que um castor. Caixas de leite, potes de coisas,  palitos, promessas, planos. A ideia é de usar tudo um dia pra fazer um brinquedo interessante. Qualquer coisa interessante. Mas os dias se acumulam sem nenhum brinquedo construído. Ou qualquer coisa interessante. 
Só não acumulo dinheiro. Esse consegue fluir em minha mão como um rio.
Você já segurou um rio com as mãos? Sem o concreto das represas?
Olho o universo precisando de manutenção. Nada é definitivo e permanente. De vez em quando alguma coisa estraga, adoece ou cresce demais. As frutas da geladeira que deixamos de consumir, o sangue que se modifica de acordo com o que você come, o cabelo, as unhas, a grama do jardim, o óleo do carro, a água do carro, a roda da moto, a roda da vida. A tinta da casa descolore e faz você acreditar que precisa de outra cor.
E mesmo que eu pinte a minha casa de laranja crepuscular, isso não mudaria o fato de eu - não raro - esmagar as formigas que passeiam pela minha mesa de trabalho procurando o café que já nem tomo mais.
Quanto mais eu perco tempo, mais acumulo o resto do mundo e isso às vezes parece o cúmulo nimbus!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

There must be someway back

Às vezes dou a impressão de andar entorpecida
cambaleante ou desatenta aos detalhes mais óbvios
de tudo o que se pode tocar
dessas coisas que enxergamos de olhos abertos.
Você quer me trazer de volta
ao universo que nós conhecemos
e eu almejo poderes mutantes
quero ser um x-man, x-girl, um x-burger
um queijo prato.
Mentira.
Não quero ser um queijo prato ou um hamburguer.
Não é esse tipo de comida que satisfaz o mundo.
Eu procuro outros espaços e gosto disto.
Talvez eu flutue e não vou poder fazer você sentir o que sinto
mas posso tentar relatar.
Não significa que eu não aprecie 
estar com você no que é familiar.
Não saem chamas de minhas mãos
não leio seus pensamentos
não salvo o mundo com os olhos
Você diz que eu desperdiço a minha vez
Eu sei que poderia lhe amar de uma maneira melhor
e este é um poder tão grande.
Eu poderia amar a tudo de uma maneira melhor
e teria o poder que almejo
sempre que caio ao tentar voar.


O sentido da vida

0,001% do mundo compreensível.
A outra metade é chocolate ao leite.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Desses dias amaros...


O orgulho é como um milho de pipoca
que sob específicas condições de temperatura e pressão explode.
Tudo o que eu mais queria hoje era morar no litoral.