domingo, 22 de fevereiro de 2009

Estou indo

O planeta Terra gira numa velocidade impressionante.
É assim que os anos passam.
De repente é carnaval.
E depois dele o ano começa.
É assim aqui no Brasil.
Estou na expectativa do looping.
A vida que me ensinaram como uma vida normal,
não foi a vida que eu quis viver.
Frio na barriga.
O frio na barriga é quente.
Sinto o vento dos impulsos.
Estou na crista, mas estarei por segundos.
A vida não vai sempre passar em flash back.
Algumas escolhas não possuem o botão de reversão.
Mudar de idéia, não é alternativa.
Você escolhe e o resto é conseqüência.
É preciso cavar buracos para plantar sementes. (Sobre a dor).
O universo se expande e eu cresço com ele.
Neste momento tenho tudo que preciso.
Tendo o mundo inteiro e acordes de músicas.
É agora...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Catavento, a galáxia

E então ecoa a voz da professora de ciências da quinta série: Vento é o ar em movimento.
Eu lembro que achava aquilo lindo.
Aqui onde estou, o ar não consegue se movimentar muito. São muitos prédios, pessoas e egos. É possível fazer leves movimentos, mas que não causam a mais suave brisa. As coisas são mais artificiais por aqui. Precisamos de ar condicionado e ventiladores e um leque (hahaha, adorei usar essa palavra agora) de fazedores de vento, de circuladores de ar... Poderíamos usar tudo isso agora, mas quando lembro do vento da beira da praia ou das montanhas, essa parafernália não significa nada.
Senhor, esse vento que produzimos à força não está aliviando o calor, não ajuda.
As cabeças continuam quentes, fervendo. Os ânimos estão exaltados e a paciência tirou férias de verão. Deve ter ido pra um lugar onde venta bastante, sei lá, ido surfar no Havaí...
O sol é fonte de vida, é energia. Se ele morresse, morreríamos todos.
Então, porque alguns de seus efeitos são assim? Parece que o capeta está cozinhando os trópicos em seu caldeirão, misturando os justos e injustos (baby, ninguém é inocente), os belos e os malditos, as fadas e o saci-pererê!
Era só beber um copo d`àgua, respirar, esfriar a cabeça, moderar o tom de voz e transformar os momentos. Mas a gente sempre quer mais, né?! Quer as chamas.
Pois é. Pra que?
Pra justificar o suor?
Seria tolo da nossa parte.
Ainda acho que o diálogo é a fonte da solução dos conflitos. Em um diálogo, você deve se colocar no lugar do outro para depois emitir o próprio ponto de vista. Você deve ter paciência para ouvir e para discordar também. Nem é tão difícil.
“Não se apoquente”, um distinto poeta falou.
Que bons ventos os levem, que bons ventos os tragam, que o calor não trague nossa delicadeza no trato, que não estrague sentimentos sólidos. Que o calor derreta o gelo de nossa teimosia e que um pouco só de água fria possa nos salvar.
Hoje foi um dia quente, mas vi no Terra a Galáxia Catavento. Achei bem refrescante o nome. São milhões de estrelas brilhando longe de nós.
Direcione, Senhor, algum vento purificador pra esse povo do concreto aqui.
A gente precisa de ar.


Ah, e não se esqueçam: USE FILTRO SOLAR!!hehehe

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Seu desejo é uma desordem

Desejar é uma característica dos seres imperfeitos.
Claro, a perfeição não deseja nada, por se bastar.
Se é assim, Deus ou os deuses não desejam nada de nós.
São perfeitos e se bastam.
Nós estamos aqui à deriva, à mercê dos nossos próprios desejos e de suas consequências
O desejo é mais que ter vontade. A vontade é ação e movimento.
O desejo é metafísico, mora na cabeça da gente e nem sempre se expressa.
Alguns ficam atrofiados lá no coração, no cérebro ou no útero.
O feto da mulher grávida (meio pleonasmo) que não teve um desejo atendido, nasce com a cara do desejo que ela teve. Pensa, se ela desejou comer abacaxi e não comeu (vai ser mãe de um rei ou de um punk!), ou se quis comer pepino (vixi) ou fruta do conde. Minha mãe desejou comer figo quando eu era feto e nadava no ventre dela. Se ela não tivesse comido, seria uma tristeza, porque um figo cortado ao meio parece muito uma... Deixa pra lá.
Criança que deseja e não pode ter, fica aguada. De onde vem essa expressão? Lá em Minas se fala muito em “ficar aguado” (ou talvez seja agoado). "Não mostra isso pra Pedrinho não, tadinho. Ele gosta e não pode. Vai ficar aguado."
Bom, quem souber, me explique, que eu vou ficar feliz!
O desejo quase sempre é provocado. Pode ser por uma pessoa fazendo cara de “quero devorar você”, pode ser um chocolate ou um bolo confeitado, podem ser os incríveis apelos da mídia, que de uma hora para a outra faz o brega que você detestava ficar chique. E agora você deseja tudo o que desprezava antes.
Alguns desejos, os reprimidos, dão um nó no estômago das pessoas. Ficam lá sob análise pra gente saber se é justo ou não é, se vale a pena ir avante, se foi bom ter renunciado...
Tem desejo que vem com a culpa e com um chicote de brinde, e faz a gente se auto-flagelar até tirar sangue das costas.
Outros desejos já nascem proibidos e nem por isso deixam de ser atendidos ou realizados.
O desejo independe da tecla “enter” pra acontecer. Ele é entidade autônoma. Se ele é realizado ou não, são outros quinhentos.
Eu desejo tanta coisa, que vou apertando o gênio dentro da lâmpada, louco pra eu atingir a perfeição e parar de necessitar.
É, né, porque necessitar pressupõe carência e às vezes a gente carece de coisas que não precisa.
A gente quer mais do que o essencial, a gente quer as bordas recheadas também.
A gente gosta da cereja do bolo, a gente quer saída para qualquer parte.
Caso desejássemos o simples, o essencial nos bastaria e pouparíamos as moedinhas que jogamos no poço.
Se o essencial nos bastasse, não existiria má distribuição de renda e nem a infidelidade afetiva.
Essas são as duas coisas que mais causam a desordem no mundo.
Ai, ai, esses desejos...
Sai fora Aladin, não desejo voar em seu tapete.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ó doce irmã, o que você quer mais?
Eu já arranhei minha garganta toda
Atrás de alguma paz.
Agora, nada de machado e sândalo.
Você que traz o escândalo, Irmã-luz.
Eu marquei demais, tô sabendo
Aprontei demais, só vendo
Mas agora faz um frio (muito calor) aqui.
Me responda, tô sofrendo:
Rompe a manhã da luz em fúria a arder
Dou gargalhada, dou dentada na maça da luxúria
Pra quê?
Se ninguém tem dó, ninguém entende nada
O grande escândalo sou eu aqui, só.
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escândalo, do Caetano.