terça-feira, 16 de julho de 2013

SEM QUERER

Acidentes não são previstos.
Se forem previstos é porque há erros e se os erros não forem sanados, não será mais um acidente.
Nesse caso, a quem poderemos culpar?
Quem deixou de observar o dever que tinha de cuidar para que as coisas não se complicassem?
Quem será culpado por negligenciar detalhes importantes do processo?
Quem vai pagar por agir sabendo no que ia dar, por não ignorar que em determinadas circunstâncias de atmosfera e pressão uma bomba explode, uma tampa voa da panela e atinge o teto da cozinha?
Quem sofrerá a pena por ousar conduzir situações sem conhecer as variáveis e as constantes, por dar testemunho do que não viu, por afirmar o que desconhece?
Quando estivermos caminhando pelos escombros, juntando os cacos e fazendo torniquetes para estancar o sangue, suplicando anestesia para que a dor não nos aniquile, a quem atribuir os danos?
Ninguém precisava de bola de cristal para antever os fatos, entende-los e agir conforme esse entendimento.
Se podem nos imputar a responsabilidade, é porque sabiam que nós possuíamos condições de evitar o estrago.
Nem sempre fica claro que um Dó sustenido menor vem após o Lá. Mas é uma possibilidade a se considerar.
Assumimos o risco e agora dolosamente optamos por isso ou aquilo seja lá que efeito isso ou aquilo cause, entretanto, se alguém se ferir, se algo quebrar, não foi por querer.
O que deveria ser feito, foi feito. No tempo disponível, com os recursos disponíveis.
Por mais que você diga que havia como agir de maneira diversa, quem sabe bem é quem tinha o leme nas mãos.
Essas coisas que nós assumimos, o desejo de que alguma mágica sustente o mundo e reverta as leis naturais para que tudo fique intacto no fim, nos torna mais culpados ou menos culpados?
De qualquer maneira, não há acidente previsível...
Ou não seriam acidentes.

12 comentários:

Mulher Vã disse...

Somos reféns do pode ser que sim e do pode ser que não!
Assumimos riscos o tempo inteirinho, desde o momento que colocamos o pé no chão quando acordamos de manhã até a hora que fechamos os olhos em nossa cama [ou não] à noite, o risco é filho rebelde da escolha e não dá pra fugir, as vezes o que sobra no final é só o "e se". E se tivesse ido, e se tivesse ficado, e se se e se...passa um tanto de coisa na mente, é enlouquecedor eu sei!
Não da pra prever se as coisas serão afetadas ou não, existe uma margem de erro, claro, por ex. se você esquece de tomar as pílulas, só correrá o risco de engravidar se estiver transando com homem! Hehehehe!
Em Greys a mãe da Lexie [saudade], morre por conta de soluços e ninguem esperava esse resultado...
A gente tem é de parar com a mania de querer controlar tudo e saber se tudo vai sair legal, sabe.
Se a beleza da vida está em não vermos o que vem depois da curva, se caminhão, carro esporte, moto OU fusca! Você pode até dar um palpite mas certeza mesmo, só quando o carro caminhão, moto ou fusca estiver na nossa frente e se estivermos no meio da pista, corremos o risco de sermos esmagados ou não!
Por outros lado tem coisa que de longe ja dá pra sacar que o resultado não vai prestar, tipo quando pesamos a mão na hora de cozinhar...
Mas o gostoso mesmo as vezes é arriscar só pra ver no que vai dar, só que saber o resultado pode ser que sim e pode ser que não!

Né?!

Anônimo disse...

Algo assim!!!!
Michele

Alvaro Vianna disse...

Estou aqui a divagar (não devagar) sobre que acidentes seriam realmente acidentes, de acordo com sua teoria. Um Tsunami? Os modernos sismógrafos não o preveem. Tornados também não são previsíveis. Mas o local onde tais coisas podem ocorrer são conhecidos. Então, de alguma forma, se poderia evitar que alguém vivesse lá.
Um avião cai no meio do Saara, num local que não é rota de aviões. Mata piloto e passageiros e um beduíno azarado que passeava tranquilo em seu camelo. Foi acidente apenas para o beduíno; os demais tinham consciência do risco, por menor que fosse. Alguns poderiam alegar que beduíno ou camelo poderiam estar equipados com detetores de avião em queda. Não vou discutir isso.
Então, alguns alegarão que não há acidentes. Apenas graus variados de negligência.

Beijo

Anônimo disse...

Para o direito penal, o indivíduo será condenado por culpa se a sua intenção não era o crime. Uma das características da culpa é a inobservância do dever de cuidado.
(Imprudência, imperícia ou negligência!)

Essas coisas suprimem o dolo...

Mas a gente sabe que a reta não existe...

A vontade faz curvas, aviões descrevem parábolas e caem e pobres dos beduínos...

Acredito que são poucos os acidentes que existam...

Que o digam os habitantes de Pompéia.

Mulher Vã disse...

Criancinha esperta: "mamae, não quero essa laranja, ela ta muito acidente!"

Anônimo disse...

Pelas contas do rosário...

Mulher Vã disse...

Ixi, esse anônimo salgou a santa ceia! hehehehe

Alvaro Vianna disse...

De acordo com essa nova teoria da Mulher Vã, é só medir o pH para evitar os acidentes. O sal na santa ceia poderia ser para equilibrar o seu pH, ou evitar acidentes. O próprio Jesus ao dizer-se o sal da terra poderia ter o mesmo propósito: "bem-aventurados os que me seguem, pois evitarão acidentes".

Rafael disse...

De qualquer maneira, não há acidente previsível...
Ou não seriam acidentes.

Genial, parabéns pelo texto, beijo!

sblogonoff café disse...

Não é anônimo, Vã... Sou eu deslogada.

sblogonoff café disse...

Percebam que é muito raro que um fato seja acidente para todos os envolvidos. Se eu estou no passeio, com prudencia, seguindo todas as leis e um maluco me atropela, eu sofri um acidente, ele causou um dano que se enquadra em 9999,999 das vezes em imprudência, imperícia ou negligência.

Se eu deixei derramar sal na santa ceia e alguém morre por essa conta por pressão alta, é acidente pra quem?

Pra mim, que matei um apóstolo!Rsrs!
Apóstolo que sim!

We never lost control...
(porque eu amei esse ep.)

Unknown disse...

Muito oportuno teres escrito isso em 16/07. (?!)
haha (eu salguei a Santa Ceia, adoro!)