O sertão ensolarado é um imenso portal.
Quem conhece os ares, o solo, os pássaros, os rios e os segredos do sertão, consegue sentir quando a natureza se agita e aquece por dentro e por fora do ser.
O portal é passagem de energias e outras matérias.
É por lá que o sol entra sobre cavalos, rente à vegetação rasteira, entre arbustos e histórias permeadas de mistérios, lendas e interrogações.
Na história de cada um, longas veredas.
Não sei há quanto tempo caminho.
O suor que escorre no rosto, chega ao chão e continua infinitamente, deixando um rastro que edifica cidades inteiras, algumas sumersas, outras, ocultas nas dimensões invisíveis à nossa risível ignorância.
De longe, o berrante do boiadeiro fantasma consegue me atordoar.
Sigo silente sobre os pastos o sob um céu intenso, azul de cegar.
As almas que perambulam comigo não possuem corpos, mas possuem histórias e casos, dívidas e nomes.
Curioso, mas não consigo entender o que é a solidão, embora tenha nascido só, embora faça só a passagem para o reino da morte, embora colha sozinha o que com minhas mãos semeei.
Não lembro de ter sido abordada pela solidão nesta estrada.
Lembro dos dias tristes, dos percalços, das dúvidas, das noites frias, no entanto, guardo em mim a lembrança de outras presenças nos momentos mais graves da luta, nos abraços reconfortantes e nas palavras luminosas que impulsionavam meu avanço.
Nem sempre estive atenta aos sinais da vida, às codificações da natureza, entretanto, sempre acreditei que era possível avançar, construir, garimpar pequenas felicidades, mesmo me sentindo em vários momentos uma peça à parte, avulsa entre tantas outras. A única bala verde em um saquinho de balas coloridas.
No horizonte, o sol se despede vibrante e a noite nascente herda o calor, o vapor e a procura das aves (que voam em bando) por um lugar mais seguro.
Lá no longe percebo a curva que me conduzirá ao meu destino.
Esboço desânimo e cansaço e no momento em que intento reclamar, o ar se movimenta e sopra meu corpo. É o vento!
De onde ele vem? Onde está seu início? Será que vem pro meu alívio ou sou obstáculo em sua passagem?
Faço cessar as questões. Sempre chega a hora em que não é importante perguntar nada.
Não raro, esta é a mesma hora em que as respostas chegam e nos preenchem, fazem com que tudo ganhe sentido extraordinário. As vistas notam o que antes era imperceptível, e a realidade revela outras cores, outros tons, verdades desconhecidas.É uma breve epifania!
Nesse instante, tudo é perfeito. Do átomo ao arcanjo.
Vivencio o instante magnífico, onde o ser se expande até para os lados que não existem.
Importa apenas o que sinto, esse infinito dançando em mim.
Eu rio!(E seus afluentes)
Preciso seguir enquanto o vento vai embora e voltam acelaradas as coisas comuns.
Atrás de mim, um oceano de ocasos.
Estrelas querem despontar...
Quem conhece os ares, o solo, os pássaros, os rios e os segredos do sertão, consegue sentir quando a natureza se agita e aquece por dentro e por fora do ser.
O portal é passagem de energias e outras matérias.
É por lá que o sol entra sobre cavalos, rente à vegetação rasteira, entre arbustos e histórias permeadas de mistérios, lendas e interrogações.
Na história de cada um, longas veredas.
Não sei há quanto tempo caminho.
O suor que escorre no rosto, chega ao chão e continua infinitamente, deixando um rastro que edifica cidades inteiras, algumas sumersas, outras, ocultas nas dimensões invisíveis à nossa risível ignorância.
De longe, o berrante do boiadeiro fantasma consegue me atordoar.
Sigo silente sobre os pastos o sob um céu intenso, azul de cegar.
As almas que perambulam comigo não possuem corpos, mas possuem histórias e casos, dívidas e nomes.
Curioso, mas não consigo entender o que é a solidão, embora tenha nascido só, embora faça só a passagem para o reino da morte, embora colha sozinha o que com minhas mãos semeei.
Não lembro de ter sido abordada pela solidão nesta estrada.
Lembro dos dias tristes, dos percalços, das dúvidas, das noites frias, no entanto, guardo em mim a lembrança de outras presenças nos momentos mais graves da luta, nos abraços reconfortantes e nas palavras luminosas que impulsionavam meu avanço.
Nem sempre estive atenta aos sinais da vida, às codificações da natureza, entretanto, sempre acreditei que era possível avançar, construir, garimpar pequenas felicidades, mesmo me sentindo em vários momentos uma peça à parte, avulsa entre tantas outras. A única bala verde em um saquinho de balas coloridas.
No horizonte, o sol se despede vibrante e a noite nascente herda o calor, o vapor e a procura das aves (que voam em bando) por um lugar mais seguro.
Lá no longe percebo a curva que me conduzirá ao meu destino.
Esboço desânimo e cansaço e no momento em que intento reclamar, o ar se movimenta e sopra meu corpo. É o vento!
De onde ele vem? Onde está seu início? Será que vem pro meu alívio ou sou obstáculo em sua passagem?
Faço cessar as questões. Sempre chega a hora em que não é importante perguntar nada.
Não raro, esta é a mesma hora em que as respostas chegam e nos preenchem, fazem com que tudo ganhe sentido extraordinário. As vistas notam o que antes era imperceptível, e a realidade revela outras cores, outros tons, verdades desconhecidas.É uma breve epifania!
Nesse instante, tudo é perfeito. Do átomo ao arcanjo.
Vivencio o instante magnífico, onde o ser se expande até para os lados que não existem.
Importa apenas o que sinto, esse infinito dançando em mim.
Eu rio!(E seus afluentes)
Preciso seguir enquanto o vento vai embora e voltam acelaradas as coisas comuns.
Atrás de mim, um oceano de ocasos.
Estrelas querem despontar...
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Grata a Guimarães Rosa por irrigar essas veredas.
Grata a quem inventou a bala goma, vulgo, jujuba.
Grata a quem criou o filtro solar (conselho bom nesses tempos!)
Gratidão aos ventos de alívio!
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Rir, breve verbo rir, lido ao contrário forma a mesma frase. (Palíndromo)
Mão e contra-mão!