quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sem destinatários específicos

Percebe como somos frágeis?
Ninguém resiste ao tempo, às rugas, à morte.
O corpo se definha, mesmo com o botox.
Por dentro ele envelhece e delata sua certidão de nascimento.
Percebe como somos fortes?
Entregar-se assim ao fluxo da existência requer força e coragem.
Coragem para deixar os fatos irem rumo ao passado.
Coragem para continuar aqui, mesmo sentindo saudades de quem não está, de quem já foi.
Força para não enlouquecer quando o impossível assombrar as soluções.
Percebe como somos confusos?
Com fusos horários e relógios biológicos?
Com nossas novas receitas culinárias e novas dietas infalíveis?
Com nossas noites planejadas de prazer e todos os preservativos?
Percebe como estamos famintos?
A gente não quer só comida.
Nos desdobramos por aqui, para sermos melhores ou piores.
Para enxergar melhor, profundamente, além dos olhos.
Somos metamórficos malabares.
Equilibramos coisas no ar e nos contorcemos para melhor adaptação no espaço.
Olha pra isso, somos quase circenses!
São vários os adjetivos que nos cabem.
Somos um pouco de tudo e, sobretudo qualquer coisa que queira ser.
Entenda, entretanto, que nós somos capazes.
Dentro dessa capacidade eu posso te amar sim.
Com todas a minhas forças e com toda a fragilidade.
Mesmo com os atritos e com as hostilidades que porventura tivemos.
Apesar do nosso enlevo e apesar dos pesares.
Desconheço quais as leis que fizeram cruzar nossos destinos.
O mundo é habitado por tanta gente, gente, gente, gente...
E assim, não mais que de repente nós construímos uma história.
Eu, tu, ele, nós, vós, eles.
É por isso que lhe(s) digo,
Quando nossos adjetivos se transformarem, nossas características se acentuarem, a moeda mudar seu valor, nossos ícones morrerem, os anos se passarem...
Quando não houver mais nada em que acreditar, mais ninguém para aplaudir, mais nenhum líder para eleger, ainda sim, teremos o amor.
De todas as contas, é o “noves fora” que invariavelmente resta,
que subiste onipotentemente ao zero por ser o alfa e o ômega dos atos.
É a lei maior que rege o universo inteiro, dentro e fora de nós.
É a única coisa que possuo agora e que revela em mim um mundo novo sempre que a sombra desaparece, sempre que a dor se aninha ou o desespero emerge da lagoa negra.
O amor que tenho torna tudo mais bonito.
É o amor que lhe dou. Que tenho pra lhe dar.
E eu sei que você traz em si esse mesmo amor.
E isso nos faz um só.
É a única coisa que permanece quando tudo vai.
Quando tudo é vão.

Sopro de Eves!

5 comentários:

Karen disse...

ai que coisa mais linda. Li quatro vezes, e leria mais quatro sem me cansar ou me surpreender com tanta razão nas palavras e inexatidão da vida.
sou muito abençoada por ter você e coração em minha vida, pessoas de verdade, tão complexas e tão lindas.
Sopro de Eves pra vc minha querida.
bjo

Pensamento aqui é Documento disse...

Uhuuuu!

Encerro meu horário de almoço com uma dose cavalar de sabedoria!

Tá escrito!

Beijos

Elga Arantes disse...

...e se a intenção foi um só destinatário, objetivo declinado!!

Também li várias vezes, como a Florzinha. Olha, um dos posts que mais gostei, de todos que já li aqui. Estou feliz (sem demagogia)em vir no Reino, nesses últimos dias. O jardim está florido (amor perfeito tem de sobra) e a noite bem estrelada (não sei nome de constelação que remeta ao amor, rsrs). E eu, que decidi estreitar alguns laços, falei com a Karen e com vc, ao telefone, na mesma semana.

"Porque se chamava moço, também se chamava estrada, viagem de ventania." Vai viajar com o moço, sô!

Ela disse...

"O amor é o único meio de assegurar a verdadeira felicidade, tanto neste mundo como no vindouro. O amor é a luz que guia nas trevas, o elo vivo que une Deus ao homem, que torna certo o progresso de cada alma iluminada. O amor é a maior lei que governa este ciclo poderoso e celestial, o poder sem igual que liga os diversos elementos deste mundo material"
Não sei se acertei, mas transpor todo esse amor à humanidade, nada mais é que reconhecermos nosso verdadeiro papel no mundo!
Adorei o texto! (e a visita)
beijos,
Luiza

Daniel Savio disse...

Será que conseguiremos este amor por se igualitário?

Sem conseguir idolatrar um pouco a pessoa que a gente ama...

Fique com Deus, menina Michele.
Um abraço.