quarta-feira, 20 de abril de 2016

"Emoções Superlativas"

O verbo morreu por asfixia
Provável pronúncia de alguém muito mal
Procuro o sujeito que proclame a república porque é o fim da regência verbal
Se houvesse um sujeito, o verbo doente seria paciente de outra oração
Mas provavelmente o seu predicado não tinha nem mente e nem corpo são
A frase represa, despreza as regras e foge ao problema da própria ação
Pois se propagados seus atos pregressos, será acusada de apropriação

A fuga depressa na pressão das horas, enseja uma prece, profilaxia
Se foge sozinha, sem ter complemento, dispensa a propina da preposição
Prepara a mesa, quer ver alegria, propõe convidados pra estrofe em questão
Instala objetos de focos diretos com verbos dispersos e de ligação
Pretende um lugar para paraíso
É ré e juízo no mesmo refrão
Prolata sentenças e nega autoria, alega inocência pra absolvição:
Sem corpo não há menor evidência, sem verbo na frase, não há oração
Sem propósito na fresta, a palavra é vazia, mas sobra na lavra a boa intenção
E ali sobre a mesa, o prato do dia! E pra todo dia, sobre mesóclises e rimas
A gíria, degraus acima inicia a encenação:

Não impeça meu grito, pô
A promessa era doce e se quebrou
Mas game over uma ova!
Se tu quer um crime, então prova!

Justifique o desvio sem invalidar as entrelinhas
Flexione a poesia, mas não diga que é canção
Para a frase impune, paráfrases e alegorias
não explica-se o erro sem oferecer correção

Pretende o juiz dessa causa atuar sem concordância,
Sublinha os defectivos fora da ordem natural
Sabe que no processo existem trechos em abundância
e que frase que atua sem verbo só pode ser nominal
Releva o crime, oculta o sujeito: é briga de rinha, é verde o sinal
O que aqui for real e também moralmente aceito
Que comece a fazer efeito antes do ponto final e
Que o sujeito passivo reaja e defina a última linha
Pois o verbo morreu por asfixia,
mas tomara que exista outra conjugação.

Estrelinhas para os Deolinda!