quarta-feira, 7 de agosto de 2013

SILHUETA

De tempos em tempos faço acordos de paz com o espelho. E de tempos em tempos quebro as promessas.
Um dia resolvi que meu corpo seria respeitado.
Fui fazer natação.
Havia um grupo de bombeiros na mesma turma que eu. Quando cheguei, o professor perguntou o que eu sabia sobre nadar.
Eu disse: Nada
E ele disse: Nade!
E eu nadei do jeito que achei que fosse o certo e até me surpreendi quando uns dois carinhas daquele grupo de bombeiros pularam na água e vieram me puxar pra beira.
- Olhei pra eles com cara de "meu Deus, que isso?", pensando que eu deveria ter nadado muito mal para eles quererem me tirar da piscina.
E eles:
- A gente achou que você estava se afogando! Desculpa, moça.
Onfs.. Que vergonha!!! Minha primeira performance náutica e os caras pensam que estou me afogando. 
Persisti, no entanto!
Com o tempo fiz 25 metros, depois 50, 75... 
Quando eu estava quase completando os 100 metros sem parar, chegou o natal.
E se as andorinhas voltaram, eu nunca mais voltei para aquela piscina. Por 50 motivos diferentes.

Mas não desisti do movimento. Fiz comigo o compromisso de dar voltas ao redor da lagoa. Levo 45 minutos para completar 3 voltas, embora eu sempre queira ir embora na segunda volta!! O que ocorre, meus caros, é que aquela orla faz pilhagens com os cidadãos comprometidos que circulam por ali.
Tanta gente se esforçando, suando, marcando a pressão e tals e a lagoa,  cercada por suas sorveterias, pastelaria e outras rias , ri de todos, debocha dos meus derrames. Sim, sofri um derrame. Tem pele derramando sobre a calça. Derrame sabor pera!!
Se bobear, compro a Michelin. Nem precisa mudar o nome fantasia.
Mesmo assim, nesses cinco meses de caminhada na lagoa, as 6 vezes em que lá compareci foram muito válidas!! Não estou perdendo o peso, mas a disposição some rapidinho.  É impressionante.

Agora comecei outra viagem aeróbica.
É um aparelhinho completo, o tal do elíptico, que exercita pernas (coxa e panturrilha), quadril, cintura, braços e glúteos!! Porque no meu pacote tem que estar escrito: Contém glúteos!
Pensei: Movimentar esse tanto de coisa em um único aparelhinho é funcional e prático demais, gente!! E dentro de casa. É nisso que vou!

Comecei toda animadinha, tendo como meta não me esforçar demais no início.
- Vamo na humildade. Meia hora tá de bom tamanho por hoje!!
Então lá foi eu, disposta, atlética, querendo endorfina circulando dentro de mim.
E então o tempo veio me sacanear.
Estou lá no esforço gigantesco, bufando, ofegante e penso: Já devem ter se passado uns 20 minutos...
Visualizo o relógio: CINCO minutos apenas, constatei incrédula. 5?!
Quando deu 10 minutos eu queria água.
Deu quinze eu queria tempo pra descansar.
Deu 16, comecei a querer minha mãe!!
E minha personal mais que particular dizendo: Vamo, vamo, não para.
E eu já queria chorar.
20 minutos???
-  Ah, fala sério. Esse relógio quebrou. O ponteiro agarrou no 20.
- O relógio é digital, Michele.
- (...)
Naquela altura, eu já começava a ter vertigens, ter visões de primavera. Acho que cheguei a ver os ursinhos carinhosos...
Juro que se eu estivesse sozinha, teria parado, mas a personal recitava o mantra do vamo, vamo!! Só vai parar nos 30 minutos. Vamo, vamo.
Olhei de novo o relógio: 21 minutos.
Comecei a querer que a hora passasse no grito e acho que cheguei a acreditar que passaria mesmo.
Por segundos eu gritei: Passa, idiota, passa.
(Pensa, chamar o tempo de idiota...)
Por fim, deu 22 minutos.
Tirei as mãos, fiquei movimentando somente as pernas no aparelho.
Personal olhou, voltei com os braços e mãos.
23 minutos.
Parei e respirei. Manifestei meu desejo de desistir. Desejo indeferido!
Ela tirou o relógio de perto de mim.
Comecei a contar o tempo mentalmente. Quando deu 30 minutos e tive ímpetos de festejar, ouvi a frase mais intimidadora do dia:
- Continue aí. Você parou muito, perdeu o ritmo. Mais 1 minuto para compensar. Vamo, vamo.
Aí eu corri. Nó, que raiva. Aumentei meu ritmo, acelerei, quase deu um curto circuito em mim.
Quando parou, nem havia mais alegria. Saí do aparelho, disse à personal algumas palavras sem nexo, porque a língua enrolou na boca, dei alguns passos e desmaiei.
Desmaiei mesmo, que nem o cachorrinho chihuahua do meu amigo Renato depois que cruzava com uma pinscher. Ele colocava a língua pra fora e desmaiava! 
Quando recobrei a consciência, determinei que 15 minutos talvez  sejam suficientes amanhã.
Ou presenciarei o apocaelíptico!!!

7 comentários:

Tempos de Aracne disse...

Você está muito dramática. Tudo isso é uma questão de hábito, educar-se, sabe? "Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além". Paulo Leminski

Mafê Probst disse...

Gente, parece eu.
Eu tento tento tento e acabo desistindo \=

semana que vem começo de novo.


PS: adoreeeeeeeeeeeeeeei o texto. Muito bem humorado e fácil de desenrolar. Amei mesmo!

Alvaro Vianna disse...

Quando você quer, sabe fazer morrer de rir. Impagável, Mi.

Beijo

Mulher Vã disse...

Ri litros! [mas não cheguei a morrer como certas pessoas! ¬¬]

"Tempo idiota" Hahahahahahahahaha

Muito bom, deu vontade de te apertar. hahahah!

Anônimo disse...

hahahaha...
Quem sofre e passa raiva nessa história é essa tal de Personal mais que particular.
Será que a Personal conseguirá desempenhar bem seu papel?
Será que é higiênico?
Será que o elíptico é a solução pra tanta falta de disposição?
Incentivo não faltará, já força de vontade não sei né?


Status: Aguardando anciosamente os próximos EP's dessa saga!

=D

Jorge Ramiro disse...

Eu gosto de dançar. No ano passado eu fui para a Argentina para um concurso de dança, eu fiquei em alguns apartamentos em buenos aires que estavam no centro. Um lugar agradável.

Mulher Vã disse...

Voltei aqui só pra ler e rir de novo! ...passa idiota, passa. Hahaha