sexta-feira, 28 de março de 2008

Nas entrelinhas das Cartas Chilenas



Fly away skyline pigeon fly towards the dreams...

Livros de auto-ajuda não dizem tanto quanto exemplos de pessoas.
Eu tive o privilégio de ter conhecido pessoas fortes, com grandes histórias de superação. Pessoas que nas dificuldades, permaneceram firmes em seus propósitos, que continuaram confiantes em sua capacidade e no Amor Divino por todos nós.
Pessoas que não se renderam e nem se rendem ante as tempestades, ante o imenso mar, ante as movimentadas metrópoles.
Pessoas que não se contentam com o imobilismo da “sala de jantar” e mostram que o passo à frente é a chave das conquistas e realizações.
Pessoas que mostram na prática como é que os talentos se multiplicam.
Pessoas que fazem de sua vitória um motivo a mais de esperança para que aqueles como eu, possam seguir e ir além dos limites inventados, dos horizontes perceptíveis.
Beatriz, este post é pra você!
É sobre você.

O sblogonoff está em festa com sua vitória! Parabéns Doutora!

terça-feira, 25 de março de 2008

Perplexidade


Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy era você, além das outras três
Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões...


Fui à janela para ver a lua.
Não havia. Não a vi.
O céu estava cinza. Chovia.
Na TV, a voz do Jornal Nacional, ecoava nomes.
Diversos nomes. Todos de crianças.
Crianças que não existem mais. Não aqui.
Foram brincar de super-heróis em outros reinos.
Foram vencidas por um inimigo pequeno. Bobagem.
Crianças fazem barulho, fazem bagunça.
Mas barulho de mosquito atormenta mais.
Zum, zum, zum, agoniante.
Letal.
Falaram muitos nomes.
De vez em quando, diziam o nome e mostravam a foto.
E de vez em quando falavam sobre quem era.
O nome dele era Leonardo. Não sei de onde.
Tinha seis anos. Gostava de brincar de super-herói.
Como o nosso Léo.
Eu não consigo imaginar o mundo sem toda a desordem que o Léo causa.
Sem o seu barulho, sua doçura, sua birra, sua atividade, seu sorrisinho de iluminar.
Eu não consigo imaginar o mundo sem Jefersons, sem Luans, sem Jennifers, sem Gugus...
E os pais dos meninos que viajaram? E nós que ficamos aqui?
Será que somos indefesos? Será que temos o poder? Super poder?
Este é o século XXI, a cada dia uma invenção fantástica, um avanço tecnológico, um megaevento high tech., a proximidade da cura da Aids...
E Deus de uma maneira irônica vem nos ensinar por entrelinhas e linhas tortas demais que a vida tem dessas coisas. E as coisas possuem culpados.
Mas eles eram inocentes, não é?
Eles foram brincar lá longe.
E nós ficamos aqui entre os insetos e a perplexidade.
:
:
Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim.
Pra lá deste quintal era uma noite que não tem mais fim.
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?
(Chico)

domingo, 23 de março de 2008

Geográfico Blues


Estranho aviso: Em Minas não há mar.
Eu vou pro litoral buscar explicação pra essa geografia
E se houver bom senso nesse sangue inquieto dentro da artéria
Eu volto ao continente com respostas científicas e sérias

Se fico distante e tão sentimental
Talvez o miocárdio tenha explicação pra tal melancolia
Pisei em falso e feri meu coração em uma aramadilha
Que se travestiu de verdade, me apunhalando em plena luz do dia

Tentaram me convencer
com artimanhas tolas e um vil sorriso.
Eu deixei me levar
e mergulhei de corpo inteiro e sem juízo.

Hoje eu ando desconfiada
Eu já sei o fim desse enredo
Embora o amor pereça onde nasce o medo

Eu fico às margens
E as ondas batem, violentam rochas firmes
Mesmo as rochas cedem ao poder da água febril insistindo
Um coração de pedra sangraria à força de um amor cruel
Mas o meu coração, mesmo partido, sabe que ainda é seu.

