O jeito que o mundo se move, parece que quer me cobrar.
Não era só te encontrar e termos filhos, salários bons, planos
de viagem, alguma beneficência e uma rede na varanda!
Precisava ter uma opinião sobre as coisas e lutar por
elas. Conquistar o impalpável.
Não era só ter um ponto de vista e decidir ler um romance
alemão.
Era suar e defender um argumento contra qualquer cristão
branco conservador que prefere impor a paz no corte mais profundo da dor dos
outros.
No fim, quem impõe a paz quer mais é vender seu produto do que
ganhar uma flor.
Parece que agora, lá fora, o Brasil é uma ilha a milhas e
milhas de qualquer lugar.
Nessa Terra de Gigantes...
A gente gosta de água de coco e futebol (eles mais que eu) e
chegam eles (os outros, mais que nós) com todo esse sangue e miséria, esses vídeos cheios de carnificina,
tornando ridiculamente tolas minhas reclamações sobre as espinhas que nascem fora
de hora no meu rosto.
Pesquiso o preço do peeling e na outra janela leio que vai faltar água.
Pesquiso o preço do peeling e na outra janela leio que vai faltar água.
Confiro a tabela do campeonato brasileiro pra ver se meu
time continua líder (e eu nunca assisto aos jogos) enquanto na página ao lado crianças morrem, a presidenta é taxada
por querer o dialogar e ao meu redor as pessoas sabem menos o que dizem e enchem
a atmosfera de palavras e discursos estúpidos que me dá vontade de comer muita
jujuba. Eu, que estou evitando doces.
Que droga, eu tenho um pensamento contrário e já não posso
mais viver no "deixa fazer, deixa passar". E olha... Eu bem que queria.
Lá no Haiti o povo come biscoito de barro e sal enquanto
aqui eu fico irritada por não ter dado tempo de ir à academia queimar toda
caloria que o supérfluo injetou em minhas ancas.
Só que do jeito que o mundo se move, após todas essas
décadas, parece uma afronta não ter nada a dizer sobre tudo, mesmo que eu mude
de ideia em outra cena ou que o acento agudo caia da ideia e dos ditongos orais e seja apenas uma cadeira na sala de estar, onde eu nunca estou.
Mas sabe, cara? Bem que os palestinos deviam considerar
fazer uma festa de confraternização e se integrar logo de uma vez como o Hamas.
Dançarem juntos e celebrarem novos tempos.
E os Turcos, os curdos, haitianos, indianos, o povo de Hong
Kong, a Dilma e o Aécio, os gremistas, eu e o Levy, o galo e o cruzeiro, nós todos!
Aff... Toda essa coisa bélica - nesse momento - para mim não
faz o menor sentido, por mais que eu me esforce para entender as
razões de cada um...
E essa razão que muitas vezes nem me serve pra nada?
Nada, não vale nada, e morre afogada por mim...
Bom mesmo é cantar, se quer saber...
3 comentários:
Tão bom que nem precisa entender.
E no fim disso tudo, depois que passar esse alvoroço, continuaremos os mesmos cidadãos que, nem sequer, exercem sua cidadania.
Contudo, ainda tem "a luz no fim do túnel", que somos nós mesmos, buscando uma mudança no mundo que deve partir de nós mesmos.
Engraçado isso né? Somos a luz e a escuridão, o movimento e a inércia, a direita e a esquerda, e sei lá, com isso tudo, ainda não somos o equilíbrio.
"E se a cada um coubesse cuidar de um coração... Outro?" (Da luta - O Teatro Mágico)
Gude bay!
GFP
Olha, belo texto, viu? Muito bom, muito bom mesmo.
Gostaria de não ficar só nos elogios, mas de contribuir de alguma forma.
Vi-me em muitos trechos.
Não gosto dessa história de ter de dar uma opinião sobre tudo e gosto menos ainda desse ódio todo espalhado por aí.
Bom mesmo seria uma festa e que, apesar das discordâncias, todos pudessem se respeitar.
Tudo que precisamos é amor, né?
Abraços =]
É uma chuva de canivetes num mundo sem guarda-chuvas.
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