
Provavelmente o universo estava em polinização cósmica. É uma das explicações que consigo para falar de minha mãe. E nunca será
tudo sobre minha mãe! Um ser fantástico, uma flor rara, rainha de um jardim encantado, dona de um reino de poemas, flores, canções do passado, do presente, de presente, do futuro. Energia e doçura. Força e ternura.
Uma amante das artes, do belo, das coisas que vão para além do simples, do comum.
Dona de uma fé inabalável que me toca no mais íntimo, quando quero vencer minhas sombras, quando eu tenho medo do escuro, quando eu tenho medo do futuro.
Dona de um abraço aconchegante, o melhor abraço do mundo, que tem o poder de secar as feridas e afastar a dor. Que tem o poder de aninhar.
Dona de ombros fortes e costas largas, que sustenta cruz de palha, cruzes de palha.
Que sustenta quando caímos e nos ajuda a reerguer.
Dona de voz de soprano, que transforma a casa quando se solta, que movimenta canções como ondas, que faz o mundo ser música quando canta.
Mãe, eu sabia que um dia eu estaria longe, mas não imaginava como estaria tão presente em mim.
Como está presente em cada frase, em cada verso, em cada valor que trago comigo.
Como está presente na pessoa em que me transformei, mesmo eu sendo uma menina muito diferente da menina que você foi.
Até mesmo quando lembro das canções de ninar que cantava pra gente dormir. Cada nota, cada vibrato, cada significado.
Trago comigo as frases, as verdades que chegam depois de vinte anos (!), os versos de efeito, as frases dos outros e sua presença por intermédio: Para ser grande, sê inteiro... A vida é luta renhida, viver é lutar... Põe o quanto és naquilo que fazes... O mal impera onde há desordem... Cuide do seu jardim... Não esqueça quem você é... Muitas outras...
Trago comigo sua vontade de ser sempre melhor e de melhorar o mundo por conseqüência. A vontade de ser correta e o esforço de perdoar e principalmente a necessidade de vencer pelo Amor.
Hoje, você completa um ciclo sexagenário, e o sblogonoff brinda à isso com alegria e reverência.
E eu brindo, mainha, com o coração repleto de amor e orgulho por ter vindo do seu ventre.
Dona da vida.
Uma vida de lutas, de transformações, de sofrimento redentor, de alegria consoladora, de muitas vitórias, de versos e canções, de muitas histórias de reis e rainhas, de fadas e duendes, de príncipes e princesas, de seres folclóricos e de reinos imaginários.
Uma saga de belas páginas.
Um brinde, mãe!
À sua existência de luz.
Vá pensiero
(Tradução, porque você gostava de ouvir)
Voa, pensamento, com tuas asas douradas
voa, pousa-te nas encostas e no topo das colinas,
onde perfumam mornas e macias
as brisas doces do solo natal!
Cumprimenta as margens do rio Jordão,
as torres derrubadas de Jerusalém...
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh, lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada dos grandes poetas,
porque agora estas muda?
Reacendas as memórias no nosso peito,
fale-nos do bom tempo que foi!
Como Sólima fez com o destino
traduz em música o nosso sofrimento,
deixa-te inspirar pelo Senhor
para que nossa dor se torne virtude!