Foi um raio sem aviso prévio.
Queimou os aparelhos elétricos e disparou meu coração.
O dia está cobalto e está tudo bem.
Hoje não precisei ligar o ventilador e foi possível até
pensar num origami de estrela para decorar a casa pro natal.
A lama chegou no mar e nós continuamos comprando bobagens
doces na frente de caixa. Chocolates sedutores, MMs cheios de corantes
alergênicos e até um tubo de super bonder que a gente nem precisava. Por que a gente
tem disso, a gente humana. Mesmo se a água do mundo acabar, lutaremos como a
Furiosa em Mad Max e vamos adiante num paradoxo onde o passo que prossegue desiste do caminho escolhido quando o horizonte era outro.
Nenhuma guerra mundial foi declarada e isso merece nossas
preces. Tento manter meu íntimo em paz, e aí vem um raio com esse e é como uma
pedra tacada no lago.
Tudo isso é tão frágil. Acho que a Terra é um planeta de mal
contato onde a gente custa a ter constância.
Sobrevivemos fazendo downloads de um dia por vez pra ver quanto cabe de
arquivo em nosso propósito de mudança, pra vencer os vícios e conseguir
perdoar.
Só que tem uns dias em que algo sai do lugar e voltamos ao
início, sofremos recaídas e mudamos pra não tão melhor assim. Abandonamos
dietas, deixamos o caos se instalar nos cantos que prometemos deixar em ordem
pra sempre, e aquele hábito estranho e tão determinantemente abandonado emerge
como se fôssemos um pântano.
Mas não tem Hércules pra lutar contra a Hidra nesse pântano.
Só tem nós com um cérebro que não entende “pra sempre” e nem “nunca mais”.
"Happiness, more or less
it`s just a change in me"
(Lucky Man - The Verve)
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