terça-feira, 8 de julho de 2014

Fim de expediente

Notei todas as páginas em branco em sua agenda
Agora tudo o que você fez naqueles dias, jamais saberemos.
Meu sangue ficou coagulando enquanto eu decidia que destino tomar
Mal dá pra enxergar a espessura do corte.
Acho que às vezes minhas palavras são como uma folha A4 e se não manusear corretamente, pode cortar sua pele com uma lâmina de celulose e sangrar.
No meio da rua um silêncio de mar quando recolhe as ondas.
Você desconfia do porvir e procura ficar a salvo.
Preciso preencher uma planilha e todas as palavras do mundo resolveram orbitar ao redor dos meus olhos.
É uma distração que arde e paralisa no mesmo refrão.
Se nossos olhos se cruzarem, eu não vou precisar saber de nada.
Isso do sentimento emergir como um monstro da lagoa é a nossa lenda urbana particular.
Não haverá nenhuma frase insinuante, um esconderijo de intenções entre as palavras em meu texto.
Não.
Tudo é muito preciso, como o corte em minha mão.
Estou prendendo a respiração até parar de sentir a agonia da expectativa.
Porque há chances de tudo cicatrizar, mesmo que eu não feche o caixa do dia.

3 comentários:

Mulher Vã disse...

Não tem estrelinha?? Hahahaha
Óh, se cortar com papel é tão ruim, e aquilo arde né?

Aqui também ta um silencio nervoso nas ruas, como se a qualquer momento fosse cair um temporal daqueles.
No final das contas tudo cicatriza e depois de um tempo até mesmo ela some.

disse...

Quando o mar recolhe suas ondas, só podemos observar. Nenhuma palavra vai fazer diferença. Os monstros e insinuações de nada valem. Complicado é o aguardar da cicatriz...

Anônimo disse...

Algumas percepções são mais aguçadas. "O tempo é o senhor de todas as coisas". Como discernir uma paixão de um amor eterno? É preciso se cortar, sentir o sangue pulsar e escorrer na ampulheta da existência.