quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Medo do Fim do Mundo

Eu tive medo do fim do mundo.
Fui uma garotinha ingênua, assombrada pelos monstros que meu irmão mais velho, Dinho, inventava, como o Carireu, por mitos folclóricos, como a Carimamba, a Mulher de Branco, o Homem do Surrão que pegava as crianças desobedientes e colocava dentro de um saco! Minha mãe era um baú de fantasias, nos deu um reino mágico, entretanto, criou para nós um universo maniqueísta. Havia o Bem e havia o Mal. Tínhamos, eu e o Jônatas, meu quase caçula irmão, muito medo do mal.
Entre as coisas que mais me impressionavam em tudo aquilo estava o FIM DO MUNDO.
Minha mãe dizia que um dia aconteceria o “alinhamento do eixo da Terra” e nesse dia o mundo ia acabar. Ela ficava cantando uma música assim: Ai de quem tiver um filho ainda por nascer... Eu tinha verdadeiro pavor dessa música. Para complicar meu medo, ela comprou um disco que o Jean Michel Jarre produziu em homenagem aos que morreram na explosão do foguete espacial Challenger. A ilustração do encarte era o planeta Terra humanificado, com as mãos na boca, como a que chamar qualquer coisa. O que a Terra está falando, mãe? Rendei-vos à grandeza do espaço, ela respondia. Havia uma música que simulava a respiração de um homem dentro da roupa de astronauta, tipo o Darth Vader. Naquela época, lembrar dessa música e do alinhamento do eixo da Terra, me fez dormir muitas vezes entre meu pai e minha mãe! Queria estar perto deles quando o mundo acabasse! Isso foi nos anos 80.
Chegou o ano 2000 e continuamos vivos, contrariando Nostradamus!
Realmente, em 2004 o eixo inclinou-se, sofremos com o Tsunami e outras catástrofes naturais, mas o mundo não acabou. Não para nós. Não no Brasil.
Hoje, não tenho mais medo do disco Rendez Vouz do Jean Michael Jarre e nem do Carireu. Hoje temo por meu filho, que há de vir um dia habitar este planeta. Temo, porque o mundo chega ao fim por outras vias, por desalinhos, não por alinhamentos. A vida humana perdeu o sentido, morre-se por nada, mata-se de graça, cobra-se para matar, negocia-se vidas, o narcotráfico contaminou a política, a corrupção assola o mundo, minha casa tem grades na janela, ninguém acredita em mais ninguém, a paz se esconde até em lugarejos, antes tão pacatos, garotinhas de 11 anos ganham bebês, o consumo de antidepressivos e outros psicotrópicos impressiona e enriquece a indústria farmacêutica. O que é o alinhamento do eixo da Terra diante de tudo isso? Quais serão seus medos, meu filho?
Quanto a mim, já não é mais possível dormir entre meus pais.

7 comentários:

Rafael Gudar disse...

Ah!!! Que bom....
Esses dias ainda tava pensando no blog. Tava com saudade das viagens interplanetárias...rsrsrs...
Legal d+

Otavio Cohen disse...

Eu ainda tenho medo do Jean Michel Jarré sim. Fora o fato de que, além de uma mãe terrorista (coitada eheheh), tinha um irmão que me fazia medo imitando aquele "ooooooooooohhhh", daquela musica estranha, uma irmã que falava que a challenge tinha explodido e as criancinhas alunas da professora que tava lá dentro ficaram chorando. sem contar ainda a vez que essa mesma irmã me contava a história do Catito, que chegava no Fim do Mundo, onde tinha um NADA gigante escrito no meio do nada, com sangue escorrendo.

eu vou ao psicanalista e a culpa é de vocês.

DJ disse...

