sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TODO O CARINHO QUE PROMETI

Meu caro,

Perdoe-me pela indiferença e pelas vezes em que já tive vontade de te dar umas chicotadas. Me perdoe pela falta de cuidado, pela falta de pulso, pela falta que faço.

Me perdoe por não ouvir seus apelos, por ter deixado o seu pelo embaraçar e por consequência ser tosado te deixando com aspecto de dama. Você era um rapaz garboso. E te transformaram numa moça froufrourenta com aquele corte de primavera "nadaver"! Me perdoe!! Também peço desculpas pela água quente, por você ter passado resignadamente um dia inteiro sem comer devido a ração enorme para adultos que julguei frescura sua repudiar. Hoje eu já sei, não se preocupe, que para você e o Sr.Gato é ração para raças pequenas. (Né, Leo?) Perdoe-me por eu não ter te amado de cara, por ter desejado algumas vezes que você trocasse de endereço e ficasse mudo. PErdoe-me por te prometer sempre carinho para amanhã.

Porque com tudo isso é incrível como você ainda abana o rabo quando chego, pula no meu colo e tenta lamber meu rosto. (Desculpa, mas a tia não tem como deixar isso ainda!). É incrível essa sua coisa toda incondicional   de mesmo depois de tantos dias passando sem que eu te faça um afago você deita em minhas pernas e dorme como se eu fosse a sua mãe. (lê-se Jeanine!). Eu acho incrível quando  penso que você está latindo por comida e depois de eu encher seu potinho você continua querendo cafuné. E só vai comer depois do cafuné!! O Sr. Gato quer saber é de comida mesmo.

E muito obrigada por estar ali, tão pequeno, tão spotivo, fazendo o papel de protetor, alardeando pra vizinhança toda que você não está sozinho.

E nem eu!!

                                          Leo e Spot rindo pra foto!!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

NÃO ME DIGA

O que dói mais?
Uma bofetada ou uma verdade que vem de encontro à nossa espessa camada de ilusão?
A verdade atordoa, amor.
E isso é ruim.
Eu digo a verdade sem controlar os newtons e você sente minhas cócegas como um soco.
Me desculpe. Foi sem querer. Eu realmente não sabia que brita de construção tinha poder de granada. Quando arremessei, acreditei ser brita. Agora vejo esses escombros e fico em dúvida se o que eu tinha nas mãos era falso ou fevereiro.
Se era pra ser doída e sarar logo, ou se eu era doida de jogar pedras...
Nós fomos preparados para a ilusão, para saber o melhor de nós e para acreditar que jamais haverá algo que nos desabone diante de nossos afetos mais caros.
(Delírios do campo).
Queremos que calem a verdade para que o nosso sorriso possa escancarar-se enquanto os sentimentos perecem sem temperatura adequada, enquanto o mundo rui aos poucos e quase imperceptivelmente. Nada que retoques de cimento, areia, água, massa corrida e tinta não possam remediar.
Minha casa tinha um problema na fundação. A parede do rodapé estufava. E era mais cômodo pra todo mundo quebrar o estufado e passar novamente a massa, massa corrida e tinta. Fica bom por uns tempos. Depois volta o vício, o defeito. Não resolveu até que levantássemos a casa com "macaco hidráulico". Tivemos que nos mudar enquanto reformava, no entanto, o problema não retorna mais.
A verdade vem nos desnudar publicamente, mas já estávamos nus como o imperador com suas roupas novas. Todos já percebiam. Poucos tinham a coragem da criança para revelar o que já era óbvio. O imperador estava nu, sem bolso para por as mãos e o ego.
Toda vez que falta luz, toda vez que algo nos falta, o invísível nos salta aos olhos.
E coitado de quem se dá ao trabalho de colocar a verdade sob a luz do sol.
Esse "bastardo" se transforma de (r) repente no vilão, no monstro da lagoa negra, cruel e feroz açoitando com seu rabo espinhento a princesa indefesa e generosa, tão amável, tão sem defeitos.
Por favor, façamos silêncio.
Se perguntarem algo, diga que está tudo bem.
Se não perguntarem, permaneça em silêncio ou comente sobre o infame sucesso da última semana. Fale da poesia marcante da música do Fiorino, do Camaro, das mina que pira...
Faça a digestão de seus sapos.
Não queira perturbar a ordem, explodir rumores e insatisfações...
Pra que? Todos estão tão bem, tão confortáveis, não percebe?
Sorria e acene.
E o mundo permanecerá em paz!

