terça-feira, 8 de julho de 2008

Exorcizando pinturas (Para você que nunca virá aqui)

"I've still got your face
Painted on my heart
Scrawled upon my soul
Etched upon my memory, baby"

Lembra?
Era essa música de The Cult que tocava no momento em que você sussurrou no meu ouvido “até o fim da minha vida”, depois de enrolar na declaração daquela nossa cerimônia underground.
Até a morte... Marte nos separou antes e nós sobrevivemos.
Você chegou de forma tão avassaladora e profética que eu não tive dúvidas. Era você. E foi.
O tempo suficiente.
Mas quando o tempo acabou, descobri que teria que me render à ele.
Teria que me render à sua presença ainda pulsante em mim, à sua revelia.
E o pior, teria que conviver com aquele sentimento que não era saudade. Nosso rompimento trágico não permitiu que eu sentisse sua falta, mas uma dorzinha vagabunda e o desejo de que tudo tivesse acontecido de outra forma. Do jeito que a gente planejou, com casa, filho, cachorro, viagens e a eternidade.
A eternidade para nós durou tanto quanto um chiclete.
A vida que havia além, parecia cinza. Cinzas.
Depois do deserto afetivo pelo qual peregrinei por todo esse tempo, tive amores insípidos, inodoros e incolores. Minha vida amorosa era como água potável!Rsrs!
Mas agora eu consigo ver novamente as cores. O arco-íris. Os beijos voltaram a ter gosto.
Estou conseguindo parar de comparar você com qualquer outro.
Conseguindo tirar nossas fotos da bolsa.
Conseguindo diminuir o abismo que se criou entre mim e o mundo depois que decidi ficar ao seu lado.
Conseguindo esquecer de como você incendiava minha carne e meus nervos.
De como me fazia gargalhar e de como me fez chorar tanto.
Como me tornou plena e feliz com a vida e como despertou em mim o desejo de nunca ter existido.
Tudo está inscrito em um episódio de minha vida e não terá mais a importância desmedida, mas a devida importância.
Porque hoje eu sei que você ficou tatuado em meu coração.
Mas era tatuagem de henna.
.
.
.
Post escrito durante as alto-confissões pela madrugada. Por muito tempo eu fingi que alguns sentimentos não existiam e não faziam efeito. Mas Otávio, aquele seu texto me fez enfrentá-los e transmutá-los. Obrigada!

13 comentários:

Beatriz disse...

isso me soou tão triste .-.

Unknown disse...

Ai, Mi.Sou solidária com toda sua dor.Muito me entristece que tenha sido assim e ainda seja. Doído. Amei o que vc me escreveu, vc é a mais linda irmã que alguém poderia ter. COmo pode vc ter tanta maturidade, tanta sensatez, tanto poema nas palavras. (e como vc pode cair em frias de vez em qdo?) Ah, deve ser pra não perder a graça, né. AMO VC, querida. Tudo vai se resolver.Patience.

sblogonoff café disse...

Mas não é para parecer triste!!! Na verdade, esses sentimentos fazem parte de um processo, uma aprendizagem sobre relacionamentos. Eu me mantive longe do que me causava dor, mas as sensações vieram comigo, aqui dentro e eu não as queria admitir.O tempo passou e elas ficaram lá, adormecidas. Então eu decidi enfrentar, né?! Só a VERDADE LIBERTA! Isso vale pra qualquer coisa!

Patrícia Ferraz disse...

Realmente, ao contrário do que o pessoal percebeu, achei o texto de muita lucidez. Aliás, a tristeza eu só senti no passado. O que parece é que foi escrito depois da superação ou pelo menos no período de convalescença.
“Mas agora eu consigo ver novamente as cores. O arco-íris. Os beijos voltaram a ter gosto.
Estou conseguindo parar de comparar você com qualquer outro.
Conseguindo tirar nossas fotos da bolsa.
Conseguindo diminuir o abismo que se criou entre mim e o mundo depois que decidi ficar ao seu lado.
Conseguindo esquecer de como você incendiava minha carne e meus nervos.
De como me fazia gargalhar e de como me fez chorar tanto.
Como me tornou plena e feliz com a vida e como despertou em mim o desejo de nunca ter existido.”
Esse trecho, especialmente, me faz lembrar exatamente o que é sofrer de amor. Assim a gente percebe o quanto os sentimentos são universais. Vc escreve e parece que sou eu, parece que são minhas amigas, é vc!
O amor, a dor de amor, a paixão... todo mundo sente, todo mundo vive, passa, volta. São processos. E o seu, parabéns! Vc tirou de letra! Hora de encarar novidades...
Boa sorte!

