O filho de uma égua teve uma diarreia galopante em minha
rua. Acordei cedo e fui colocar o lixo pra fora e se não fosse o aroma
inebriante no ar, eu poderia jurar que tinham gramado o asfalto na frente da
minha casa. O que será que esse cavalo comeu, Jesus, pra fazer um efeito
hecatombe assim? Eu deveria ter flagrado o cavaleiro e pedir que ele limpasse a
sujeira como devem fazer os donos dos cachorros que passeiam ao redor da lagoa.
E o lixo não passou. A cidade está sofrendo com essa
transição de empresas de limpeza urbana. A anterior, que passava terça, quinta
e sábado, se envolveu num desses escândalos de licitação. Ocorre que a nova
contratada não passou sábado. Não avisou aos moradores os dias de passar, não
fez nada, a não ser deixar o lixo na rua. Quem é que limpa essa sujeira?
Transições são assim. Existe todo o incômodo, mas resta a
esperança de sairmos limpos ou aprendendo com os erros. Meu chefe dizia que
depois que descobriram que estrume é adubo, tudo serve pra alguma coisa.