sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Fênix Brilhante

Às vezes me sinto flutuando.
É curioso, porque isso acontece nos dias mais densos. 
Parece que fico mais leve do que tudo ao meu redor, mas acho que pode ser o contrário.
É o mundo todo que flutua, não eu.
Pensar nisso  me faz cair enquanto o chão nunca chega.
As coisas estão flutuando numa esteira invisível, de cabeça pra baixo.
E o chão nunca chega.
Nem o céu.
Estou no espaço e não encontro sua mão. Quando encontro não alcanço. Quando alcanço, me desfaço e descubro outro espaço entre nós.
Não sei se é cedo ou tarde demais pra dizer adeus ou pra dizer jamais.
Talvez nem tenhamos que dizer nada.
Talvez seja só gritar silenciosamente, enquanto as nuvens nos atravessam.
Ou ficar em modo avião.
Está ficando cada vez mais difícil respirar e mal consigo formular uma prece.
Desejo que a sexta passe depressa e que dezembro demore a chegar.
Estou flutuando como um astronauta na lua e quero ter aquela fênix brilhante no peito.
O que é preciso fazer?
E então as letras pequenas me rodeiam e não quero ler nenhuma.
Não estou pensando nisso.

Na verdade, nem estou pensando...