e as menininhas fazem coraçõezinhos no embaçado do Box,
vive uma não tão bela plebéia. Não, não, não...
Vamos mudar esse início:
Numa república federativa não muito distante da Bolívia ou da Argentina, ou do Paraguai,
onde os passarinhos assobiam Tico-Tico no Fubá e as menininhas fazem coraçõezinhos no embaçado do Box (resolvi deixar a parte do banheiro aqui!), vive uma razoável cidadã. Razoável? Que adjetivo é esse?!
Ela não tem madrasta má e não há bichinhos para o caçador arrancar o coração. Nesse lugar, a perversidade é camuflada, mas consegue-se ter uma harmonia apesar de tudo.
Certa perversidade existe nos padrões. Era uma república, era necessário estabelecer padrões para que os cidadãos soubessem por onde andar, o que fazer, onde fumar, onde trepar, essas coisas... E nós sabemos que quebrar padrões é se tornar diferente do resto ou de certa forma ser mais ou menos do que os outros que estão dentro do que se espera. É assim que surge o louco, o marginal, o gordo, o feio, o inadequado, as minorias.
Bom, mas essa razoável cidadã não queria saber nada dessa coisa antropofilosófica. Ela queria era caber naquela calça número 42. Estava sem entender porque a 40 não serviu, porque não passou nem nas coxas. A 42 não fechava o zíper direito, nem murchando a barriga. Comprou a 44 pensando que aquilo era absurdo. A calça número 44 nova tinha a cintura menor do que aquela velha que estava usando, número 40. “Poxa, deviam padronizar geral”. Lá na loja, enquanto ela dizia “Isso aqui não ta certo”, a vendedora respondia “É que depende da fôrma”. E ela em pensamentos “Que fôrma é essa que quer colocar todo mundo em forma de Barbie?”
Mas ela saiu da loja mais ou menos feliz com sua nova calça número 44. Fingiu que não ia se importar, mas chegou em casa com fome e comeu só maçãs. Agora estava numa dieta dessas por conta própria, à base de maçãs.
Finalmente chegou o dia em que a calça entrou confortavelmente. A nova calça número 44. Iria valer a pena, pois nos últimos dias ela vinha sonhando com frangos assados dançando Can Can sobre a mesa, espaguetes enroscando em seus braços, bombons fazendo passinhos de pagode... (A fome é má conselheira!!hehe).
De calça nova ela foi ao encontro do príncipe, aliás, do razoável cidadão. Ele demorou um pouquinho pra chegar no lugar marcado. Ela esperou se entretendo com um joguinho de celular
e nisso sentou sobre a perna e ficou lá. Calça skinny, perna dobrada, ele chegando...
Quando ele veio, ela se levantou depressa, mas a perna não acompanhou e foi inevitável o tombo. Não teve glamour nem cavalo branco, só a pequena tragédia. Ploft! "Ãin"
“Cê ta bem?”
“Claro que não" pensou ela, "morrer é melhor”
Mas o que ela disse foi outra coisa: “ Tô sim. É que minha perna ficou dormente”.
Então ele veio com aquela mania que as pessoas têm de ficar esfregando a perna adormecida dos outros, até aquela caimbrinha passar. “Formigou?”, ele pergunta.
“Pára com isso, ta doendo”.
Mas ele insistia. Depois que passou o vexame e o formigamento, ela riu do próprio tombo, pensou em como aquela calça apertava a batata de sua perna e disse: "O filme vai começar daqui a pouco". Ele se desculpou pelo atraso e juntos foram felizes para o sempre que cabia entre aquele ponto e a sala de cinema.
Mas antes fizeram uma parada.
Hoje ela queria Milk Shake de Ovomaltine! De 500ml.
Vamos mudar esse início:
Numa república federativa não muito distante da Bolívia ou da Argentina, ou do Paraguai,
onde os passarinhos assobiam Tico-Tico no Fubá e as menininhas fazem coraçõezinhos no embaçado do Box (resolvi deixar a parte do banheiro aqui!), vive uma razoável cidadã. Razoável? Que adjetivo é esse?!
Ela não tem madrasta má e não há bichinhos para o caçador arrancar o coração. Nesse lugar, a perversidade é camuflada, mas consegue-se ter uma harmonia apesar de tudo.
Certa perversidade existe nos padrões. Era uma república, era necessário estabelecer padrões para que os cidadãos soubessem por onde andar, o que fazer, onde fumar, onde trepar, essas coisas... E nós sabemos que quebrar padrões é se tornar diferente do resto ou de certa forma ser mais ou menos do que os outros que estão dentro do que se espera. É assim que surge o louco, o marginal, o gordo, o feio, o inadequado, as minorias.
Bom, mas essa razoável cidadã não queria saber nada dessa coisa antropofilosófica. Ela queria era caber naquela calça número 42. Estava sem entender porque a 40 não serviu, porque não passou nem nas coxas. A 42 não fechava o zíper direito, nem murchando a barriga. Comprou a 44 pensando que aquilo era absurdo. A calça número 44 nova tinha a cintura menor do que aquela velha que estava usando, número 40. “Poxa, deviam padronizar geral”. Lá na loja, enquanto ela dizia “Isso aqui não ta certo”, a vendedora respondia “É que depende da fôrma”. E ela em pensamentos “Que fôrma é essa que quer colocar todo mundo em forma de Barbie?”
Mas ela saiu da loja mais ou menos feliz com sua nova calça número 44. Fingiu que não ia se importar, mas chegou em casa com fome e comeu só maçãs. Agora estava numa dieta dessas por conta própria, à base de maçãs.
Finalmente chegou o dia em que a calça entrou confortavelmente. A nova calça número 44. Iria valer a pena, pois nos últimos dias ela vinha sonhando com frangos assados dançando Can Can sobre a mesa, espaguetes enroscando em seus braços, bombons fazendo passinhos de pagode... (A fome é má conselheira!!hehe).
De calça nova ela foi ao encontro do príncipe, aliás, do razoável cidadão. Ele demorou um pouquinho pra chegar no lugar marcado. Ela esperou se entretendo com um joguinho de celular
e nisso sentou sobre a perna e ficou lá. Calça skinny, perna dobrada, ele chegando...
Quando ele veio, ela se levantou depressa, mas a perna não acompanhou e foi inevitável o tombo. Não teve glamour nem cavalo branco, só a pequena tragédia. Ploft! "Ãin"
“Cê ta bem?”
“Claro que não" pensou ela, "morrer é melhor”
Mas o que ela disse foi outra coisa: “ Tô sim. É que minha perna ficou dormente”.
Então ele veio com aquela mania que as pessoas têm de ficar esfregando a perna adormecida dos outros, até aquela caimbrinha passar. “Formigou?”, ele pergunta.
“Pára com isso, ta doendo”.
Mas ele insistia. Depois que passou o vexame e o formigamento, ela riu do próprio tombo, pensou em como aquela calça apertava a batata de sua perna e disse: "O filme vai começar daqui a pouco". Ele se desculpou pelo atraso e juntos foram felizes para o sempre que cabia entre aquele ponto e a sala de cinema.
Mas antes fizeram uma parada.
Hoje ela queria Milk Shake de Ovomaltine! De 500ml.