segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Parênteses

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
(A Seta e o Alvo - Paulinho Moska)

É um dia comum, como tantos que vivemos.
Aterrissei minha espaçonave no telhado desse café, e mesmo que um desmoronamento possa ocorrer, fico aqui, sem medo, esperando o tempo fazer algum efeito em meus sentidos no agora.
Não vai cair. Estou sob a proteção dos deuses de Eves.
A propósito, Eves é um planeta que surgiu na cabeça do meu irmão, Jônatas.
Jônatas era um cara enigmático, aliás, é um cara enigmático. Tinha um amigo invisível (não acredito que era imaginário), o Vico. O Vico vinha do planeta Eves. Vico de Eves!
O Vico viveu entre nós. Comia, dormia e brincava entre nós. Eu sempre respeitei sua presença, embora nunca o tivesse visto. Um dia ou outro, a gente sentava em cima do Vico, então o Jônatas socorria. Para facilitar, foi destinada uma cadeira especial para ele, na mesa de jantar. Foi assim até o dia em que ele disse que teria que ir embora em sua nave. Minha mãe fez uma festa de despedida, com bolo e brigadeiro!
Convidamos alguns amiguinhos e ninguém entendeu nada do porquê daquela festa na garagem! Ninguém via o Vico.
Isso faz uns 20 anos...
Então, um dia em 2005, sonhei com um menino azul, desses de seis braços, como Shiva. Era uma época mais ou menos conturbada de minha vida. Esse menino do sonho tinha uma flauta transversal. Vê, que idéia?!
O fato foi que ele soprou meu rosto e o vento balançou meu corpo inteiro.
Ele me disse que era o Vico, nosso amigo de infância. Disse que aquela era uma mensagem de Eves para mim e que as coisas ficariam bem. E como mágica, nos dias subseqüentes, as coisas realmente ficaram bem.
Não lembro direito do rosto do menino do sonho, mas lembro que foi assim.
Desde então comecei a emanar Sopros de Eves pro mundo. Um sonho pode ser apenas um sonho, mas um desejo é muita coisa. Quando digo "Sopro de Eves", imprimo ali o desejo de que ele surta o efeito levemente mágico que teve para mim.
E quando desejo, é menos automático do que quando digo apenas "abraços" nos finais.
Bom, a explicação era para ser apenas um parêntese, todavia, parênteses às vezes se estendem, transformando-se em períodos autônomos.
Eu por exemplo, era para ser outra coisa, mas abri parênteses existenciais e acabei saindo da rota. Hoje, encostada aqui no balcão desse boteco, sou apenas fração de tudo o que poderia ter sido.
Quantas vezes conseguimos manter o plano original?
E se o alvo na certa não te espera?
Por falar nisso, ele reclamou que "Corria todos os riscos e eu deixando a porta se fechar. Queria saber a verdade e que eu me preocupo em não me machucar.” É claro que eu preocupo em não me machucar. Vocês também não se preocupam não? Até quem se arrisca e segue, pensa em não se machucar.
Foi por isso que me prometi não mais amar.
Acontece, meus caros, que promessas como esta, resultam em nada, porque o coração zomba das promessas!
E certos parênteses zombam das frases!
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Não era disso que eu queria falar...

6 comentários:

Elga Arantes disse...

Que bom que exitem parênteses...
Que bom que o coração zomba das promessas...
Que bom que podemos sonhar sonhos esclarecedores...
Que bom que explicou o quer dizer "Sopro de Even"...
Que bom que eu fiz um blog...
Que ótimo ter conhecido vc!!

Saulo Bahia Grenouille disse...

É, eu morria de curisidade sobre toda essa história de Vico, de Eves e de sopro. Nunca nem parei pra perguntar. É nisso que se resume minha vida ultimamente. Não saber ou não ter as coisas por nunca parar pra perguntar ou pedir. Estranho pensar nisso agora mas é a verdade.

Aquele texto não é uma letra, é um poema e é meu! Eu sempre busco abraços como aquele da foto nas coisas velhas que eu escrevi ou desenhei. Quase sempre dá certo, menos com meus desenhos eróticos da época eu que eu entrava na puberdade. Hehe''

Beijo!

DJ disse...

De perto ninguém, normal, é... mas alguns que deveriam estar perto numa hora dessas, tá (assim mesmo, errado!) longe! E ai, vêm os parênteses, não sabia da história, mas sempre gostei dos sopros!! Meninos azuis são diferentes de meninos de dedos verdes! E de meninos maluquinhos, ou de pequenos principes, mas são simples! Como tudo na vida deveria ser!
Sopro de Eves pra vc tb!
Namastê!

Mariana Ornelas disse...

Lá vai eu trilhar novas estradas de novo , nova cidade, novo ambiente de trabalho, novos estudos, dar uma guinada porem muito bem acompanhada desta vez e não só qdo fiz rumo a Sete Lagoas aos 16 anos... e o que eu tenho a dizer ? Medo passa ...
Só quem joga pode perder... só quem joga pode vencer. Jogue. Ou, como diria a Nike, just do it.

Anônimo disse...

Michele, adorei isso. Quando terminei de ler e reler o trecho, relí A Seta e o Alvo. Aí a gente vive o que você escreveu. As mudanças são uma realidade! Muito lindo.
Beijos sabor Sopro de Eves. Manô.

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado