segunda-feira, 2 de maio de 2016

TERRA FIRME

O café esfria enquanto procuro lugar pra sentar.
É tarde, estou sem rede e quando é assim, fico só comigo.
Dizem que há água se movendo debaixo de toda a terra e que não há em mim nada que seja paralisado.
Todo átomo está em movimento.
Acordei com sono e precisei despertar, levantar, seguir, caminhar e sorrir.
Esses verbos são partes da vida e a vida é uma conjugação, mesmo quando o vento deixa aquela folha intacta na árvore.
Se eu chegar perto, verei seu balanço depois de se desprender do galho e quiçá, ela cairá perto dos meus pés, descendo como um pêndulo.
A despeito da folha, sinto que nos importamos mais do que outrora.
Mesmo em off, sinto que a nossa conexão cresce.
Importamos com coisas que não são nossas, e isso é bom.
Fazemos sinápses humanas e expandimos algo muito parecido com amor dentro de nós.
Embora mais frio, ainda sinto a fumaça saindo da xícara, indo pro espaço.
Perdi um segundo e não percebi onde a folha foi parar.
Parecia imóvel, mesmo assim agora já não está lá.
(...)
Temos muito a fazer e preciso aportar.
Mas... onde há mesmo terra firme?


Um comentário:

Alvaro Vianna disse...

Está sempre do lado oposto o porto. Perto e longe. Parto e não chego.
Li um bocado pelo caminho, porém.