Ela...
Achava que não tinha máscaras, que era transparente!
Coitada, era tão transparente quanto um rio turvo.
Era uma cebola. À medida que a descamação acontecia, alguém por perto chorava.
A luta para saber o que havia sob sua pele era sincera, no entanto, seus artifícios eram muitos. Ela fugia e fingia sempre que fosse conveniente.
E o pior, ela cobrava sinceridade dos outros, embora não suportasse as franquezas mais cáusticas.
A frase da mãe ecoava:
Achava que não tinha máscaras, que era transparente!
Coitada, era tão transparente quanto um rio turvo.
Era uma cebola. À medida que a descamação acontecia, alguém por perto chorava.
A luta para saber o que havia sob sua pele era sincera, no entanto, seus artifícios eram muitos. Ela fugia e fingia sempre que fosse conveniente.
E o pior, ela cobrava sinceridade dos outros, embora não suportasse as franquezas mais cáusticas.
A frase da mãe ecoava:
“É fácil ser sincero quando não se vai dizer toda a verdade.”
- Tá, mas e aí? Como dizer verdades que não cabem na palma da mão?
Requer habilidade ou apenas decisão e firmeza?
Ela sempre escondia algumas frases debaixo do colchão. Engolia sapos indigestos para evitar as guerras. Quase sempre se escondia atrás de situações acima de suspeita, mesmo se sentindo desconfortável com tais atitudes, mesmo sob a égide do “sem querer”. Não premeditava tudo, mas o impulso da covardia e preservação ainda vigorava nela.
Um dia lhe disseram que não conseguia dizer as verdades mais duras porque queria safar a própria cara e não porque queria preservar o outro.
Era melhor ser a mocinha!
Na hora ela achou crueldade, mas agora pensa se não é assim mesmo.
Depois que soube que seu coração era explosivo, quis por um instante que acontecesse um infarto. O arrependimento por esse desejo veio imediatamente, por achar que poderia ser mais forte, que a vida era mesmo dádiva, que existe coragem nas continuações.
Já que o cálice não seria afastado, então, precisaria ver emergir o monstro da lagoa. E enfrenta-lo.
Ah, meu Deus, descobrir suas torpezas quando as detestava no outro, era árduo.
E quanto aos relacionamentos.
Nisso ela sabia ser perversa!
Culpa ou dolo?!
Sabe quando um programa trava e não adianta mais clicar?
Era ela nas entregas. Travada.
Entregou-se inteiramente apenas uma vez, mas nem antes e nem depois conseguiu fazer isso. A metade que ela sabia ser era como bala de pimenta. Bom pra quem gosta.
Logo ela, moça tão correta, de sorriso fácil, quase nunca aparenta tristeza embora fique triste, não fala palavrão, não bebe álcool, não fuma, não... (ah, isso ela faz de vez em quando!), não atura injustiça...
Logo ela era a vilã.
A vilã em seu próprio filme.
Vilã não do acaso, mas do pseudo-enfrentamento ou do autismo funcional.
A mania de querer melhorar o mundo era, no fundo, uma insatisfação com o que trazia por dentro.
Seu coração já não cabia no peito, mal suportava a expectativa do looping.
Mas ela sabia, ela sabia que a lanterna estava perdida em algum lugar dentro de si, entre as justificativas que formulava para as omissões, para as meias verdades, entre suas misérias, entre as vísceras, entre o chocolate e o mel que possuía e entre a luz que acreditava ter.
Ela sabia que estava ali o roteiro que a faria mudar de papel.
E mais do que tudo, ela queria outro papel.
Com Vontade.
- Tá, mas e aí? Como dizer verdades que não cabem na palma da mão?
Requer habilidade ou apenas decisão e firmeza?
Ela sempre escondia algumas frases debaixo do colchão. Engolia sapos indigestos para evitar as guerras. Quase sempre se escondia atrás de situações acima de suspeita, mesmo se sentindo desconfortável com tais atitudes, mesmo sob a égide do “sem querer”. Não premeditava tudo, mas o impulso da covardia e preservação ainda vigorava nela.
Um dia lhe disseram que não conseguia dizer as verdades mais duras porque queria safar a própria cara e não porque queria preservar o outro.
Era melhor ser a mocinha!
Na hora ela achou crueldade, mas agora pensa se não é assim mesmo.
Depois que soube que seu coração era explosivo, quis por um instante que acontecesse um infarto. O arrependimento por esse desejo veio imediatamente, por achar que poderia ser mais forte, que a vida era mesmo dádiva, que existe coragem nas continuações.
Já que o cálice não seria afastado, então, precisaria ver emergir o monstro da lagoa. E enfrenta-lo.
Ah, meu Deus, descobrir suas torpezas quando as detestava no outro, era árduo.
E quanto aos relacionamentos.
Nisso ela sabia ser perversa!
Culpa ou dolo?!
Sabe quando um programa trava e não adianta mais clicar?
Era ela nas entregas. Travada.
Entregou-se inteiramente apenas uma vez, mas nem antes e nem depois conseguiu fazer isso. A metade que ela sabia ser era como bala de pimenta. Bom pra quem gosta.
Logo ela, moça tão correta, de sorriso fácil, quase nunca aparenta tristeza embora fique triste, não fala palavrão, não bebe álcool, não fuma, não... (ah, isso ela faz de vez em quando!), não atura injustiça...