******
(Feita em 2005. Mas hoje meu coração não é de ninguém. É de todo mundo!)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Pessach

(cena de Le fabuleux destin d`Amelie Poulain)
****
Nascer é uma passagem.
Depois é passar pelos portões da escola.
Depois é passar de ano.
Depois é passar o natal na casa dos avós.
Depois é passar na casa do melhor amigo.
Depois é passar o som para o próximo show.
Depois é passar no vestibular.
Depois é passar no exame do Detran.
Depois é passar a fazer tudo com pressa.
Depois é passar a pensar diferente.
Depois é passar por “ele” com o coração em sobressaltos.
Depois é ver que ele começou a fazer parte da sua vida.
Depois é perceber que ele passou.
Depois é ver que tudo passa com o tempo.
Depois é passar o tempo entre a monografia e o resto.
Depois é passar pelo fim e reiniciar.
Depois é passar no exame da ordem.
Depois é passar por apertos.
Depois é passar por atalhos.
Passar entre as pessoas
Passar pelos caminhos,
pelas pontes, por vidas e através delas.
A gente sempre fica por onde passa.
O passado sempre fica nas fotos.
O presente existe no passado como uma estrela extinta.
As nuvens são passageiras, assim como tudo por aqui.
Passagens, enfim.
Somos passagens também.
Passarinhos!
O sblogonoff deseja à todos um destino fabuloso!
Transmutações em cada passagem.
Felicidades em todos os ritos.
Páscoa e Paz.

domingo, 16 de março de 2008

Eufemismos

Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias que encurtem dores
E furtem cores como camaleões

(Língua, Caetano Veloso)


Continuam dizendo que eu floreio muito pra dizer o que posso dizer com uma palavra.
Isso não é de hoje. Eu prefiro falar “orifício circular corrugado” a falar o seu sinônimo de duas letras e um acento agudo. Não gosto de falar palavrões. Pronto.
Não sei qual é a necessidade de escancarar tudo, de falar tudo como se deve e de falar até o que não deve! Me disseram que ser politicamente correto era atitude fruto do imperialismo americano etc e tal. Eu não sou politicamente correta! Alías, acho este termo paradoxal. Como ser POLITICAMENTE correta? Cafetinas capixabas podem responder esta melhor do que eu.
Pode ser criação, cultura, vergonha, hipocrisia, o que for. Eu não gosto dos palavrões.
Sabe do que gosto? Da palavra. De seus desdobramentos, de sua capacidade líquida de ingressar em qualquer recinto e transformar os seus signos.
Por exemplo, POROROCA. É o fenômeno que ocorre quando águas diferentes se encontram. Imaginem agora que a aquela música tão bonita do Jorge Vercilo se chamasse POROROCA e não ENCONTRO DAS ÁGUAS. Acaba a poesia!
Na verdade, nem sempre tudo deve ser poetizado. Eufemismos podem ser armadilhas às vezes. Certas coisas devem ser vistas e transmitidas nuas mesmo. Outras, em carne viva. Depende do que se quer dizer, do que se quer transmitir, do que se quer ocultar ou travestir!
Mas sinceramente, se eu posso usar uma palavra bonita para substituir outra menos glamourosa e assim inverter a sua carga, eu faço.

E deixa que digam, que pensem, que falem...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Sobre março, piscianos, abraços e o manequim


Estamos em março.
Março é um mês cheio de aniversários.
Cheio de piscianos.
Cheio de águas que fecham o verão.
Cheio de saudades.
Cheio de expectativas.
Cheio de esperança.
Eu tenho uma caixinha cheia de idéias.
Tenho palavras para presentear, fazer odes.
Tenho lembranças dos últimos abraços.
Abraços das chegadas, das despedidas, de felicitações,
abraços que falam de amor,
abraços que seguram o tempo entre o aperto dos corpos.
Os dinossauros se abraçavam com o pescoço.
Eles se pescoçavam.
Agora, uma hora tão imprópria pra falar qualquer coisa.
Ao meu redor não há ninguém.
Ao meu redor há muito o que fazer.
Coisas demais.
Lá fora o tempo está nublado, mas minha cabeça está cheia de sol.
Há uma lua em minha cabeça e outros satélites.
Constelações.
Sensação estranha a que sinto.
Acho que é este café...
Faz tempo que não desejo.
Ando apaixonada pelo manequim da loja da esquina.
Mas ele não tem cabeça.
É só resina negra com tríceps,
barriga tanquinho e uma bermuda Rip Curl.
Ontem eu fiquei presa sozinha no elevador...

Ouvindo Mondo Bongo, Joe Strummer, Beck, Roberta Campos

quinta-feira, 6 de março de 2008

Efeitos colaterais da P-psiquê. Obrigada! De nádegas.


Há atrasos no espaço também, se bem que o tempo é relativo.
Chegou finalmente o novo estoque de P-Psiquê ou Pepsi-Q.
O que você escolher. Somos o sblogonoff café.

