sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Arranque

Amor,
Eu acordei querendo fazer uma canção que falasse do quão triste fomos
quando estagiamos no besouro que cai de costas pro chão.
As pernas frenéticas implorando por socorro ou esperando em agonia a morte paralisar tudo.
Eu dou graças a Deus por não ser mais um besouro, um tatu bola, ou um inseto de qualquer taxonomia.  Mesmo assim, para meu ser humano, parece que o mundo pesa mais em certos dias.
Deve ser a inclinação da Terra...
Ou minha inclinação à gravidade que a preguiça exerce sobre mim.
O horizonte está sempre um passo à frente da gente e o mundo é cheio de outras coisas.
Cabe tanta coisa no mundo, nas caixas, no infinito e meu pen drive já está cheio.
Como consegui lotar todos esses gigas com pastas sem nome e sem ordem?
Aí vejo as formigas...
Quando olha pra elas, eu sinto orgulho da espécie viva, que é como o movimento allegro de alguma sinfonia.  As formigas conhecem o segredo das coisas, mas não sabem o doce das coisas, o sabor das massas e das maçãs. Eu sei.
Eu tenho papilas gustativas, elas não. 
E acho que elas também não têm pâncreas, porque senão seriam diabéticas.
Mas sabe? Elas se remexem. E produzem. E constroem e caminham...
Só que eu, em dias como hoje meu bem, só pego de arranque.

Um comentário:

Alvaro Vianna disse...

Four amigas usando aspartame para manter a forma.
E a glicemia em dia.
Diabetes é grave, mas a gravidade pode ser contrabalançada com a energia do açúcar.
C12H22O11 = sacarose. Saca rose e dayse rebate, enquanto formigas as desfolham.
Açúcar com formiga faz bem pra vista, dizia minha vó.
O mundo pesa mais com lua e sol do mesmo lado. Nós também nessas noites.
Tanta via láctea e tanto açúcar dá pra fazer muito leite condensado em buracos negros.
Só as formigas sobreviverão.