sexta-feira, 31 de julho de 2009

EGG - X

Eu vi.
O mundo seguia em minha direção como alguém que não se vê há muito tempo, como alguém que traz alguma novidade
Eu ali esperava o mundo vir com uma certa ansiedade, embora não soubesse como agir quando ele chegasse.
Ia dizer o que, se eu era um ovo?
Um ovo de avestruz modificado
Um ovo de dinossauro pós-moderno
Um ovo de páscoa esperando pra nascer
Eles vivem pisando em ovos, não é mesmo?
"Quem são eles? Quem eles pensam que são?"
Não tem problema. As frases que eles sussurram não me chocam.
Quase nada me choca
Nem o azul celeste, nem o rosa choca.
Eu enxerguei o mundo além da casca, “cápsula protetora”, no entanto estava condenada a conter meus movimentos enquanto o mundo não chegasse com a minha alforria.
Alegrava-me a idéia de haver algo mais ao meu redor do que o plasma que dificulta as ações, a inércia, as guerras, a fome e a violência, quase todos os clichês da depressão, todo o mal nascido do orgulho e do egoísmo, as flores, a primavera, a solidariedade, a fé, mãe da esperança e da caridade... Minhas coisinhas.
Senti meu coração acelerar quando o mundo estava bem perto.
Pensei: Enfim é hora de me libertar. Porém, quando já estava ofegante o mundo passou direto e seguiu viagem.
Fiquei ali, um ovo sem entender e por um instante permiti que o desespero devorasse minha já precária lucidez.
Ao recobrar os sentidos e me refazer da frustração, lembrei de antiga lição sentnido o mundo ir embora:
"O mundo não quebra o ovo.
A casa se rompe de dentro pra fora."
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"Estrelinha Grata" (*) para Salvador Dali - pelo ovo, Engenheiros do Hawai e Adriana Calcanhoto

sábado, 25 de julho de 2009

É a cabeça, irmão.

De vez em quando é assim, minha cabeça dói, dói dói.
Eu sinto que meu globo ocular vai saltar pra fora do crânio e sair quicando no chão.
É por isso que dá vontade de pegar minha cabeça e encestar. É. Fazer três pontos, bem de fora do garrafão. Sou de Áries. Dizem que o ponto fraco do meu signo é a cabeça. Pra começar tem aqueles chifres. Ai, pra que aquilo? É tão grande que até entorta nas pontas. Espero não ser como um carneiro, em ralação aos chifres, pelo menos.
Eu nunca consegui formar minha constelação do céu, na época em que ela aparece. Algumas constelações são bem visíveis, como as Três Marias e o Cruzeiro do Sul, e até mesmo Escorpião. Mas formar o carneiro no céu requer criatividade e disposição cósmica! Bilac disse que só quem ama é capaz de entender as estrelas. Não é só não! Um dia consegui ver o arqueiro de sagitário no céu! Ele é loiro e acena quando percebe os voyeurs!
Enquanto isso na floresta, o Felipe Massa está em coma induzido porque em seu caminho havia uma mola voadora. Com isso a gente vê que pequenas coisas podem causar grandes estragos, dependendo da maneira como dirigimos nossas vidas. Pois é.E tem também o Zé Alencar provando ser um mutante imortal e fazendo das tripas coração para sobreviver. Nossa, vou pro inferno com o trocadilho infame.
Jesus, quanto pernilongo aqui. De onde eles vieram? Eles não estavam aqui quando fazia frio. O frio que brincava aqui no quarto resolveu que é mais divertido fazer esculturas de gelo no sul do país. Anéim... Matei um pernilongo na palma da mão. Não sou o Obama, logo, posso cometer inseticídio sem maiores problemas. O insolente sangra no meio do eme da minha mão. E esse sangue deve ser meu, pois não há mais ninguém aqui e ele estava gordo pra ter vindo voando de longe. É... pernilongo artista tem medo de aplauso.Grudei o que sobrou do seu corpo na tirinha amarela do bombom serenata de amor com mensagens. Gente, algumas dessas mensagens são muito ruins. Não dá pra conquistar ninguém seriamente com isso. E o bombom ficou muito doce. Bem, pode ter sido o meu paladar que mudou, mas eu venho achando que os chocolates estão mais doces. Ah, eu não estou achando nada. Essa cabeça está me fazendo ficar implicante e é melhor encerrar por aqui. Encerrar o dia, o post e a vida de mais um pernilongo.

