segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Epifania Supernova

E de repente,
não mais que de repente
, toda angústia se dissolveu naquele ato.
O mundo se mostrava grandioso e brilhava mais na medida em que seus sentimentos retornavam do passado.
Abriu o livro por necessidade e encontrou inesperadamente, entre as técnicas páginas, a didática da revelação:
um botão de rosa vermelha, desidratado.
“Natureza morta” emanando vida às horas.
Foi um presente dele, talvez o único sincero.
Ela guardou para não esquecer.
Mas não era ele e nem a rosa que significavam aquele momento.
Era a resposta mística aos seus apelos ao alto.
Era o símbolo da sabedoria materna que recomendava fé, que a exortava ao caminho estreito, tão difícil de seguir.
Era uma mensagem ao seu coração assustado, egresso da “Terra do Nunca” dizendo: “Pulse. Impulsione. Não se impressione.
Não deixe a pressão te levar.”
O mar não deve ser maior que a Vontade.
Ela sabia. Ela sentia. Aquela era a sua epifania e as lágrimas de então eram de gratidão à vida.
Lá fora tudo continuava exatamente igual ao que era antes dela abrir o livro:
os carros, as buzinas, a algazarra, os enigmas e os prazos.
Por dentro dela, uma supernova acontecia.
Sua razão, quase sempre cética,
naquele instante deixava-se levar pelo
fluxo disperso do invisível e pela ordem incompreensível do universo.
Caso sua sensibilidade estivesse mais aflorada,
teria ouvido o silêncio sussurrando:
- Aquiete seu coração. A primavera já se anuncia!
.
.
.
Supernova: corpos celestes que surgem depois que uma estrela explode.

11 comentários:

Elga Arantes disse...

Oi Michele,

Poxa vida!Sem demagogia, esse seu texto está irretocável, maravilhoso, de uma clareza incrível.
Ainda bem, podemos contar com a sabedoria divina para auxiliar na árdua tarefa de aquietar certos ânimos. Não podemos mesmo esquecer que o exercício de aproximação com nossos amigos de lá é outra tarefa difícil que requer perseverança e
Ainda bem, também, podemos contar com pessoas para dividir conosco esse peso.
Comigo você pode contar, sempre. Tenho por você uma consideraçao gande que nessa altura agrega, já, um carinho muito sincero.
Um beijo.

Karen disse...

Assino embaixo da Elga!

Está incrível mesmo. A frase que mais me impactou foi "O mar não deve ser maior que a Vontade". Vou lembrar disso, sempre.

bjs

BORBOLETA CULT disse...

Outro dia fiz um poema triste sobre estações, mas já fiz alegres. Deve ser por causa dos dias que passei.
Mas "Epifania" é uma coisa estranha nesses dias. Espero que seja um eclipse de sentimentos.

sblogonoff café disse...

Ei meninas!
Engraçado...
Eu não sou devota de nenhum santo, tampouco sou católica e nem minha mãe. Minha fé precisa de provas às vezes...
Agosto foi um mês muuuuuito complicado. E minha mãe, pela fibra ótica, pedia que eu tivesse fé e falou que rezou para Santa Terezinha (dizem que ela manda flores pra gente). Disse para eu ficar atenta aos sinais e que eu não estava só. Ela disse que eu receberia flores nos próximos dias, mesmo que as virtuais.
Eu, entre crer e não crer, abri meu livro de Penal para estudar e encontrei o botão de rosa lá, seco.
Foi como um tapa no meu ceticismo.
Pode até ser coincidência, mas o momento não me permite duvidar.
Nunca estaremos sós!

Se a Vontade é o nosso maior dom, superar é uma questão de tempo!

Beijos à todos!

Sheyla disse...

Michele,
Não acredito em santos e não gosto das imagens deles. Mas acredito em Deus e em muitas, muitas coisas não explicáveis cientificamente falando.Tenho uma fé que pouquíssimas pessoas entendem e...
Ctrl Alt Delete, rs...
Seu texto falou de um dos sentimentos mais belos que aprecio: a gratidão.
Bjs.

Patrícia Ferraz disse...

E não é que os dias melhores vêem mesmo? Acho muito curioso que a gente passa pelos altos e baixos meio que simultaneamente, né?! rs Muito interessante isso...

Beijos!

Karen disse...

É verdade mesmo...provavelmente por isso nos identificamos tanto...

Otavio Oliveira disse...

e nesse instante uma supernova pra revolucionar o cosmo agora (é isso?)

ou então

no universo das páixões, amor assim é supernovaaaa (acho que é assim)




sobre o meu post, é uma ficção. ;)

sblogonoff café disse...

Eu sei que é ficção!
A ficcção é uma forma romanceada de narrar a realidade!Rs

Mas toda boate tem um fundo de verdade!!Hehehe!!

E nesse instante uma supernova
pra revolucionar o cosmo
agora que o universo está emexpansão!!!
(Ritimo 38 do PSR-510! Com baixo no Su de supernova!Lembra?!)

Anônimo disse...

Um texto como esse não é muito para ser lido. é para ser sentido discorre dentro de nós, em muito sentimento...Ah e sobre a bienal até que eu ia gostar muitoo hehehe
bjos

Anônimo disse...

Mas que texto magnânimo! Percebemos a alegria da vida ao ver um pedaço de flor morta. A vida refletida na morte.

E seu comentário 'explicando' o texto foi uma das coisas mais lindas que já li.

Parfait!