p.s.: outra grande curiosidade é conhecer o texto do Otávio que te motivou a escrever este... pobre de mim. Essa curiosidade ainda me mata!

Malaguetta disse...

meu Deus...
soou... REAL.
é que a gente tem mania de colocar a nossa felicidade nas costas dos outros.
e esuqece que pode ser feliz soh com a gente.

Otavio Cohen disse...

se de alguma forma inconsciente alguma palavra minha (de que texto? aquele dos sentimentos??) te fez não só virar a página mas mudar aquele capítulo, eu é que agradeço.
porque olhando pra trás, aidna não sei como tudo aquilo realmente aconteceu. Sabe quando a gente erra o acorde durante os styles do teclado e ele meio q muda completamente? pra mim foi isso...

Mai German disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mai German disse...

o que você me disse é verdade. agente acha que se conhece, mas se surpreende com nossos sentimentos.
as vezes tento-me controlar para não atingir negativamente as pessoas que eu amo e acabo me sobrecarregando com meus medos. ainda tenho muito a aprender sobre como conviver com eu mesma. xP
sabe, pode até ser velha, mas seus coselhos me aliviam. obrigada :)


sabe raquel, isso também me soou triste, mas acredito sim que temos que passar por esses sentimentos para conseguirmos amadurecer.

Anônimo disse...

o texto estaa super sincero
show xd
by:
w³.imensidadx3.blogspot.com

ricardo aquino disse...

Um texto muito constante, alinhado à alma, uma confissão linda e delicada. Mas eu sei que é realmente um expurgo envolvido por um exorcismo. Senti cada palavra e cada gesto seu. Cheguei a visualizá-la a escrever, a se libertar. Um dia eu gostaria de produzir seu livro para sentí-la escorrer pelos espaços mais secretos, pois "Existe uma fôrma e de qualquer forma sou quase líquida"!
Sim você é líquida!


com distinto carinho

Mariana Ornelas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariana Ornelas disse...

Para dores do coração, tempo.
Para arrependimentos, a cura.
Para traumas, Deus.
Para a fraqueza, coragem.
Para a solidao, amigos
Mesmo que estes ainda carreguem algo encasgado, que dê vontade de um reencontro ou um choro entalado na garganta de raiva , odio e saber que tu passaste por tudo que passou e que nao estava presente pra te apoiar ou lhe mandar tb ir a merda pelas escolhas q ja previa o q ia dar..... enfim ahhh .... qro falar mais nao ... nao gosto de saber alem do que soube pois nao me sinto confortavel .
Pois qdo gosto de alguem gosto e se sei de algo do tipo fico meio revoltada com as coisas e vida .
Aos que amo como amigos sao como minha família, eu posso até falar , mas nunca fale deles na minha frente ou faca algo com eles pq vai ta mexendo comigo e despertando raiva q nunca viu em mim antes.

Mariana Ornelas disse...

Para dores do coração, tempo.
Para arrependimentos, a cura.
Para traumas, Deus.
Para a fraqueza, coragem.
Para a solidao, amigos
Mesmo que estes ainda carreguem algo encasgado, que dê vontade de um reencontro ou um choro entalado na garganta de raiva , odio e saber que tu passaste por tudo que passou e que nao estava presente pra te apoiar ou lhe mandar tb ir a merda pelas escolhas q ja previa o q ia dar..... enfim ahhh .... qro falar mais nao ... nao gosto de saber alem do que soube pois nao me sinto confortavel .