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Me abrace e me dê um beijo / Faça um filho comigo / mas não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo / Procurando novs drogas de aluguel nesse vídeo coagido...  

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Estrelinhas para o Rappa, Christian Andersen, Legião Urbana, Humberto Gessinger e U2.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Água

Se pudéssemos, inventaríamos o perdão em cápsulas.
De variados miligramas, proporcionais ao tamanho da ofensa.
E iríamos mensurar tudo para cada pessoa.
Acredito que também inventaríamos a calma, a paciência em conta gotas, em cápsulas, com mais de 50 sabores.
E poderíamos combinar a paciência com a resignação, com o altruísmo.
Já pensou, tomar seu chá ou café com 2 torrões de amor?
Imagine só você adquirir uma cartela com 30 pastilhas de inteligência????
E sabedoria em gomas de mascar.
Se pudéssemos fazer isso, qual seria nossa moeda de troca?
Será que o amor seria produto do mercado negro, à venda sem receita?
Quem tivesse maior poder aquisitivo compraria amores pefeitos?
O que teria menos saída?
Qual seria o campeão de pedidos?
Uma dose cavalar de alívio e serenidade para os corações partidos.
Bolinhas homeopáticas para estresses funcionais.
Bom humor em sachês...
Simples assim!
Vamos sintetizar a evolução e facilitar os processos qua há milênios vivenciamos.
Quem sabe um coquetel de virtudes não acelere a primavera das nações, não precipite os frutos outonais de toda conquista, de toda empreita?
Quem sabe, ao contrário da canção, eu durma mortal e acorde como um deus, com poderes para amar tudo ao meu redor, mesmo diante de flechas ou de qualquer adversidade.
Ou quem sabe não padeceremos de uma overdose de virtude cujo peso seja insuportável para nós e cujos efeitos sejam de difícil convivência para os nossos?
Enfim...
Um dia de cada vez.
Hoje melhor que ontem.
Sem pílulas!
Temos tudo.
Temos água.
Água.




quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A ALMA DO NEGÓCIO

Meus pais, quando ainda namoravam, passaram um período se encontrando apenas 2 vezes por ano. Uma nas férias de julho e outra nas festas de fim de ano. A comunicação era por cartas que com frequência eram revistadas pelas freiras do internato onde minha mãe estudava. Conteúdo impróprio não era enviado ao destino. Acho que era assim, pequenos crimes legitimados pela proteção à moral e aos bons costumes. Mas nem é disso que quero falar.

O fato é que para o meu pai e minha mãe, a eternidade durava muitos meses. Hoje em dia, se eu clico no ícone e ele não abre imediatamente, eu já acho que a eternidade cabe ali. Quando navego pelo firefox e de repente aparece a tela: "Desculpe, Isto é constrangedor!" eu logo ativo a paciência.

Antigamente 1 minuto demorava mais pra passar, mais que um chiclete!

Hoje, curiosamente, as coisas andam mais depressa e mesmo assim ainda não temos tempo pra quase nada. Nós nos apressamos na proporção em que o mundo se apressou e até nos centros quase rurais crescemos como frango de granja. Derrepente (detesto escrever essa palavra aglutinada assim. Eu gostava de de repente... thin air), então, derrepente as coisas ficaram sanfonadas, cresce aqui, diminui ali. Tenho amigos de longe. Meu sobrinho no sul de MG espirra e em tempo real eu digo "saúde" sem gastar nem impulsos telefônicos. Minha amiga da Polônia tira uma foto e dez minutos depois eu comento a foto, as luzes, os balões e os pombos de uma praça polonesa. Quero tirar uma certidão negativa de alguma coisa e nem enfrento fila em órgão público. Só digito algumas senhas e provo que não sou robô. Mas a loucura disso tudo é a hipnose provocada pelo cruzamento de dados dentro da Matrix. E como isso funciona bem, principalmente sobre os incautos.

