Não sei se você já sentiu isso...
Como se houvesse um buraco negro dentro de você sugando toda
a matéria e a antimatéria, e tudo o que for mais efêmero que o éter.
A revisão da vida inteira não faz tanto sentido quando
acontece em poucos segundos e sem anestesia. Nem os prazos, os compromissos, a hora que passa e
a dor mais pungente que doeu na semana passada têm significado.Você tinha gases e o
resto de mertiolate no vidrinho... Mas não adiantava. Estava vencido há 3 meses
e a ferida urgia.
A fenda do universo se amplia e você se lembra do dia em que sonhou que
estava nu e acordou suando no meio da madrugada. Com tanta coisa pra se
lembrar, você retorna a um momento tão desbotado e inútil que chega a ser um
pouco patético.
Você se lembra daquelas figuras psicodélicas do Windows
Media Player que te sugavam enquanto você ouvia Like a Stone do Audioslave e
tentava formar suas impressões acerca do amor e da guerra.
Você se lembra de quando matou uma aula inteira pra ficar
sozinho, sem fazer absolutamente nada na quadra em construção da faculdade,
tentando trazer alguém para perto com a força do pensamento. E você errou o alvo. Meu Deus, as paixões comuns
fazem mesmo um estrago na gente e nem compensavam pelo tempo que duram.
Você se lembra de quando errou o caminho de volta pra casa e
caminhou pelo escuro, rezando para chegar vivo e inteiro.
Quando recobra os sentidos, por uma força racional que te obriga
a manter o controle, você lamenta não ter se lembrado dos episódios onde tinha
companhia, alegria e fogos de artifício.
É incrível como às vezes estamos sozinhos e eu lamento que o
buraco esteja nos sugando e eu não posso te dar a mão.
Feliz Natal!
And on I read
Until the day was gone
And I sat in regret
Of all the things I've done
For all that I've blessed
And all that I've wronged
(Like a Stone, Audioslave)