Come on baby, ligth my FIREWALL, para não deixar passar nenhum virus letal pelas portas desse café, ou se passar por The Doors no Windows XP. Para que nenhum Hacker invada este espaço e que não seja invadido por um rato qualquer... A não ser os ratos de prestígio, assim como Ratatoille, assim como o Topo Gigo, Mickey mouse, lap top less na areia digital, ondas e tijolos. Use proteção de tela para sexo virtual. Norton nos norteie, nos defenda de uma virOSE Osbourne, I just want you, Iron MAN, DIGO sem esMOLAS encolhidas na temporada ideal. Impulso. EuroTrip pelo guia do Terra. França, Itália, Holanda. Se ouvir Chico BuARQUE com as conseqüências. E tenha fé se for ler NietzsCHE Guevara a noite em claro na Alemanha, na ArgenTina Turner, cabeleira black POWER POINT no Brasil. Na Europa, turopas, ele ropa, ele rompe, nós rompemos. Ele foi. Você vem. Se vier clandestino dentro de um container, contenha seu grito e mantenha a sanidade. Abstinência, coca-cola e rock em roupa nova do imperaDOR de cotovelos como as de canções dos traídos. Eu que sigo distraída, não quero ouvir refrão de música sertaneja. Do sertão, quero as veredas e as neologias cor de Rosa. Quero um tridente e duas asas. E no meu café quero abundância, não essas revistas cheias de rostos melhorados em Photo Shop. Juca Chaves já dizia que a beleza de uma mulher não tá na cara. Tá na jura, tá na jura...

terça-feira, 4 de março de 2008

A luz de minha mãe

Provavelmente o universo estava em polinização cósmica. É uma das explicações que consigo para falar de minha mãe. E nunca será tudo sobre minha mãe! Um ser fantástico, uma flor rara, rainha de um jardim encantado, dona de um reino de poemas, flores, canções do passado, do presente, de presente, do futuro. Energia e doçura. Força e ternura.
Uma amante das artes, do belo, das coisas que vão para além do simples, do comum.
Dona de uma fé inabalável que me toca no mais íntimo, quando quero vencer minhas sombras, quando eu tenho medo do escuro, quando eu tenho medo do futuro.
Dona de um abraço aconchegante, o melhor abraço do mundo, que tem o poder de secar as feridas e afastar a dor. Que tem o poder de aninhar.
Dona de ombros fortes e costas largas, que sustenta cruz de palha, cruzes de palha.
Que sustenta quando caímos e nos ajuda a reerguer.
Dona de voz de soprano, que transforma a casa quando se solta, que movimenta canções como ondas, que faz o mundo ser música quando canta.
Mãe, eu sabia que um dia eu estaria longe, mas não imaginava como estaria tão presente em mim.
Como está presente em cada frase, em cada verso, em cada valor que trago comigo.
Como está presente na pessoa em que me transformei, mesmo eu sendo uma menina muito diferente da menina que você foi.
Até mesmo quando lembro das canções de ninar que cantava pra gente dormir. Cada nota, cada vibrato, cada significado.
Trago comigo as frases, as verdades que chegam depois de vinte anos (!), os versos de efeito, as frases dos outros e sua presença por intermédio: Para ser grande, sê inteiro... A vida é luta renhida, viver é lutar... Põe o quanto és naquilo que fazes... O mal impera onde há desordem... Cuide do seu jardim... Não esqueça quem você é... Muitas outras...
Trago comigo sua vontade de ser sempre melhor e de melhorar o mundo por conseqüência. A vontade de ser correta e o esforço de perdoar e principalmente a necessidade de vencer pelo Amor.
Hoje, você completa um ciclo sexagenário, e o sblogonoff brinda à isso com alegria e reverência.
E eu brindo, mainha, com o coração repleto de amor e orgulho por ter vindo do seu ventre.
Dona da vida.
Uma vida de lutas, de transformações, de sofrimento redentor, de alegria consoladora, de muitas vitórias, de versos e canções, de muitas histórias de reis e rainhas, de fadas e duendes, de príncipes e princesas, de seres folclóricos e de reinos imaginários.
Uma saga de belas páginas.
Um brinde, mãe!
À sua existência de luz.

Vá pensiero
(Tradução, porque você gostava de ouvir)

Voa, pensamento, com tuas asas douradas
voa, pousa-te nas encostas e no topo das colinas,
onde perfumam mornas e macias
as brisas doces do solo natal!
Cumprimenta as margens do rio Jordão,
as torres derrubadas de Jerusalém...
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh, lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada dos grandes poetas,
porque agora estas muda?
Reacendas as memórias no nosso peito,
fale-nos do bom tempo que foi!
Como Sólima fez com o destino
traduz em música o nosso sofrimento,
deixa-te inspirar pelo Senhor
para que nossa dor se torne virtude!