sexta-feira, 9 de abril de 2021

INFERNO ASTRAL?

 Às vezes eu me sinto flutuando na atmosfera que o tempo criou entre tudo o que eu fui e o que sou agora. Eu tenho todas essas dúvidas e certezas, esse conformismo que como um calo enrijece uma imperfeição que tinha valor e brilho. 

Não sei se atualmente você gostaria de se sentar para tomar um café comigo, ou um cappuccino com samantilhas. Não sei se com tudo o que caminhei na superfície ainda posso ser companhia interessante ou relevante. Nem sei se sou mais uma pessoa bondosa, preocupada com os destinos do mundo e não sei como cheguei até aqui.

Eu poderia dizer que as circunstâncias me impeliram para esse lugar como uma tromba d`água que te pega de surpresa durante mergulho despreocupado no rio. Mas  não é verdade. Sei que não foi assim. Vi tudo acontecer lentamente, apertei todos os botões, moldei cada rampa de acesso com as mãos, com as ferramentas para aparar arestas e aprimorar a obra. Eu tive a consciência de que eu estava fazendo o melhor de mim, o melhor com tudo o que eu sabia e que estava aprendendo. Eu tive a consciência de que eu não fiz o melhor.

Nesse silêncio gelado, o que a vida tem realmente a dizer? Aqui no oásis, sem filhos do meu ventre, sem conquistas materiais, com inseguranças demais, apegos demais, medos demais, porém num entorpecimento confortante que pode até ter me distraído, vivendo sob a sombra de outra pessoa, o que eu tenho a dizer, o que legitima minha fala?

Eu queria saber o caminho de volta para as coisas que me traziam felicidade sem culpa, leveza sem câmera anti-gravidade. Há uma pandemia e zumbis, desgosto, política e enquanto milhares morrem de fome, eu engordo complacente entre a dieta e os aplicativos de comida.

Como é que a gente sabe que tá feliz? Como é que eu sei se você está?

E o fim é com a música do A-HA:

So, please now

Talk to me

Tell me things I could find helpful

For how can I stop now

Is there nothing I can do

I have lost my way

Por favor, agora fale comigo / Me diga, coisas que eu poderia achar úteis /Como eu posso parar agora?Não há nada que eu possa fazer? Eu perdi o meu caminho...


4 comentários:

Unknown disse...

Testando

Unknown disse...

Olaa, nossa... quanto tempo... aqui é o Rafael do bar Cafe.
Espero que esteja tudo bem com vc! Me bateu uma saudade das nossas conversas!!!

Ferreira disse...

Eu sentaria todos os dias para tomar um cafe com voce e ouvir um Mahler.

Prometeu acorrentado disse...

Eu me sinto assim. Muitas vezes.