No me moleste mosquito...
Agradecimentos a Silvio Brito e The Doors, pelos fragmentos sonoros.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Antes do sim

Se você fosse capaz de ouvir meus segredos sem se desintegrar, não faz idéia do que eu te contaria. As mentiras que eu já disse, as verdades que eu não disse, contaria sobre minhas sombras, todos os meus ímpetos homicidas e todos os segundos em que te odiei.
Mas você saberia também de como provoca mudanças em mim e de como faz com que o sol ilumine novas galáxias a cada pequeno gesto seu.
É que minha cabeça anda tão confusa, tão cheia de perguntas, que às vezes duvido que te amo como acho que amo, assim, pela eternidade.
Se você pudesse ver meus sonhos, talvez nem se aproximasse tanto. Tenho náusea ao pensar em você indo embora, então escondo tudo com cuidado, mas de vez em quando deixo transparecer. Como quando esbarramos sem querer numa peça de porcelana que se estilhaça no chão. E isso não tem conserto. Nós sabemos que isso não tem conserto.
Esteja comigo. Não me deixe.
Sabe, não sei o que é a absoluta certeza quando afirmo, quando juro, quando prometo.
Tudo aqui é efêmero demais.
Mais sei o que são pequenas certezas e elas preenchem o presente quando afirmo, quando juro, quando prometo.
É que minha cabeça anda tão dispersa que às vezes questiono se minhas provas de amor são pura vaidade, se amo o amor que sente por mim ou se amo você.
Pense nas milhões de pessoas que existem no mundo. Estava gravado em cada átomo do nosso corpo que era para nos encontrarmos agora.
Encontrei antes pessoas que me ensinaram muito e até pude me tornar melhor pra viver contigo. Mas não quero você por perto para aprender novas lições. E você espera tantas respostas...
Eu tenho canções, eu tenho novelas, eu tenho histórias e tenho um chocolate, mas as respostas eu espero do tempo.
É que minha cabeça embaralha os dados algumas vezes, mas no final de minhas considerações, acabo concluindo que conseguiria viver sem você. Mas não quero.
Fique comigo e eu fico aqui.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

*repetir, repetir - até ficar diferente

* frase do grande poeta das pequenas coisas, Manoel de Barros

Certa vez, ao brincar de pique esconde com algumas crianças, percebi que todos haviam se escondido, menos um dos meus sobrinhos. Ao invés disso, ele fechava bem os olhos, apertando as pálpebras com força. Chamei baixinho para que ele viesse ao meu esconderijo, que era muito mais secreto! Ele me disse que ninguém ia encontrá-lo, pois seus olhos estavam fechados.
- Se eu fechar os olhos, ninguém vai me ver.
Hoje, penso se não trouxemos essa ingênua forma de se esconder camuflada em outros atos mais... adultos. Percebam, tentamos fortalecer os argumentos, conseguir subterfúgios, angariar correntes filosóficas que nos embasem só para justificar algo que no fundo a gente desconfia que está errado. Ou tem certeza. É a oportunidade de legitimar o erro e fazer com que ele se torne acerto caso todo mundo concorde que realmente é um acerto. Não precisa haver aí necessariamente uma má intenção, mas um certo medo de abrir mão do que nos faz bem, do que aparenta ser felicidade, do que parece ser certo. Isso traz um certo alívio, nos livra da culpa e da necessidade de mudar a rota, de tomar uma atitude diferente.
Iniciamos assim uma luta meio ilusória, tentando repetir, repetir e repetir o erro até que ele se torne correto. Todavia, basta que alguém diga que está nos enxergando, para que a insegurança venha nos assombrar. O remédio, não raro, é procurar uma segunda, terceira, múltiplas opiniões, até encontrar aquela que venha nos redimir, que venha nos devolver a confiança na escolha que fizemos. Nessa procura, desmentimos posturas de instituições que acreditamos. Tudo para validar a postura que adotamos. Parece covardia, mas é muito sutil e com ramificações. Por exemplo, tem gente que não se importa em ser traído e até consegue perdoar o traidor, isto é, se mais ninguém souber. Caso contrário nada parece digno de perdão. Certas pessoas só se arrependem dos crimes se forem flagradas. Certas pessoas só conseguem ter paz se houver aprovação quase geral.
As verdades são muitas, as respostas são várias, mas nós geralmente vivemos conforme uma verdade. Quando contrariamos essa verdade, tudo fica inquieto lá dentro de nós, mesmo quando mudamos de idéia e escolhemos viver conforme uma verdade mais conveniente.
Talvez, o melhor a fazer, seja arriscar, arcar com as conseqüências. Como já li por aí, se for errar, melhor errar com convicção. A dúvida é um tormento, assim como a culpa.
Eu duvido que alguém aqui é capaz de fazer uma escolha consciente de que ela será desastrosa. Na verdade, nós estamos à procura da felicidade.
É por isso que quando o pisca alertas é acionado dentro de nós, é melhor procurar saber o porquê.

