quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Muito pouco

De manhã ela toma seu café quente e fresco...

Você quer sim, que eu diga palavras bonitas.
Eu sei o caminho que os seus ouvidos querem fazer.
Mas minha passagem está comprada para outro destino.
Além disso que sou, não há nada melhor que eu possa ser
sem ferir o que quero.
Sem seguir ao contrário, meio contrariada.
A verdade é mais pura dentro do meu território.
Você quer sim, que eu deixe de ler as legendas.
Eu sei exatamente as dificuldades que queremos evitar.
Sei também que nem todo atalho é seguro e mais fácil.
Aprendi com as mais belas histórias, cheias de caçadores e lobos.
Já deu pra perceber que gosto dos desvios e de subir os morros.
Você consegue me ver fora de uma confusão?!
Queria ter novos pensamentos, atrair coisas diferentes.
Mas viver é bem mais do que lei de atração.
É distração de vez em quando.
E uma falta de linearidade.
É uma antítese convivendo pacificamente com todas as teses.
O sopro que apaga as velas deve ser o mesmo que leva de mim
a mais firme certeza.
O absoluto é só um espectro.
Tudo o mais, é arco-íris.
Você diz que eu sei muito sobre tudo.
Tudo o que sei é muito pouco.
E agora?
Onde é que eu vou enfiar todos esses acentos?
Por favor, não me responda.
Certos verbos não têm lirismo nenhum...

8 comentários:

Unknown disse...

Ai, Michele. Esses são dias desleais. Não tenha medo da loucura, do escuro e da solidão. Nem do elefante branco na contra-mão (é com hífem ou sem hífem?) Se o mundo dá tantas voltas, não há tempo de olhar pra trás. Repetindo os velhos erros dos nossos pais.
Já tô com tanta saudade...Passou tão rápido...^Tô com medo de 2009....onfs!

ricardo aquino disse...

Nenhum verbo tem lirismo! Por isto, nós fartamos dos poetas! Mas eu sei, você sabe muito do muito que há para saber. Uma ideia é uma ideia,com acento ou sem acento!


com distinção de exemplares

Sheyla disse...

Mi,
Escrevestes muito ou como sempre viajei...
De qualquer modo, "viver é bem mais do que lei de atração", isso é uma das poucas coisas que tenho certeza nessa vida.
Muitas saudades!

Anônimo disse...

Mas será que evitamos mesmo as dificuldades? Ou apenas protelamos o enfrentamento com as mesmas?
A sensação que tenho é que você está entediada de ser o que é?! Os saberes que você tem não estão suprindo as suas necessidades? Tão pouco suas atitudes diante do mundo? Perdoe-me se estiver enganada!

sblogonoff café disse...

Anônimo, suponho que minha amiga borboleta, eu não disse que evitamos as dificuldades, mas que queremos evitá-la.Existe aí um verbo a mais. Com ou sem lirirsmo!
E não acho que seja tédio. É insatisfação. Muitas vezes eu sou sem querer ser. Fazemos concessões demais que adulteram a pureza, que nos torna mascarados e instisfeitos.
Fazemos muitas concessões para agradar.
E não acho tão clara assim a linha que divide a renúncia do "não enfrentamento".
Muito e pouco são antônimos.Muito pouco é quase superlativo! E nós, poderíamos ser muito, mas nem sempre somos.
Ou somos muito pouco...
É por aí.

Anônimo disse...

A linha que divide o enfrentamento da renúncia pode ou não ser tênue, depende apenas de quem está sobre ela. A velha história, conhecimento sem transformação, não passa de conhecimento, não mesmo?!

Beatriz disse...

Nunca vou conseguir um comentário a altura! Será que alguma vez você vai deixar passar sem falar alguma coisa?

Karen disse...

Nossa Mi...
Você me fez ver duas situações totalmente diferentes dentro desse poema.
Saudades.
bjs