quarta-feira, 8 de setembro de 2010

MORUS NIGRA (Epsódio I)



Ele estava ocupadíssimo, metido em dezenas de livros e jurisprudências, afim de encontrar a “brecha panacéia” que solucionaria todos os casos aparentemente insolúveis.
Ela chega ofegante. Senta no sofá solo. Levanta, pega um café, senta-se novamente e diz:
- Cara, to com febre.
Ele levanta a cabeça, a observa por sobre os óculos por uns momentos e continua por sua busca em silêncio.
Ela termina o café, levanta, vai até a mesa onde ele está, abre um livro, folheia sem ler nada, volta ao sofá, esparrama-se e diz outra coisa:
- O problema de depilar tudo, absolutamente tudo, é que o xixi sai como um esguicho e escorre pela perna. Ai, que ódio que me dá. Quero matar alguém.
Ele pára, tira os óculos e a fita. Incrédulo:
- Tu te tornas completamente inimputável, já que és louca e reativa.
Dentro dela, todas as exclamações e interrogações se unem no centro do pulmão, fundem-se, e são expelidas para o exterior em forma de hã de top model. Assim: Hã?!!!!!?
Ele simplesmente volta aos livros.
Ela simplesmente continua conversando, sem perguntar de novo, sem tentar entender o que ele disse. Levanta.
- Esse creme hidratante de cereja é uma delícia.
Dizendo, quase esfrega o braço no nariz dele.
- Sente? Não é? Vontade de comer o meu braço.
- Porque você está tão visceral hoje? Assim, querendo matar, querendo se comer?
- Meu Deus, homem? O que é visceral? E aquela coisa que me xingou... putável... Estou aqui, “indo pro meu lugar calmo”, como aprendi no desenho. Respirando, e você só me ofende. Qual é?
Ele movimenta os lábios. Algo que parece um sorriso. Vai até a estante, pega um volume imenso, volta pra mesa, passa por ela e continua à procura do santo graal.
Ela olha pra ele com piedade. Aproxima. Faz menção, mas não fecha o livro que ele pesquisa.
- Urbano, estou doente. O médico disse que vou morrer.

*

*

(continua em qualquer dia desses)

5 comentários:

Daniel Savio disse...

Putz, no final, era tudo para chamar a atenção para depois dar a real noticia...

Mas senão me engano, tinha uma frutinha como esta da foto que eu adorava fazer guerrinha com os outros.

Fique com Deus, menina Michele.
Um abraço.

Rafael disse...

huauhauhuahuha muito bom,me parece uma ninfeta de manoel carlos

Rafael disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Parece que a tristesa nos trás reações imprevisíveis como a vida.
A atenção ao outro beirou a indiferença como rotina.
Aguardo a próximo capítulo...
Aguardo...
Beijos...

LuizH

Mariana Ornelas disse...

UHAUHAUHAUAHAUAHAUAHAUAHAUAHAU

AMEI, QRO MORRER ASSIM, DANDO A NOTICIA ENQUANTO RIEM , E COM TRES DIAS DE FESTA ,TODOS BEBENDO E CHORANDO NO MEU BURACO KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK