terça-feira, 23 de julho de 2013

Pelos poderes de Grayskull (irmã luz)

Toda manhã quando vou ao banheiro (e isso é quase religioso), levo qualquer coisa pra ler enquanto a vida acontece. Se a hemorroida não desabrochar, creio que continuarei com isso porque me apraz e porque tenho dificuldade de ficar sozinha comigo mesma dentro do banheiro. É um exercício que preciso fazer,: desfrutar de minha companhia com mente e coração, contudo, enquanto o Sr. Lobo não vem, compartilho minha existência com coisas exteriores. Gosto de estar só (de sozinha) no quarto, sentindo meu corpo, minha respiração e procurando não ter pensamentos sobre nada. Mas no banheiro, se eu não tiver algo pra ler, represento um personagem que está doando a medula espinhal. (...) É minha novela imaginária! Imagino sempre que ao final alguém segura a minha mão, em solidariedade à minha dor, embora o que sinta realmente naquele instante nem seja dor, e sim alívio, uma espécie de felicidade em formato mínimo. Mas nem é sobre isso que eu queria falar. É sobre o conteúdo do que li nesta manhã. O texto é atribuído a Nelson Mandela e diz: 
"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta."
Parece que foi um discurso de posse em 1994. Não importa. 
Penso, será que temos mesmo medo de nossa grandeza? Medo de procurar por ela, de remexer o lixo para encontrar luz? Será que temos preguiça de procurar? Será que somos mesmo como molas que se abstém da luz pra não assustar quem está ao redor? Ou ofuscar, ou destruir, ou tubro? Pergunto isso porque sempre acreditei que nosso maior anseio era encontrar a luz e faze-la resplandecer, deixar que a nossa melhor parte se mostrasse ao mundo. Fica escuro quando a melhor parte esmaga o mundo. Vejo esses grandes líderes que revolucionaram o seu país sobre o sangue de milhares e vejo o Darth Vader que por ter medo foi para o lado negro da força. Todos tiveram o poder nas mãos, mas talvez o poder estivesse encapsulado na camada sombria de medo que reveste toda luz que esclarece e ilumina. Medo que adultera as formas de administrar o poder.
Pensemos em coisas simples como ter visão raio-X e conservar os mesmos padrões éticos. Como ser invisível e não tirar vantagem disso arrombando segredos e privacidade alheios. Se eu for simples mortal, não represento perigo pra ninguém e nem precisarei lutar contra mim mesma para me manter sã e moralmente aceitável. A mediocridade não oferece riscos em si. O problema é a manipulação da mediocridade. É prender o vaga-lume numa caixa opaca e sem furos. 
Ocorre que a manhã será e quando amanhece e os gatos deixam de ser pardos enquanto a luz traz o escândalo.
E para o escândalo não adianta protetor solar fator nenhum.

18 comentários:

sblogonoff café disse...

2º referência ao He-Man... E eu nem tenho visto He-man. Nem She-Ra...

Alvaro Vianna disse...

Quem tem a força tem grande chance de ter a luz. Mas eu que sou muito medroso para uma situação particular e em que eu nunca tenho sucesso, fico a pensar que a frase do Madiba seja válida para ele próprio e para tantos quanto sejam iluminados. Só podem temer as consequências do sucesso.

bjs

Anônimo disse...

Não é cara?
Quantos corações já não foram destroçados por um belo e carismático cavaleiro? Ou amazona...
Se eu fizer o trocadilho aqui, a frase perde o sentido!

Michele

Alvaro Vianna disse...

No caso destes cavaleiros ou amazonas, o não-medo pode significar leviandade ou até psicopatia. Também pode ser um destmido exterminador do futuro, programado para o bem ou para o mal.

sblogonoff café disse...

Pensando na ditadura do medo, que tipo de medo nos impele ao mal?

Alvaro Vianna disse...

Deve ser o medo da falta de cerveja e de sexo, lá no céu.

sblogonoff café disse...

Quem te falou que no céu não tem isso?

Mulher Vã disse...

Ou tubro!

Unidos venceremos a semente do mal!
Um irmão meu tinha nojo na hora que o Aquático conversava, se estivesse comendo, largava o prato! hahahah
Deu até vontade de assistir agora.
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Eu fazia assim no banheiro, mas quando passei a ter complicações intestinais, deixei disso, agora, sempre preciso entoar um mantrinha e me concentrar pra coisa funcionar! [porque você não gosta de funfar]


Mas então, penso que [quase?] todo mundo de vez em quando dá uma voltinha pelo lado negro da força por medo mesmo que nem o DV, o vilão mais preferido de todos os tempos, diga-se de passagem. Que nem o Alex Karev [agora citando Greys], que faz pose de malzinho só pra esconder a doçura que tem.

Acho que muitas vezes é mais fácil acreditar que não somos de nada mesmo, que não há nada de bom pra tirar dessa cartola furada.
Talvez seja medo de pensar: "peraí mas e agora, o que farei com tanta luz?"
Mas será que é assim mesmo? Quer dizer, todo mundo é yn e yang em si mesmo, é verdade essa dualidade toda?
Se assim for, a busca não deve ser da luz mas sim do equilíbrio com nossa própria escuridão.

sblogonoff café disse...

O dizer não fala do que é melhor, mas do que temos medo. Escuridão faz parte de nós. A luz também. E acredito sim que o equilíbrio é acessível. Lá em casa tem macadâmia que papai trouxe. É uma delícia, mas tá com casca. E aquilo não quebra fácil. Aí eu fico com medo de machucar minha mão com martelo ou com preguiça de ir lá fora, colocar num pano e quebrar tudo de uma vez.
Eu tenho certeza de que comeria todas, mesmo assim elas estão lá desde o natal passado.
Enfim...
Até pra encontrar o caminho do medo a gente precisa de vontade.

Alvaro Vianna disse...

Quando eu era criança pequena lá em Ribeirão do Sul, me contaram essas coisas. Nem tem futebol, nem facebook.

Mulher Vã disse...

Talvez o medo que impele ao mal deve ser daquela eterna responsabilidade que o Exupery falou no Pequeno Principe!

sblogonoff café disse...

Nó, esse céu não pertence ao nosso universo!!!
Pelo que sei facebook lá é obsoleto!!!!

Mulher Vã disse...

Hum, não tinha pensado por esse lado, a não-vontade atrai o medo. Tipo, no inverno posso não ter vontade de tomar banho por medo de sentir frio. Rs!

sblogonoff café disse...

Eu amo o mar, mas tenho medo desde uma vez que dei uma de surfista de body board e a onda quebrou sobre mim e quase quebrei todos os ossos!

O Leo não tem medo de nada e a gente tem medo por ele. Medo dele se machucar.

Mulher Vã disse...

Ele tem medo de germes!

Alvaro Vianna disse...

You Tubro!

Alvaro Vianna disse...

Falamos do medo ativo. Mas tem o medo passivo também. Tem coisas que assustam e independem da nossa vontade. Guerra nuclear, por exemplo. Quando eu era adolescente ainda estávamos em plena guerra fria e uma hecatombe nuclear parecia iminente. Eu tinha muito medo.

He-man disse...

Hoje aprendemos sobre o medo que todos temos de revelar ao mundo a nossa luz, e a importancia de fazermos isso.
Quando sentir esse tipo de medo que aprisiona, não perca tempo em enfrenta-lo, pois não só poderá dete-lo como também terá oportunidades de fazer o bem ao proximo. Como vimos no episódio de hoje, todos podemos ser luz, apenas se quisermos.

Até a proxima, pessoal!