(Gente, aqui estão os hífens: - - - - . Já não sei mais como usá-los. Utilizem no texto acima como acharem certo!!)


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Aterro Sanitário

Não são os Beatles,
Nem o Pink Floyd,
Não era o Oasis,
Nem foi o Shakespeare...

Tem gente que joga lixo pelo muro pra cair no quintal do vizinho.
Sério. Tem isso mesmo.
Tem gente que emporcalha a rua jogando papel de bala no chão, latinha de refrigerante na estrada, guima de cigarro. É sério. Fica lindo! Você já viu? Eu já!
Tem indústria fonográfica que lança cada coisa no mercado e depois ligam o ventilador pra espalhar tudo no ar! Você já viu isso? Mas é, tem isso. E tem até quem goste!
E tem livro, programa de TV, aula de faculdade...
Qual é a graça de jogar lixo no território dos outros?
Qual é graça de espalhar o lixo?
Ta, tem lixo que pode ser reciclado, pode se transformar numa coisa bacana, original, melhorar o mundo. Eu mesma sempre digo que adoro procurar flores no lixo. O Daniel divulga tesouros que ele encontra no lixão!
Tem de tudo né?! Mas tem um tudo desses que tem por aí, que tem até graça! Uma graça suja e fedida. Vários containers cheios de lixo doméstico descarregados no porto de um lugar que para os europeus tem cara de aterro sanitário, só pode!
Esse lugar? Ah, é o Brasil.
Você conhece?!

Minha avó já dizia: Quem pariu Mateus que o embale...

Verifique isso:
http://tvig.ig.com.br/133617/europa-manda-containers-de-lixo-pro-brasil.htm

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sem destinatários específicos

Percebe como somos frágeis?
Ninguém resiste ao tempo, às rugas, à morte.
O corpo se definha, mesmo com o botox.
Por dentro ele envelhece e delata sua certidão de nascimento.
Percebe como somos fortes?
Entregar-se assim ao fluxo da existência requer força e coragem.
Coragem para deixar os fatos irem rumo ao passado.
Coragem para continuar aqui, mesmo sentindo saudades de quem não está, de quem já foi.
Força para não enlouquecer quando o impossível assombrar as soluções.
Percebe como somos confusos?
Com fusos horários e relógios biológicos?
Com nossas novas receitas culinárias e novas dietas infalíveis?
Com nossas noites planejadas de prazer e todos os preservativos?
Percebe como estamos famintos?
A gente não quer só comida.
Nos desdobramos por aqui, para sermos melhores ou piores.
Para enxergar melhor, profundamente, além dos olhos.
Somos metamórficos malabares.
Equilibramos coisas no ar e nos contorcemos para melhor adaptação no espaço.
Olha pra isso, somos quase circenses!
São vários os adjetivos que nos cabem.
Somos um pouco de tudo e, sobretudo qualquer coisa que queira ser.
Entenda, entretanto, que nós somos capazes.
Dentro dessa capacidade eu posso te amar sim.
Com todas a minhas forças e com toda a fragilidade.
Mesmo com os atritos e com as hostilidades que porventura tivemos.
Apesar do nosso enlevo e apesar dos pesares.
Desconheço quais as leis que fizeram cruzar nossos destinos.
O mundo é habitado por tanta gente, gente, gente, gente...
E assim, não mais que de repente nós construímos uma história.
Eu, tu, ele, nós, vós, eles.
É por isso que lhe(s) digo,
Quando nossos adjetivos se transformarem, nossas características se acentuarem, a moeda mudar seu valor, nossos ícones morrerem, os anos se passarem...
Quando não houver mais nada em que acreditar, mais ninguém para aplaudir, mais nenhum líder para eleger, ainda sim, teremos o amor.
De todas as contas, é o “noves fora” que invariavelmente resta,
que subiste onipotentemente ao zero por ser o alfa e o ômega dos atos.
É a lei maior que rege o universo inteiro, dentro e fora de nós.
É a única coisa que possuo agora e que revela em mim um mundo novo sempre que a sombra desaparece, sempre que a dor se aninha ou o desespero emerge da lagoa negra.
O amor que tenho torna tudo mais bonito.
É o amor que lhe dou. Que tenho pra lhe dar.
E eu sei que você traz em si esse mesmo amor.
E isso nos faz um só.
É a única coisa que permanece quando tudo vai.
Quando tudo é vão.

Sopro de Eves!