Me considero uma pessoa muito simples. Nunca fui de deixar me seduzir por vitrines e vendedoras que chegam com sacolas repletas de coisas bonitas das quais definitivamente não preciso. Calcinha, jóias, roupas, sapatos, bolsas... Sempre consegui ficar na minha, a menos que estivesse mesmo precisando de algo.

Ocorre que o sistema impressiona pelo apelo sutil, aliás, pelo apelo descarado que realiza nesse veloz mundo a divagar. Meu tênis, velho de guerra, gastou o solado de tanto usar. E justo agora que eu tinha inventado de caminhar na lagoa. Como não tenho muito tempo para ir em lojas e ficar experimentando um tênis, me indicaram um site na internet que vende calçados: Vai lá! É ótimo, tem vários modelos de todos os preços e marcas e chega em 3 dias.

Fui lá, né?! Em 2 horas agradei de um tênis e realizei a compra... Por que demora também, sabe? Você encontra um modelo e ainda clica no botãozinho de cores daquele modelo. Talvez demore mais do que ir numa loja física, porque são tantas as opções. Mas já era tarde da noite, nem tinha loja aberta naquela hora. Era domingo... Então (...) Comprei o tênis e saí do site. Antes de clicar na escolha, cliquei em vários modelos que iam me agradando pra fazer um melhor de 20 no final.

Saindo do site, não achei que aquilo iria interferir em minha vida. Rá...

Na segunda-feira, meu e-mail já estava infestado de promoções e anúncios. Como não tenho tempo, vou excluindo tudo. Mas isso não basta. Os anúncios te perseguem. Um dia desses pensei: poxa, comprei um tênis pra caminhar... Agora preciso de um para o dia a dia. Pois é, comprei outro. Mas o sistema quer sempre mais de você. Quer dominar sua vontade, quer descobrir seus gostos, suas preferências, quer te seduzir com falsas ofertas e te empurrar corpo afora viagens, tênis, tratamentos de beleza, acupuntura, mapa astral, comida e tudo o mais.

E é tenaz!

Você juçga estar imune aos reclames, mas é preciso ter o chamado "domínio socrático". Há alguns dias estava eu num site jurídico, JURÍDICO, quando notei um anúncio na lateral da tela. Entre anúncios de cursinhos e livrarias, a loja de Tênis. Eram todos os modelos que gostei passando em fila! Exatamente aqueles que eu desejei!! Se eles pudessem rebolar, eles rebolavam. Mandavam beijo, davam piscadinha... Então aquele tênis do qual eu definitivamente não precisava, mas que era lindo, desfilou deslumbrante na tela, desviando minha atenção do artigo tão importante que eu deveria ler.

Autômata, cliquei na figura que aumentou e tornou-se a página principal em meu monitor. O tênis estava na promoção.!!!!25% mais barato do que o modelo parecido que vi na loja da avenida. Meu cérebro começou a criar argumentos para legitimar a possível compra. E entre pós e contras vi surgir uma janelinha com os dizeres: Compra realizada com sucesso. Parabéns, você acaba de adquirir um produto de qualidade.

Simples, quase indolor. Parece mágica! A gente até esquece as prioridades... A gente nem lembra que há pouco discursava sobre autonomia, simplicidade e liberdade... A gente se entrega na onda e rala as coxas, costas e bunda na praia porque não aprendeu a furar a onda, a surfar com maestria, a resistir.

E quem quer resistir?
Quando acabar, o maluco sou eu...




segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Para que as sombras não revoguem o sol que há

Eventualmente empunhamos armas com dolo de acertar o alvo.

Eventualmente acertamos.

E erramos muitas vezes.
Eventualmente ficamos depressivos, reclamamos, cometemos pecados capitais e interiores, vilarejos e pecados mato.

De vez em quando ferimos alguém com a navalha afiada de nossas palavras, de nossa indiferença ou por ignorar deliberadamente o enorme e colorido elefante no meio da sala de estar.

Em alguns períodos desaparecemos no ocaso e deixamos de perguntar pelos amigos, pelos afetos, pela família e as convalescências.

E eventualmente sentimos raiva, perdemos pontos, médias, fazemos uma manobra toda errada para estacionar o carro, esquecemos de retornar a ligação.

Porque eventualmente, e apenas eventualmente, nós estaremos o oposto do que somos.

E o que completa a soma do que somos é aquilo que fazemos na maior parte do tempo.