segunda-feira, 29 de junho de 2009

Apresentação

É mérito de minha mãe ter despertado em nós o gosto pela literatura. Ela "saiu a semear" e deixou os cuidados sob nossa responsabilidade. Mas o que ele fez com essa semente é algo que transcende minha mais ousada pretensão de inserir o que escrevo no mundo fantástico das letras. E ele conseguiu porque ele é fantástico.
Agora eu não falo como irmã, porque seria suspeita. Falo como uma leitora, uma admiradora.
Quando eu era adolescente, ouvia Renato Russo e me surpreendia com a maneira tão profunda de ele cantar exatamente aquilo que eu estava sentindo. Eu mal sabia nesta época, que o menino que brincava do meu lado e assistia Chiquititas, seria capaz de fazer o mesmo com tanto talento.
Esse menino cresceu e tem o dom de perscrutar a alma humana extraindo dali sua essência. É de uma sensibilidade incomum, capaz de escrever e descrever os sentimentos de uma situação que nunca vivenciou e quando vivencia, ele refina e traduz em palavras que nos tocam e nos comovem. De sua janela ele observa e absorve o mundo. Como o próprio diz no Conto Quatorze: “Porque sua própria janela era uma metáfora de quem ele era. Vista de fora, apenas um quadradinho de vidro no meio do arranha-céu cinzento, imperceptível. De dentro, uma televisão multicanal, de onde se enxergava a vida.” E também : “O garoto era alguém, importante e histórico, e sua função não poderia ser mais nobre: se não fosse ele a observar a alegria dos outros, quem é que iria? Quem é que contaria histórias e inventaria fantasias sobre os moradores do prédio da frente? Deixara de deixar de viver". Mal sabe ele, que muito mais que um observador, ele é ator de uma vida muito peculiar e bonita, melhor do que qualquer seriado que assistiu.
O Otávio cresceu sem preconceitos, construindo uma visão de mundo muito sóbria e sensata, apesar de tão jovem. Ele tem 21 anos com maturIDADE. Escreve desde sempre. É a ele quem recorro quando me deparo com encruzilhadas, porque sei e confio em suas opiniões. Acho deliciosa a maneira leve como ele manifesta suas opiniões, como quando falou de sentimentos: http://meusanosincriveis.blogspot.com/2008/04/013-sentimento.html
O desenvolvimento de seu texto não pesa, tal qual um beija-flor, não se rebusca além do necessário, não se torna piegas como música sertaneja, mas sabe a hora exata de ser clímax e de encontrar emoções que estão lá dentro de nós. Percebemos isso em trechos como a carta de Eduardo à Rosa em seu Conto Dezoito: "Percebes meu desespero? Consegues ver que, de um jeito inevitável, estou completamente sujeito à tua existência? São vinte e três dias desde que te vi pela última vez. E definho em pensamentos quando me ocorre a possibilidade de que não sentes falta de mim. E me soterra a certeza. Porque nunca dependeste de meu afeto, embora eu saiba que ele lhe é caro, pela tua vaidade."
A gente se descobre em seus contos.
Aprecio também sua maneira corajosa de defender seus pontos de vista com argumentações coerentes e fortes, como neste trecho que achei brilhante: "É por isso que quem prega o conservadorismo de uma música culta ou mais sofisticada tem uma mente tão pequena quando o intervalo entre duas notas em um chorinho." consta em:
http://oteatrodevampiros.blogspot.com/2009/04/713-nick-and-norahs-infinite-playlist.html
Ele fala de coisas simples, de amores possíveis, impossíveis, platônicos, fala do tempo, pensamentos, amizade... Não consigo descrevê-lo porque assim eu o limitaria. E pra mim ele é ilimitado, é infinito. Como falar de alguém capaz de enxergar a mesma poesia em Nora Ephron e Fellini? Alguém que chora lendo um livro do Nicholas Sparks e ao mesmo tempo decora as linhas de García Marquez?
Ele, como muitos de nós, ainda está na busca da peça que falta no quebra-cabeça, mas seu pisca-pisca é eterno. Pra mim ele é o cara que na alegria ou na tristeza deixa tudo muito mais belo quando escreve com seu dom apurado de sensibilizar.
Quando sensibilizados, nos tornamos mais humanos.
Obrigada, Otávio.
Vale a pena ler:
e

6 comentários:

Daniel Savio disse...

Hua, kkk, ha, ha, irmão coruja, irmão coruja...

Hua, kkk, ha, ha, brincadeira com um fundo de verdade.

Mas o teu irmão parece bom para ler...

Fique com Deus, menina Michele.
Um abraço.

Rafael disse...

me adiciona no msn pra gente bater um papo legal :)

rafaelgalvao02@hotmail.com

desd q visitei seu blog pela primeira vz notei q vc nao tinha nada d comum

Elga Arantes disse...

Concordo plenamente!!!
Acho ele incrível.
Mas vc é também! Pra que tanta modéstia? Rs.
Mas, sério. O Otávio faz contos e fala de sentimentos como poucos. E a comparação é com os grades nomes.
Que ódio dessa família.
Beijos.

Sheyla disse...

Vou separar um tempinho para ler com carinho os contos do seu irmão.
Abs.

Malaguetta disse...

"Quando eu era adolescente, ouvia Renato Russo e me surpreendia com a maneira tão profunda de ele cantar exatamente aquilo que eu estava sentindo."

tão minha cara.
acho que escrever eh um dom da sua familia :D
vou ler os contos do seu irmão

Mariana Ornelas disse...

Colega distante , um dia ei de esbarrar por ti entre melodias cenograficas da vida para um pouco de saudade poder matar. Mato pq nao gosto do sentir e sim do reencontrar.

Dos que pouco falavam tu sempre foi talvez o único que na permanecia do silencio mais falou, só dar oi amigo por msn em muitas vezes mal sabe me confortou.

Lembranças de uma boa pessoa, alegre, culta, inteligente , de tão pouca idade e mais experiente do saber aproveitar o ja vivenciado pelos outros ao seu lado... um grande amigo me recordei , assim permanece em meu coração