Logo ela era a vilã.
A vilã em seu próprio filme.
Vilã não do acaso, mas do pseudo-enfrentamento ou do autismo funcional.
A mania de querer melhorar o mundo era, no fundo, uma insatisfação com o que trazia por dentro.
Seu coração já não cabia no peito, mal suportava a expectativa do looping.
Mas ela sabia, ela sabia que a lanterna estava perdida em algum lugar dentro de si, entre as justificativas que formulava para as omissões, para as meias verdades, entre suas misérias, entre as vísceras, entre o chocolate e o mel que possuía e entre a luz que acreditava ter.
Ela sabia que estava ali o roteiro que a faria mudar de papel.
E mais do que tudo, ela queria outro papel.
Com Vontade.
16 comentários:
Esse sentimento descritos de forma tão transaparentes são tão meus!
Gostaria de ter feito esse texto. Está espetacular! Você tem um dom maravilhoso. O que escreve não vale apenas para ti. Faz a gente refletir. Eu, realmente, paro para pensar no que você me diz.
Desejo 'outro papel', sempre.
Justifico minhas omissões todo o tempo.
Você é mesmo iluminada! Por isso, Estrela!
Beijos.
Esses sentimentos...
Nem tão mocinha, nem tão vilã. Talvez a busca pelo ponto eqüidistante. E o que vale é a vontade, essa, sim, que pode libertar.
Bjs
"não fala palavrão, não bebe álcool, não fuma, não... (ah, isso ela faz de vez em quando!)" Oque será hein?eu to rindo aqui hahaha
O relatório completo de uma mulher,simplismete isso!
complexo e de certa forma fácil de se entender.
muito bom o texto,parabéns
e obrigado pela visita em meu blog :)
fique bem.
“É fácil ser sincero quando não se vai dizer toda a verdade.”
"Como dizer verdades que não cabem na palma da mão"
Che belo!
Belo como o texto. Conheci alguém quase assim. Mais perversa, aproveitadora. E que nunca quis mudar, nunca vai mudar.
No fundo, a maioria gostaria de mudar seu papel. Alguns mocinhos desejariam ser vilões, pelo menos por um dia, para saber como é. E alguns vilões desejariam ser mocinhos, para serem amados por sua pureza, não por suas mentiras.
Um dia a máscara cai.
E abaixo dela, the dark side.
Mais cedo ou mais tarde esse post viria, e confesso que esperei por ele. Ficou claro que "O advogado do Diabo" também tem direito a defesa, não é mesmo? Todos têm, difícil é defender-se de si mesmo.
"O homem pode suportar as desgraças, elas são acidentais e vêm de fora: o que realmente dói, na vida, é sofrer pelas próprias culpas."
Acho que é hora de metamorfosear-se.
Li o texto porque vi logo de cara Dali.Fantástico tudo...não sei se porque me identifiquei,mas realmente...por detrás do chapéu dela há mto mais.Mas é no mistério que reside a graça.Deixa ela...rs
Falei sobre isso outro dia lembra?
Realmente o medo de dizer oda a verdade é que temos muito mais medo de parecer cruel do que machucar o outro sem pensar que mesmo evitando dizer a verdade machucamos. não tem jeito. Creio que não se dá o papel de vilã assim,coloco neste caso um papel de corajosa. Dizer a verdade requer muita coragem. Fiz isso dia desses e me senti muito bem...a exposiçnao nos causa medos que desconhecemos...acho que o ideal é equeilibrio mas seguindo o que nos propusemos a fazer, dizer verdades...
bjs
Mi,
não consigo colocar foto no meu perfil do mesmo jeito que vocês, como é que vc fez heim???
Help me!
bjs
Vamp...
Descobrir-se vai ser sempre assim?!
Um dia desses prguntei um amigo, com aproximadamente o dobro da minha idade, se a vida vai ser sempre assim... caustica...
Ele olhou nos meus olhos, suspirou e disse: Sim! e completou: Mas vc tem duas escolhas, pode se arrepender ou enfrentar!
Aff... me arrepender da vida! Minha educação não me promoveu essa coragem... enfrentar... de onde extrair forças...
Ai eu fico aqui, por alguns dias pelo menos, aguardando os acontecimentos e renovando (?!) as energias...
Aff...
oi estrela!
vim deixar um beijo (na falta do post novo pra comentar!!)
adorei o texto,vc passa tanta vida no que escreve
e todo mundo acaba por esconder algo embaixo do colchão
Oi,
Está tudo bem com você? Sumiu... Espero qe por bons motivos. Trabalho bom motivo. (só para constar, rs).
E como disse o pequeno príncipe...
Saudades de "ouvir" você.
Na vida nao atuamos por mais que tentamos... dias vilãs , dias mocinhas...enfim sempre um final , alguns programados outros cheios de surpresas... mas cada personagem com sua verdade
algumas tao tao verdades , mas que vivem e contam com tanta verocidade com tanta firmeza que acabam acreditando em si mesmos
Você tah falando de você mesma?
bjks bunitona :)
=o*
"Meu espelho, meu anel
Diga agora o que virá
Arco-íris de papel
Onde o ouro deve estar?
Quero aprender
pra saber
quando a estrela faz sinal
é uma bola de cristal
Ou é vc, que quer me dizer
que gosta de brilhar
solta no céu, favo de mel
tão doce de provar
tão fácil de gostar."
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