A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.
(Mário Quintana)
Entre o emissor da mensagem e o receptor da mensagem, há um universo de possibilidades.
Quem escreve em blogs sabe o que é isso.
Nem sempre o que se quer dizer é o que é dito.
Cada cabeça é uma sentença, como já dizem por aí. A viagem que o sentido faz até ser decodificado, é cheia de curvas e morros, de rios e vales. Quem cria e publica suas obras, deve ter desapego. Há que se desprender até daquilo que intencionalmente era para ser sem sentido. Uma vez no mundo, o significado do texto não tem propriedade. Seu autor o elabora, lê, relê, corta palavras, insere outras, edita, registra e coisa e tal. Mas é impossível obter direitos sobre o significado, sobre a interpretação, sobre os desdobramentos da própria criação.
Às vezes, por mais objetivo que se queira ser, o texto para a outra pessoa pode ser cheio de entrelinhas.
É então que se começa a garimpar o sentido de tudo o que não foi dito, fazendo com que o receptor crie um novo texto só de entrelinhas não intencionais. Há também a hipótese de se criar uma entrelinha e ninguém percebe-la ali! É a hora de explicitar a intenção e preencher as lacunas com notas explicativas. Eu faço isso quando sou mal interpretada!Rs.
Um texto não termina depois de publicado. Ele se prolonga na imensidão de seus significados ou não significados. Em blogs, certos comentários são até maiores do que o texto comentado!
Também há as canções. Confesso nem sempre entender certas letras e outras eu apenas digo: Isso não era pra ter sentido.
Alguém me explica o que são “segredos de liquidificador” que o Cazuza colocou na música? É algo tão dilacerado que é impossível juntar?
E “Zabelê, Zumbi, Besouro /Vespa fabricando mel /Guardo teu tesouro Jóia marrom /Raça como nossa cor”?
Eu só fui entender que "Lágrimas e Chuvas" do Leoni era sobre suicídio depois que ele falou numa entrevista.
Dispersões também podem ser provocadas por melodias que fazem a gente dançar alegremente por algo triste, como “Eu só quero um xodó”, do Dominguinhos. Acordes menores são mais melancólicos, os maiores são mais alegres. Nem sempre.
Recebi em uma missa de sétimo dia aqueles santinhos que a família distribui. Nele havia o retrato do nosso amigo e aquela música do Tim Maia: "Gostava tanto de você". Não sei porque você se foi, quantas saudades eu senti... Desabei a chorar, eu que nunca havia pensado na música assim.
E o Pato Fu, meu Deus! Certas letras eu acho bricolagem e fico tentando entender.
(Mário Quintana)
Entre o emissor da mensagem e o receptor da mensagem, há um universo de possibilidades.
Quem escreve em blogs sabe o que é isso.
Nem sempre o que se quer dizer é o que é dito.
Cada cabeça é uma sentença, como já dizem por aí. A viagem que o sentido faz até ser decodificado, é cheia de curvas e morros, de rios e vales. Quem cria e publica suas obras, deve ter desapego. Há que se desprender até daquilo que intencionalmente era para ser sem sentido. Uma vez no mundo, o significado do texto não tem propriedade. Seu autor o elabora, lê, relê, corta palavras, insere outras, edita, registra e coisa e tal. Mas é impossível obter direitos sobre o significado, sobre a interpretação, sobre os desdobramentos da própria criação.
Às vezes, por mais objetivo que se queira ser, o texto para a outra pessoa pode ser cheio de entrelinhas.
É então que se começa a garimpar o sentido de tudo o que não foi dito, fazendo com que o receptor crie um novo texto só de entrelinhas não intencionais. Há também a hipótese de se criar uma entrelinha e ninguém percebe-la ali! É a hora de explicitar a intenção e preencher as lacunas com notas explicativas. Eu faço isso quando sou mal interpretada!Rs.
Um texto não termina depois de publicado. Ele se prolonga na imensidão de seus significados ou não significados. Em blogs, certos comentários são até maiores do que o texto comentado!
Também há as canções. Confesso nem sempre entender certas letras e outras eu apenas digo: Isso não era pra ter sentido.
Alguém me explica o que são “segredos de liquidificador” que o Cazuza colocou na música? É algo tão dilacerado que é impossível juntar?
E “Zabelê, Zumbi, Besouro /Vespa fabricando mel /Guardo teu tesouro Jóia marrom /Raça como nossa cor”?
Eu só fui entender que "Lágrimas e Chuvas" do Leoni era sobre suicídio depois que ele falou numa entrevista.
Dispersões também podem ser provocadas por melodias que fazem a gente dançar alegremente por algo triste, como “Eu só quero um xodó”, do Dominguinhos. Acordes menores são mais melancólicos, os maiores são mais alegres. Nem sempre.
Recebi em uma missa de sétimo dia aqueles santinhos que a família distribui. Nele havia o retrato do nosso amigo e aquela música do Tim Maia: "Gostava tanto de você". Não sei porque você se foi, quantas saudades eu senti... Desabei a chorar, eu que nunca havia pensado na música assim.
E o Pato Fu, meu Deus! Certas letras eu acho bricolagem e fico tentando entender.
Será que é em vão?
De repente o significado está mesmo no vão.
Obvio ou subjetivo demais, o fato é que a arte de escrever e ler, é e sempre será bela, porque nunca se completa por ser o próprio caminho.
Entendeu?
De repente o significado está mesmo no vão.
Obvio ou subjetivo demais, o fato é que a arte de escrever e ler, é e sempre será bela, porque nunca se completa por ser o próprio caminho.
Entendeu?