Será que o mundo não acabou de verdade??? Seríamos fenix resurgidas das cinzas tentando rever o tempo passado???!!! Passou, já era, acabou!!! Aquele mundo realmente já era, o Fim do Mundo chegou, não viu quem não teve olhos para ver... Os demais que continuem por ai com seus tapa-olhos, viseiras e sei lá o quê...
Sei que vale a pena rever, ter oportunidade de refazer, fazer a mesma coisa de novo, assumir e reassumir ou rever...
Mesmo tendo chegado ao fim um, outro continua aí pra gente (re)fazer o que quiser...
Bem vinda de volta...
Quem sabe a gente se vê por aqui...

Phabbinho disse...

Na faculdade, por volta do 2º período, na minha primeira apresentação num seminário, nosso tema era justamente o fim do mundo, bom, entre voltas com tantas pesquisas, consultas a web. E, sob as previsões do apotecário e pretenso médico renascentista Miquèl de Nostradama - Nostradamus, apresentamos o trabalho; foi até bem visto pelo público, diga-se de passagem. O interessante nesse emaranhado todo de lembranças acadêmicas, foi de uma mensagem psicografada que encontrei na casa de minha saudosa avó, bem antiga, datilografada quase que por acaso; eu resolvi copiar e distribuir junto a uma semente de ipê roxo (representava talvez a vida, se não me engano). Nela continha os seguintes dizeres: "Muito ainda está por vir, muitos morrerão até que ressurja a paz plena no universo". Não está fiel ao dizeres de uma suposta garotinha, morta em 1874, aos doze anos de uma doença típica na época. O texto era severo, pulgente e doloroso, mas uma garotinha de doze anos sabia do que estava falando, pois ela estava sob uma nova experiência (acreditem ou não). Morte se não explica e em alguns casos justifica, sem querer ser ardiloso, mas até que exista paz no mundo, não pensemos em aberturas terrestres catastróficas, mas sim em uma abertura na mente, para a tolerância, a humildade e sublimemente no amor.

Phabbinho disse...

O horário do meu comentário não condiz com às 00:05, horário de Brasília, também conhecido como tempo convencional universal... Não é uma verdade absoluta, eis esse blog, que não registrou com exatidão, aliás surrupiou muitas horas antes...

Amanhã receberei uns amigos locais e uma descoberta recente semeada ligeiramente em terras Revenianas (cidade de Ravena)e que hoje desabrocha no meu coraçãozinho. E, só o tempo pra definir até quando ramificará. Para celebrar o momento, será servido strogonoff de frango, com uma sobremesa sem presença de glúten porque descobri a tempo que um dos convidados nada pode contra o glúten, seu corpo vira uma aberração em contato com a substância, o elemento, enfim...
Para evitar surpresas do cômico a desgraça total, vou preparar algo natural, talvez uma salada de frutas, sem iogurte porque contêm gluten, certo??!!
O strogonoff me faz relembrar uma ocasião, daquelas que não me arrependo de ter saído de casa (foi da faculdade na verdade), para vivenciar...

Espero que em outro momento, venha conhecer a nova morada, são bem vindos todos os bons de coração ou para aqueles que pelo menos se esforcem para tal.

Vou aí lavar algumas peças de roupa... Estou noturno. Bom dia!

ricardo aquino disse...

Eu tenho medo de ter medo:
medroso me tornarei?
E para sempre viverei o mito do contraltidel?
Será medo esse cuidado sem cuidado e essa porta entreaberta?
Será que ainda tenho medo
do que não for inteiro,
do que ainda basta no segredo?
Medo, medo, medo, se me chamasse Gepetto...
(daria confusão!)

Unknown disse...

pra mim basta dizer algumas poucas palavras...transposicao do rio sao francisco, 3% de agua potavel no mundo, tornados e terremotos no Brasil, ser furtada em sua casa onde o ladrao entra com chave em sua casa e apos ter escolhido o que quisera , leva e tranca a porta de novo, a hegemonia do eua se perdendo... fim do mundo?....nao sei... porem o pulso ainda pulsa