Quando é o caso, fico procurando desenhos no mármore, nas
cortinas florais, no emaranhado de árvores. Geralmente procuro rosto de pessoas, de animais, de formas
que conheço.
Gosto de encontrar o familiar, por isso talvez eu estranhe
quando você revela coisas inéditas pra mim.
Sinto que essa parte estranha me faz querer te agredir de
formas nas quais ninguém verá o sangue, mas que vai doer do mesmo jeito, ou pior.
É que Narciso acha feio o que não é espelho.
Fica meio confuso isso, porque há quem diga que nos incomoda
no outro somente as sombras que também são nossas.
Eu gosto dos seus jardins, das telas e das tintas, dos
rostos sorrindo...
Gosto quando encontro um beija-flor, a mão do
Spock desejando vida longa e próspera, gosto quando encontro um dragão ou
qualquer personagem épico. São coisas do nosso
universo e isso a gente reconhece e se alegra por encontrar.
Mas eu não sei por que essas outras coisas que são tão
intimamente estranhas a nós ainda atravessam nosso coração como flecha
envenenada. Poderíamos apenas aceitar que o mundo é infinito demais para
conhecermos tudo e admitirmos que é necessário aprender até sobre matéria
escura.
Que forma é essa que me confrange?
Se eu reconheço alguns de seus
aspectos, porque quero apagá-los?
Eu não sei exatamente por que quero gritar até a imagem ser
outra, até se tornar algo mais familiar e aconchegante como um abraço ou a
primeira colher de Häagen-Dazs de macadâmia.
Olhando as rajas do mármore dessa parede, só procuro o que
conheço, porque do contrário, poderia inventar qualquer forma e dizer que ela
estava ali, por coincidência.
O problema, meu bem, é que a gente nunca acreditou no acaso.
3 comentários:
Das pareidolias!
Eu não acredito mais no acaso.
Ah, aquele watts não existe mais, fui roubado na Bahia, é uma longa história.
Depois vc me manda seu contato dnovo por favor.
16 993160800 meu wats
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